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Os primeiros pingos de chuva caíram no momento em que Summer Kaufmann destrancou a porta de madeira do seu apartamento e nem a música alta que explodia nos seus fones de ouvido fora capaz de abafar o som do trovão que pintou o céu cinza.

Ela se livrou dos tênis coloridos de corrida antes de deixar o livro de capa escura em cima da mesa que ficava perto da entrada, louca para retirar a legging preta apertada e a blusa suada graças a caminhada de três quilômetros e meio do Englischer Garten até o seu lugar, em Nymphenburg.

Estava prestes a subir as escadas de madeira até o único banheiro do seu apartado loft, quando percebeu o cheiro de lavanda no ar e as flores roxas em um vaso em cima da mesa que não estava lá quando ela saiu pela manhã.

Summer teria assustado se não soubesse quem era a única pessoa que tinha a cópia da chave do seu loft e que traria flores perfumadas para ela em um domingo chuvoso de agosto.

— Eu não sei se eu estou aliviada ou irritada em ver você, Summer — a voz conhecida brandou da porta de madeira ela tinha acabado de passar, fazendo-a se virar para ver a loira entrar no local. — Você não atende seu telefone, não responde às mensagens e nem mesmo olha o chat do Facebook. Eu tive que sair para tomar um ar ou iria enlouquecer te esperando aqui.

Foi a primeira coisa que Lilie falou enquanto entrou pisando forte no loft, fazendo Summer sorrir com a irritação habitual da irmã toda vez que ela se esquecia de checar o celular de duas em duas horas.

— Eu tive um dia cheio hoje, Lee — respondeu, vendo-a fechar a porta e sacudir o sobretudo preto que tinha recebido gotas de chuva. — E eu ainda tenho um monte de coisa da faculdade para fazer, mas fique a vontade. Eu só preciso tomar um banho antes, e...

— Onde você estava? — Lilie questionou, colocando as duas mãos na cintura. — Passei no café e me disseram que você só passou lá hoje cedo, liguei para Pia, mas ela está em Dresden e não fala com você desde ontem e a Ann disse não tinha tido notícias de você desde ontem depois da aula. Você quer me matar do coração?

— Você está soando como uma irmã mais velha agora...

— Porque eu sou sua irmã mais velha, Sunny, e você não sabe o quanto eu odeio quando você não atende o celular — o tom era mais brando dessa vez, fazendo a outra relaxar os ombros enquanto a observava. — Mas desculpa, eu posso ter exagerado um pouco.

Summer sorriu antes de andar em direção a irmã, envolvendo-a em um abraço apertado de quem não se via há mais de duas semanas.

Ela não estava mentindo quando dizia que tinha sido um dia cheio.

Tinha se mantido ocupada durante todo ele, andando de bicicleta pela cidade antes das oito, fazendo as compras do mês antes do meio dia, atravessando a cidade para almoçar no seu restaurante favorito e sentado na beira do Rio Isar para ler um livro em uma língua diferente da sua nativa, o que fazia seu cérebro exigir mais atenção.

Ela precisava relaxar sua mente que parecia estar a mil desde que recebera o telefonema da sua mãe dois dias antes e sabia que o cenário do Englischer Garten seria perfeito para isso.

— O que você está fazendo em Munique? — Summer questionou, arqueando as sobrancelhas. — Você tem algum cliente por aqui ou só veio me fazer uma visita?

Lilie relaxou a expressão irritada e tirou as mãos da cintura assim que Summer terminou de falar, suspirando.

No fundo, ela desejava que tivesse ido de Frankfurt a Munique só para uma rápida visita para deixar flores, colocar o papo em dia com a irmã mais nova e tomar um café com biscoitos de pistache que só as duas gostavam.

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