A neve caía forte em Munique desde o fim de dezembro, mas a cidade ficou completamente branca entre janeiro e fevereiro.
Os casacos mais pesados foram tirados do armário e usar um só não era suficiente. Os parques da cidade ficaram desertos, assim como todo e qualquer lugar da redondeza que não desfrutava da presença de um aquecedor.
Luvas, toucas e cachecóis se tornaram ainda mais indispensáveis à medida que a temperatura caia a níveis negativos e as estradas ficaram bloqueadas pelo excesso de neve.
O inverno rigoroso da Alemanha nem mesmo se pareceu como um inverno para Summer e Fernando.
A sensação dos dois é que tinham ganhado um permanente lugar privilegiado de frente a uma quente lareira durante os dois primeiros meses do ano, quando a neve fez parte da decoração das ruas de Munique.
Aquele estranho sentimento que os envolvia era resultado da fase que o relacionamento tinha entrado.
Já não passavam pelas situações comuns ao começo de um namoro, apesar de toda a parte boa desse primórdio ter permanecido, como visitas surpresas fora de hora, mensagens carinhosas vez ou outra pela manhã e jantares românticos toda sexta à noite.
Porém, a mudança mais nítida foi o aumento da confiança e da cumplicidade entre eles, acompanhada por um crescimento inegável do sentimento que sentiam um pelo outro, cada vez mais nítido nas conversas noturnas que eles sempre gostavam de ter.
Junto com isso veio a chave do apartamento de Sunny para Fernando, uma chave reserva da casa dele para ela, uma conta especial no Das Versteck e um par de ingressos disponíveis para todo jogo do Eintracht München.
Pequenas coisas com um significado imenso por trás delas.
Mas, diferente do comum, naquela sexta à noite era Pia Schäfer que estava no loft de Summer em Nymphenburg, observando a amiga andar de um lado para o outro, nervosa.
— Okay sunshine, repita tudo trinta vezes mais devagar — Pia interrompeu a amiga, fazendo Sunny soltar uma lufada de ar. — E respire.
O número de Pia foi o primeiro que passou pela cabeça de Sunny assim que desligou a ligação com sua irmã e só precisou de poucas palavras para que a amiga soubesse que ela precisava de uma visita.
E como todas as outras vezes que emergências aconteciam, Pia apareceu na porta de Summer dez minutos depois, com dois copos de café nas mãos e um saco de Pretzels recheados.
Era o jeito que as duas tinham se discutir problemas desde que tinham se conhecido, anos antes.
— Desculpe — Summer murmurou, puxando uma grande quantidade de ar antes de continuar.
A mala a sua frente estava completamente bagunçada, bem diferente do que costumava ser em outras ocasiões. As roupas tinham sido reviradas, jogadas de qualquer jeito e provavelmente chegariam em seu destino final como se nunca tivesse visto um ferro na vida, o que a incomodaria em qualquer outra situação.
No momento, ela só não se importava. Não se importava se os pijamas estavam descombinando e se estavam juntos com as calças jeans e com os casacos.
— Lilie e Andreas estavam em Dresden para uma degustação dos docinhos do casamento e passaram na casa dos meus pais para uma rápida visita — Summer explicou, falando relativamente mais devagar do que antes. — E estava tudo ótimo até meu pai chegar da corrida diária dele e não reconhecer o Andreas.
Pia soltou o ar que nem sabia que estava prendendo, levando sua mão inconscientemente para a barriga de seis meses de gravidez, como fazia sempre que precisar pensar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sail ✅
Romans{Versão reescrita e original} Fernando Navarro nasceu para brilhar. Filho de um jogador bem sucedido, ele tinha colocado as primeiras chuteiras nos pés antes mesmo de dar os primeiros passos. Crescera na Espanha, alcançara o sucesso em Barcelona e e...