Capítulo 11

249 26 6
                                    

POV. SIMON

Não, era impossível, eu não tinha ouvido aquilo. " Como alguém poderia fazer isso com uma criança? Como alguém poderia fazer isso com ela? " eu não queria, eu não podia acreditar.

Meu coração tinha sido arrancado de mim, meu mundo tinha perdido a cor, meus olhos ardiam com as lágrimas pesadas que caiam sem nenhuma sensura, Adele estava com as mãos no rosto, ela estava vermelha, seus olhos inchados, sua boca pálida, a luz tinha dado lugar as trevas, eu não conseguia digerir aquilo tudo, cada palavra me atingiam como flecha, eu não tinha controle sobre mim, eu não me segurei, vomitei ali, naquele mesmo lugar, a mulher me olhou assustada e eu apenas a abracei, eu não tinha o que falar, palavra nenhuma no mundo conseguiria descrever o tamanho do ódio que eu estava sentindo naquele momento, eu só sabia chorar, as lágrimas da loira molhavam os meus ombros e provavelmente as minhas faziam o mesmo com o dela, eu ali era uma criança entregue, imaginando como foi para ela vivênciar tais circunstâncias.

Nenhuma palavra foi dita durante dez minutos, apenas choravamos como dois recém nascidos tirados de seu conforto, era só eu e ela ali, nada mais importava para ambos, mas eu tinha que ser forte, tenho certeza que não era isso que ela espera de mim, eu precisei juntar todos os cacos que se quebraram até conseguir formular algo que a fizesse parar de chorar por mais que o meu desejo fosse chorar até não ter mais lágrimas eu não queria a ver se entregar assim, eu não queria vê-la sofrer.

POV. ADELE

Um peso inenarrável havia sido tirado da minha cabeça e do meu coração, sabe aqueles finais de filmes de terror na qual as almas ruins saem de uma pessoa e volta para onde elas nunca deviam ter saído? Era assim que eu me sentia, eu podia ver os vultos pretos saindo de dentro de mim, eu podia sentir o meu coração sendo recostruido, porém, eu ainda sentia, eu sabia que nenhuma cicatriz é cem porcento curada, mas as marcas já não eram tão evidentes como antes, mas mesmo assim eu precisava chorar, então fiz ao terminar de cuspir todo o meu ódio.

Simon assim como eu chorava, eu diria que até mais, afinal eu já havia me acostumado com a dor mas ele estava ainda aprendendo a senti-la, o homem estava com os olhos arregalados, talvez estivesse sendo difícil para ele assimilar todas as palavras que eu havia dito, vi quando o mesmo se inclinou para frente e vomitou, eu me surpreendi pela sua reação, não esperava que ele fosse se comover com a minha declaração, por mais que eu resolvesse contar. Mas Simon me parecia nervoso, o homem me olhou e me abraçou, nesse momento eu parei de pensar, apenas voltei a chorar, agora ainda mais.

--- Eu sinto muito... Sua voz era ainda mais rouca, e era quase impossível de se ouvir. --- Eu sinto muito mesmo, eu não consigo aceitar que alguém tenha feito isso com você, eu juro que se eu pudesse eu arrancava essa dor do seu coração, eu preferia mil vezes sentir isso do que saber que você sente, me perdoe por te achar tão arrogante, eu não sabia...
O homem se entregou mais uma vez a um choro compulsivo, Simon já estava soluçando e eu estava destruída.

--- Se hoje eu sou assim foi graças a esse desgraçado que acabou com a inocência de uma criança, que germinou o ódio em meu coração... Quando cresci eu só conseguia ver no rosto dos homens aquele sorriso perverso e aquele olhar doentio daquele monstro, por anos procurei entender o que eu havia feito para ele, qual era a minha culpa nisso tudo.
Eu falava entregue às lágrimas, minha garganta doía e parecia que iria fechar devido ao nó que se formou sobre ela.

--- Você não tem culpa, não tem culpa de ter convivido durante anos com um maluco maquiavélico, nada no mundo justifica o que ele fez com você. Você era apenas uma criança, inocente e cheia de sonhos, ninguém tinha o direito de te roubar isso.

Descobrindo o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora