CAPÍTULO XXV

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Eu não aguentava mais esperar essa coisa entediante de discursos políticos escolares. Estava sentada ao lado de Sophie, que analisava suas unhas pintadas num esmalte claro sem nenhum tipo de interesse no que o nosso diretor falava, e muito menos o que o nosso colega de sala contava, acho que o nome dele era Samuel. Já havíamos recebido os diplomas, aguardávamos somente a liberação para os chapéus serem jogados.

Minha amiga estava lindíssima no seu vestido justo e de alcinha, meio cintilante, todo branco, que entrava num perfeito contraste com a sua pele, seu cabelo era solto, ela havia feito umas ondas, deixando ele bem natural. Seus pés estavam montados num salto tão alto quanto o meu, só que o dela era um scarpin branco, com alguns detalhes e amarrações, ela estava muito bonita, como sempre.

- Eu estou mais do que arrependida de não ter prendido os cabelos – ela sussurrou do meu lado, se abanando com as mãos.

- Essa beca não ajuda também – eu compartilhava do mesmo calor.

Antes que voltássemos ao nosso tédio, ouvimos os parabéns aos formandos, fazendo todos os alunos do ultimo ano jogarem seus chapéus ao alto, como naquela típica cena de fim de colação de grau. Eu e Sophie nos abraçamos e cumprimentamos algumas pessoas e começamos a nos direcionar a saída, ansiosas para sair daquele salão quente.

- Deus de nazareno! Achei que fosse cozinhar – Soph resmungou quando chegamos na região externa do evento, já repleto de pessoas. – Esses saltos estão me matando – notei ela remexendo os pés no sapato, se apoiando em mim.

- Olha sua irmã, e sua mãe vindo. – apontei pras duas mulheres, extremamente elegantes que caminhavam animadas na nossa direção.

A mãe de Sophie, chamava Silvia e era a típica mulher brasileira, no auge dos seus quarenta e tantos anos, muito bem conservados. Assim como Soph e Stella, ela possuía cabelos castanho escuro longo, com um corpo de dar inveja a qualquer um; ela possuía um quadril generoso e uma cinturinha bem desenhada, eu diria facilmente que ela era uma irmã mais velha das duas garotas. Seu estilo contrastava com a sua personalidade, tão elegante quanto, hoje eu havia conhecido ela quando chegamos no local e Sophie me chamou para nos apresentar, e ela foi extremamente simpática.

O pai de Soph não havia vindo, ele e sua mãe passavam por um divórcio conturbado e não podiam se ver que já era motivo de briga, então ele mesmo preferiu ficar no Brasil, mandando uma carta extremamente carinhosa, junto com um presente de formatura lindíssimo para Sophie. A caixinha preta, naquele embrulho clichê com um laço em volta da caixa aveludada, continha um pingente para uma pulseira que Soph sempre usava e um anel de ouro branco, com uma pedra ametista bem delicada em cima, era muito bonito.

As duas belas mulheres chegaram ao nosso lado e ao longe vi minha mãe, meu pai e meus dois primos caminhando na minha direção para me cumprimentarem.

- Parabéns garota ciência – Ian debochou, me abraçando de lado.

Sim, meu primo havia vindo pra minha formatura, e só não veio seus pais e o restante dos irmãos porque os convites não foram o bastante.

- Parabéns minha filha – minha mãe sorria doce pra mim, assim como meu pai que tinha um olhar orgulhoso.

Eu havia ganhado um prêmio de honra ao mérito pelas minhas boas notas na escola, e pela parceria num projeto que eu e Alex fizemos na aula de química. Soph por sua vez, tinha ganhado uma medalha junto com as meninas do vôlei por um torneio que ela participou junto com elas no meio do ano.

Começamos todas aquelas coisas pós-formatura, as benditas fotos, e eu sinceramente já estava ficando com dor no maxilar de tanto que eu sorria. Ao meu parecer, já haviam se passado horas que a gente tirava foto, e eu passei a ter certeza disso quando avistei a turma do nono ano chegando pra sua formatura.

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