The Only Thing || S.M

CAPÍTULO XIV

- Pessoal, entramos em dez minutos. – Emma, uma das meninas da organização veio nos avisar no camarim.

Eu estava nesse teatro desde as dez da manhã, o que totalizava nove horas, e desde então as borboletas no meu estômago não param de fazer festinha. Eu sentia que estava a ponto de ter um ataque de ansiedade, mas minha contagem de zero e dez e meus pensamentos de que eu precisava estar sã para entrar naquele palco, aos poucos me ajudavam a me acalmar. E eu juro que eu não sabia se estava mais ansiosa pela cobrança, pela responsabilidade, por todos que estariam ali. Eu não sabia, e não era como se e nunca houvesse me apresentado, mas era a primeira vez que um lugar como esse, um teatro de verdade me recebia e eu seria a principal. Isso me assustava.

Meu reflexo estava estampado a minha frente e minha expressão era de pânico e apreensão pelo momento. Eu estava pronta, meu coque estava no seu modelo perfeito, com ele baixo e dois pequenos arranjos de flor branca na parte esquerda e direita, e meu cabelo cobria minhas orelhas, com um leve ondulado na lateral. Minha maquiagem era suave, mas eu estava mais branca que o comum, meu vestido estava impecável, branco e com seu tule volumoso; as minhas sapatilhas no seu rose mais claro, já estavam nos meus pés, com seus laços muito bem amarrados para que não houvesse perigo em solta-los. Eu podia sentir minhas mãos geladas de nervoso enquanto eu as apertava ao som dos meus fones de ouvido com a minha playlist "se afundando no abismo" cheio de músicas extremamente triste, destinadas oficialmente para o encarno da personagem.

- Todos para o palco e se colocando nas posições– A Sra. Hughes veio nos avisar, interrompendo meu momento de concentração. Era notável seu nervosismo também.

- Sky, você – ela me puxou pelo braço quando me levantei. – Quero todos eles chorando no fim da apresentação. E não caia, não faça nenhuma merda naquele palco, não faça eu me arrepender de ter te dado esse papel – ela sussurrava no meu ouvido, num tom severo.

Eu assenti e engoli em seco. Ótimo, era tudo que eu precisava.

Caminhamos até a parte detrás da cortina, eu me estabeleci na lateral do palco, ainda ouvindo a parte final de o juvenil ecoar pelo teatro. Decidi então ficar na minha posição, ouvi som dos acordes, anunciando a entrada de Matthew e o seu solo se iniciara. Ao ouvir o soar das notas tentei fechar os meus olhos, tentando focar na minha concentração, nos meus passos e no meu autocontrole.

Eu entraria apenas daqui uns oito minutos, já que as primeiras cenas seriam da rainha das willis. As willis eram espíritos das mulheres que morreram virgem, tinha uma uma rainha que as lideravam. Minha personagem, Giselle se mantou virge e se tornou uma delas, porém nessa cena não entraria. O ato era de Loren, uma das alunas da companhia, e eu entraria apenas depois do seu solo, usei esse tempo para repassar os passos e cenas na minha mente, mentalizando cada sequência.

POV SOPHIE

Alex havia passado pra me pegar para que fossemos juntos até o espetáculo de verão da companhia que a Sky dançava. Confesso que essa coisa de teatro me deixava levemente nostálgica a minha infância, já que eu dançava até os meus doze anos, quando decidi invocar na minha personalidade atual, nada ligados ao "clássico ballet".

Chegamos na recepção do local. Aparentava ser um local muito moderno, com enormes paredes de vidro que davam a visão para as ruas, com um piso lustroso emadeirado, dando um ar mais luxuoso. Alex estava ao meu lado, de frente para a enorme escada que aparentava ser de vidro. Avaliávamos o recinto, observando os detalhes cleans que davam um ar sofisticado ao local. Havia cartazes da companhia, além de um bar bem grande perto da entrada e ao olhar para cima era possível ver uns andares que deviam levar a algum lugar, obviamente. Dava para ver que era algo bem diferente dos clássicos teatros históricos.