Epílogo: 487.

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O estádio estava bastante barulhento antes mesmo que os jogadores entrassem em campo para se aquecer.

O Südostenstadion estava completamente pintado de roxo na ocasião. Mal existia espaço para o time visitante da rodada, contido pelos milhares de torcedores do time Lila que tinham esgotado os ingressos assim que souberam que ele estaria de volta depois de um ano e quatro meses fora dos campos.

Fernando Navarro.

Nando estaria de volta ao plantel de Afonso Reina depois de 487 dias, exatos, sem disputar uma partida oficial pelo time de Munique.

Sunny não diria que tinha sido uma jornada fácil. Eles enfrentaram, pouco depois de uma rápida lua de mel que tiraram assim que trocaram alianças, dias difíceis de fisioterapia que definiria a vida de Nando para sempre.

Em alguns dias, eles choraram. De tristeza, quando a dor era maior que qualquer outra coisa e Nando tinha que parar os exercícios antes da hora, acumulando frustração e medo de ter que encerrar sua carreira mais cedo do que desejava. Em outros, de felicidade, quando ele demonstrava um avanço que seu fisioterapeuta dizia não esperar tão cedo.

Foram altos e baixos de uma jornada que os dois enfrentaram juntos. Sem nunca desistir um do outro.

Talvez esse fosse o grande segredo da relação dos dois.

— Como ele estava hoje, filha? — a voz de Viktor fez a atenção da alemã voltar ao pai, parado ao seu lado, fazendo-a sorrir brevemente.

— Não conseguiu dormir direito de noite, de tão ansioso que estava — ela o respondeu, desviando o seu olhar do campo para encarar seu pai. — Ele esperou esse dia por tanto tempo, Papa. Ele dentro dos campos é tudo o que sonhamos nos últimos meses.

— Tenho certeza que sim, sunshine.

Ela trocou um sorriso de cumplicidade com o homem ao seu lado, voltando a atenção ao gramado assim que os times foram chamados para entrarem em campo.

A doença do seu pai tinha evoluído nos últimos meses e as coisas ficaram ainda mais complicadas dentro de sua casa em Dresden. Mas ela se apegava ao que Viktor tinha dito à ela uns meses antes, antes de entregá-la no altar para Nando.

Viktor só queria que ela fosse feliz. E ela estava sendo.

Aproveitando cada oportunidade que tinha com o pai, visitando Dresden pelo menos duas vezes por mês e recebendo-o na casa que agora dividia com Fernando com mais frequência. E levando-o para assistir o Eintracht München sempre que podia. Sabendo que, mesmo que ele perguntasse algumas vezes sobre o placar e questionasse com frequência quem era o time visitante, era algo que seu pai gostava. E valia a pena responder a mesma coisa dezenas de vezes ao vê-lo comemorar animadamente um gol do seu time e um placar positivo. O que estava acontecendo com frequência naquela temporada.

— Lá vem ele — Viktor anunciou assim que o time começou a fazer sua entrada e Summer se levantou da cadeira que estava sentada, mordendo o lábio inferior ao ver os primeiros jogadores entrarem em campo.

Seus olhos azuis brilhavam e encheram de lágrimas assim que o número 10 colocou as chuteiras coloridas em campo. O estádio explodiu em aplausos e gritos animados enquanto Fernando Navarro encarava cada canto daquele lugar, sentindo o gostinho novamente de estar em campo antes mesmo que o apito inicial soasse.

E Summer não conseguiu segurar algumas lágrimas ao vê-lo, sorrindo, no telão do estádio.

Pode, pela primeira vez em tantos meses, substituir a imagem do telão das lágrimas dele que tinha visto na última partida da temporada por aquela, de um Nando sorridente, exatamente como deveria ser.

O espanhol parou, olhando exatamente para onde sabia que a sua esposa e seu sogro estariam, levantando as duas mãos e formando um coração com elas, mandando diversos beijos para Sunny.

Ela colocou a mão no peito, sabendo que mesmo com a distância ele conseguia vê-la. Vestindo uma das blusas roxas com o nome dele atrás, sendo a sua torcedora número um e a única que ele precisava para se sentir confiante em vestir suas chuteiras novamente.

Era um novo começo.

Quando o apito soou e os jogadores dos dois times começaram a correr de um lado para o outro, os olhos de Summer não desgrudaram do espanhol. Acompanhou cada jogada dele, sofreu com a bola na trave que ele mandou nos primeiros vinte minutos de jogo e sentiu seu coração parar por um instante quando ele foi ao chão.

Mas ela sabia que estava tudo bem.

E que o jogo terminaria exatamente como deveria.

Com um gol de Fernando Navarro.

Uma explosão de confetes coloridos no estádio.

E uma comemoração bastante surpreendente do número 10 do Eintracht München.


Livre interpretação para o fim, deixo a mente criativa de vocês planejarem o 'felizes para sempre' desses dois. Obrigada por todo o carinho e por terem acompanhado a transformação dessa história de uma fanfic com o Bayern para uma original com a criação do Eintracht München. Foi uma jornada incrível e eu fico muito feliz de ter tido pessoas para vivê-la comigo. Obrigada por tudo! Não há maneira melhor de fechar o ciclo que comecei lá em 2015, escrevendo as primeiras palavras de Runaway.


Com amor,
Luiza. 


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