Vinte e quatro

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Era final de sábado a tarde e eu estava me arrumando para o "jantar romântico" que Gabriel havia preparado para nós. Mamãe e Daphne (que nem falava comigo) estavam no trabalho. Coloquei um vestido rosa com tecido fino e um salto alto preto. Soltei os cabelos envolta do rosto e passei uma maquiagem leve.

Usei o perfume importado que Daphne havia ganhado do namorado novo e me olhei no espelho. Sorri para meu reflexo e passei as mãos nas laterais do vestido, tirando um amarrotado imaginário dali.

Eu estava linda.

Agradeci pela Califórnia não ser gelada e cinza como Cambridge, o que me permitia usar roupas como shorts e regatas.

A campainha tocou. Fitei meu rosto nervoso no espelho uma última vez antes de pegar a bolsa e descer as escadas, indo até a porta. Meu coração palpitava alto e forte dentro do peito.

Piorou quando vi a silhueta de Gabriel na minha frente.

Estava em um terno azul acinzentado apertado e não parecia muito confortável vestindo aquilo. Seus cabelos estavam perfeitamente bagunçados para o lado e eu podia sentir seu cheiro inebriante e delirante. Apertei os lábios em uma linha fina.

—Nossa, —Disse, parecia procurar por palavras certas —Você está muito linda, Lou.

—Obrigada. Você também não está nada mal.

Ele sorriu e ajeitou a gravata, levantando o braço para que eu o segurasse.

Caminhamos pelo gramado e havia um carro preto e luxuoso parado. Um homem usando um uniforme preto abriu a porta traseira. Olhei para Gabriel, maravilhada, e ele deu de ombros.

—Boa noite, srtª. —O homem disse para mim.

—Boa noite.

Entrei no carro, Gabriel vindo logo atrás. O homem fechou a porta e deu a volta, sentando-se atrás do volante e começando a dirigir.

—Eu não esperava isso. —Falei para ele.

Gabriel sorriu e segurou minha mão.

—Ainda tem mais.

Ele se inclinou e me beijou. Era um beijo calmo e romântico, tudo ali era muito romântico.

Meu coração estava derretido e eu não conseguia me preocupar com nada que não fosse minha vontade de permanecer naquele momento com ele para sempre.

O carro diminuiu a velocidade e eu pude ver o escuro ao redor. Luzes piscantes começaram a aparecer e deram vida a um parque de diversões. O contraste da noite com as luzes coloridas fizeram eu me sentir especial.

O motorista abriu a porta e Gabriel desceu, segurando minha mão com graciosidade.

—Obrigado. —Gabriel agradeceu o motorista que assentiu e  entrou no carro, o levando para longe.

Segurei seu braço e o deixei me conduzir para dentro do lugar.

Era um restaurante vazio e pouco iluminado. Havia apenas uma mesa no meio, com velas e rosas.

Olhei para Gabriel, sentindo meus olhos lacrimejantes.

—Nunca imaginei que você pudesse fazer o tipo romântico.

—Você é romântica —Ele piscou —E um dia me disse que eu era o seu tipo.

Me lembrei da primeira vez que transamos e senti meu rosto corar. Naquele dia eu havia dito isso a ele e pensar que Gabriel pudesse ter se lembrado me fez sentir algo a mais dentro do peito.

Ele me levou até a mesa e puxou a cadeira para que eu me sentasse. Assim que ele se sentou a minha frente, três mulheres apareceram vestidas da mesma forma. Era um vestido azul que ia na altura dos joelhos, e todas as três carregavam bandejas prateadas.

Atração sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora