5. Por Fin te Encontré

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Fernando Navarro tirou os fones dos ouvidos assim que Afonso Reina entrou no vestiário, com uma plaqueta em mãos e um semblante sério no rosto.

O jogador sempre gostou de ouvir música antes das partidas que disputava, usando as letras conhecidas para diminuir o nervosismo que preenchia seu corpo antes de entrar em campo.

Naquela partida específica, ele sabia que nem um show particular de Daddy Yankee seria suficiente para fazê-lo parar de tremer ou de suar de nervosismo antes da hora. Arrumava a chuteira de momentos em momentos, puxando o meião para cima sempre que achava que o tecido roxo tinha escorregado pela músculo da sua panturrilha, mesmo que ele continuasse no lugar.

— Você está bem? — Moncho sussurrou para ele enquanto Afonso dava as primeiras recomendações para o jogo do dia. — Parece nervoso.

— Estou bem — respondeu no mesmo tom, sem desviar o olhar do treinador.

Nando sabia que a atenção de Ramírez continuava nele, fazendo o máximo para controlar o ritmo da sua respiração e a inquietação do seu corpo que ele sabia que chamaria atenção de todos que estavam no vestiário. Apesar de Afonso continuar a falar, ele percebia que vez ou outra alguns dos seus companheiros levavam o olhar até ele, provavelmente se perguntando o que passava na cabeça do espanhol naquele momento.

Fernando não tinha sido a única contratação do time roxo de Munique para a temporada, mas dos cinco que haviam sido comprados, era o único que estava entre os onze titulares para a primeira partida do ano do campeonato alemão.

Fale sobre pressão...

— Cuidado com os contra-ataques, não se acostumem em voltar a bola para o Fiorentini — Afonso citou o goleiro grego, juntando as sobrancelhas. — E cuidado com o número oito sozinho de frente ao gol.

Todos assentiram ao final das instruções, começando a deixar o vestiário assim que fora permitido que eles o fizessem. Moncho apertou o ombro do amigo uma última vez antes de passar a sua frente, colocando Navarro como penúltimo na fila que entrariam em campo.

Antes que o espanhol pudesse deixar o vestiário, porém, Reina entrou em sua frente, com a camisa cinza já levemente manchada de suor e um semblante que ele sabia o que significava.

Porque era exatamente o que ele via no rosto do seu pai antes de se despedir para cada partida que iria disputar.

— Respire, Nando — Reina pediu, fazendo o espanhol tensionar os ombros. — Não é como se você nunca tivesse feito isso.

Ele estava prestes a dizer que era sim a primeira vez que ele estreava em um novo clube, já que sua primeira partida oficial no time catalão aos doze anos não contava, mas Afonso saiu do vestiário antes que ele tivesse a oportunidade de abrir a boca.

Estava sozinho ali, ou ao menos era a sensação que tinha, mesmo que todos os ingressos tivessem sido vendidos para aquele jogo e todos seus companheiros estivessem à sua frente.

Ele nunca conseguiria explicar com palavras o que era disputar uma partida de futebol, mas se tivesse que fazê-lo, falaria que era exatamente como se todas as células do seu corpo estivesse em ebulição. Como se todo seu sangue se transformasse em fogo e a adrenalina subisse em seu corpo de uma forma que ele não sabia como parar.

Como se tudo o que ocorresse dentro daquele campo fosse o mais importante de sua vida e não tivesse outra coisa do mundo que não estivesse lá. Era por isso que nas últimas duas lesões que tivera em sua carreira, Nando só tivesse percebido a gravidade da situação ao final do jogo.

Não tinha sentido nada e, de repente, tinha uma lesão grave nos adutores ou um rompimento de alguns ligamentos que os médicos não entendiam como ele não tinha chorado de dor até aquele momento.

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