26. All My Love

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Quando o sol nasceu e os primeiros raios solares se fizeram visíveis pelas frestas que havia na janela do quarto do hospital, Summer já estava acordada.

Era mais certo dizer que ela ficou acordada por toda a noite, já que não tinha grudado os olhos por nenhum instante sequer, chegando de Dresden perto das quatro da manhã. Passou no seu apartamento apenas para um banho de cinco minutos e fez uma pequena parada para pegar um café forte na lanchonete do hospital antes de seguir para o quarto de Fernando.

Encontrou Diego no corredor assim que chegou e por poucas vezes o cunhado entrou no quarto onde Fernando dormia e ela estava. Tomava um café e mexia no celular, justificando a alemã que seus pais pediam atualização a cada cinco minutos e aceitou quando ela ofereceu a chave do seu loft a apenas alguns minutos do hospital para ele tomar um banho e descansar um pouco.

Nando estava adormecido quando ela entrou e ela não esperava um cenário diferente. A única coisa que fez foi tirar os sapatos que já incomodavam seus pés, deitar no sofá que Diego devia ocupar antes e se cobrir com uma manta que ele tinha deixado ali.

Passou todo o resto de noite, e o amanhecer, zelando pelo sono de Fernando. Algumas lágrimas corriam pelo seu rosto vez ou outra, mas ela só tentava ser o mais silenciosa possível enquanto o observava dormir em paz e perceber o quanto aquela imagem a trazia paz, mesmo que seu joelho deixasse claro que algo não estava certo ali.

Summer só havia mandado uma mensagem para Fernando assim que pegou a primeira saída para Dresden, pedindo desculpas e dizendo que o amava. Ela pedia desculpas porque queria estar ao lado dele durante toda a noite, mas precisava se certificar que seu pai estava bem.

Precisou ignorar todas as ligações dele que se seguiram e só relaxou quando ele mandou uma curta mensagem pedindo para ela se cuidar, dirigir com cuidado e a recordando, mais uma vez, o quanto ele a amava.

E ela soube, por aquele torpedo, que ele a perdoara por não ter voltado.

O que mais pesava, porém, era a sua própria consciência.

Sabia que Fernando a perdoaria, sabia que ele diria que não tinha problema algum ela deixá-lo para ficar com a família mas ela não se perdoaria tão cedo.

Aquela era, de longe, a pior noite de sua vida. Quando tudo de que ele precisava era ela, Sunny não pode corresponder. E isso a machucava de uma forma que não conseguiria colocar em palavras.

Ela não demorou mais que uma hora em Dresden, tendo alívio imediato assim que passou pelas portas da casa dos seus pais e encontrou Viktor sentado em sua poltrona favorita, confuso em ver a filha mais nova ali, assim como sua mãe e Lilie.

A única coisa que ela conseguiu fazer foi correr para abraçá-lo, soluçando e sentindo as lágrimas correrem pelo seu rosto enquanto fazia isso, enfrentando um Viktor confuso que demorou para abraçá-la de volta.

Depois de uma longa conversa com sua mãe ela compreendeu que ele não entendia o que estava acontecendo. Na sua cabeça, ele só tinha saído para sua corrida diária às duas da tarde e voltado algumas horas depois, sem entender que já passava das onze da noite quando alguns colegas de trabalho o encontraram vagando pelo outro lado de Dresden.

Era efeito da Alzheimer. Efeito esse que a família Kaufmann esperava que ainda demorasse uns bons anos para que aparecesse, mas que pegara todos de surpresa.

Foi, provavelmente, quando caiu a ficha do que eles realmente estavam enfrentando.

— Sunny?

A voz rouca de Fernando vez com que a alemã se levantasse do sofá em um pulo, andando em direção a cama onde o jogador estava deitado. Seus olhos pareciam fazer um grande esforço para abrir e ela imaginou que fosse efeito de algum dos tantos remédios que tinham dado para ele na noite anterior.

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