Naquela altura, nenhum som chegava aos ouvidos de Fernando Navarro.
O espanhol corria como podia atrás da bola, sentindo um puxão forte assim que um jogador que vestia branco e vermelho aproximou-se de si e, não conseguindo pará-lo, subiu a mão para seu pescoço, arranhando-o como conseguira.
Mas aquilo não fora suficiente para parar Fernando, que só tinha sua atenção na bola até o momento que uma perna cruzou seu caminho, em um carrinho mal dado que fora mais nas suas chuteiras que na bola que corria em sua frente.
Quando percebera já era tarde demais, tropeçando na chuteira colorida do adversário e caindo na grama que ficara presa nas suas mãos assim que ele as colocara no chão, para diminuir o impacto do choque.
O apito alto soou e em um instante metade do time do Eintracht München estava ao redor do juiz, pedindo por um cartão amarelo que viera depois de um ou dois gritos. O espanhol não se preocupou em brigar, levantando-se em um pulo e passando a mão pelo pescoço após sentir um forte ardor na região.
Seria uma pequena lembrancinha dos jogadores do Arsenal, na próxima semana.
— Calma, guapo — Leon Thalberg, o capitão, pediu, puxando a camisa do companheiro de time. — Você está perdendo a cabeça. As coisas não vão dar certo assim.
Nando tinha que assumir que invejava a tranquilidade que o alemão, que carregava a faixa de capitão há quase três anos do time roxo, tinha para lidar com os jogos. Não importava o placar, Leon sempre pedia calma aos seus companheiros e se focava inteiramente em não deixar um adversário sequer cruzar a sua linha de defesa.
Ele era, no momento, o principal aliado de Greco Fiorentini, o goleiro. E, naquele jogo decisivo de Champions League, estava sendo fundamental.
Afonso Reino tinha sido bem claro no vestiário: Eintracht München precisava de uma vitória para continuar na Champions League.
Empatados em pontos com o Arsenal, que no momento por critérios de desempate ocupava o segundo lugar, eles disputavam a classificação para a próxima fase da competição.
A classificação inédita.
Era tudo ou nada para os dois times que estavam em campo.
— Nós estamos ficando sem tempo, capitão — respondeu para o amigo, colocando a mão na cintura enquanto esperava os jogadores se organizassem para ele poder cobrar a sua falta, não muito depois do meio do campo. — Zero a zero, oitenta e seis minutos. Não me peça por calma.
Foi a última coisa que ele falou antes de ouvir novamente o apito do juiz, tomando distância da bola antes de chutá-la, já correndo para tentar acompanhá-la juntos dos seus amigos.
Sua cabeça estava a mil e, por mais que ele soubesse que olhar o tempo não mudaria o fato que ele estava acabando, continuava a procurar o letreiro que mostrava os minutos de instante em instante, mantendo os olhos na bola que vez ou outra voltava aos seus pés.
Mas, naquele jogo em específico, não o deixavam jogar.
Toda vez que ele se aproximava do gol, era parado brutalmente por um jogador do Arsenal que não se preocupava muito com o cartão amarelo que era levantado em sua direção. Seu meião já estava rasgado o suficiente pelas travas das chuteiras que tinha recebido na canela e sua camisa frequentemente era puxada.
Não sabia muito da técnica que o time inglês estava usando, mas tinha certeza que uma das instruções que o técnico tinha dado a eles envolvia eles não deixarem Fernando Navarro jogar.
Foi quando o cronômetro avançou para os últimos três minutos de jogo que ele pegou na bola novamente, olhando para frente enquanto procurava alguém para fazer o passe. Luka estava perto da área, mas havia dois em cima dele. Stephen era puxado por outro jogador e Moncho estava ocupado com outro, mas Maxine parecia livre o suficiente para cabecear.
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Sail ✅
Romance{Versão reescrita e original} Fernando Navarro nasceu para brilhar. Filho de um jogador bem sucedido, ele tinha colocado as primeiras chuteiras nos pés antes mesmo de dar os primeiros passos. Crescera na Espanha, alcançara o sucesso em Barcelona e e...