Era mais um dia harmonioso em DiLaurentis. A chuva caía pesadamente.
Semanas passaram desde o torneio e finalmente Julia havia perdoado Rose. Bem, não na totalidade mas era impossível ficar muito tempo zangado com ela.
-Princesa, tem de ir dormir! Amanhã tem que se levantar cedo para treinar e...-Julia começa, aconchegando-a na cama.
-Jules?
A velha senhora suspira ao perceber que não a ouviu minimamente. No entanto, mostra o seu sorriso maternal:
-O que queres?
-Alguma vez estiveste apaixonada?
-...sim.-Julia sorri com a memória e a rapariga faz o mesmo.-Porque perguntas?
-Apenas... tenho tudo. Dinheiro, terras, festas, navios,... E por muito mais coisas que adicione, sinto sempre que falta algo. Começo a achar... que me falta alguém.
-Estás a... abrir o teu coração a alguém?-Julia sorri mas Rose nega, chocada. Detestava ter dito aquele segredo em voz alta. Deus.
-Merda, não...
-Linguagem!-a criada protesta.-E o tal conde?
-Decidimos dar um tempo. Não gosto dele dessa forma. Vejo-o como um amigo unicamente.
-Bem, acredito que estejas a disponibilizar um lugar no teu coração para alguém. Sabes, acho que só podemos amar alguém quando estamos bem connosco mesmos. Tu estás bem, finalmente. Não escondes mais o que gostas de fazer e és aceite por isso.
-... e se me magoarem?-Rose sussurra.
-Eu dou neles.
A princesa ri com as palavras, fazendo Julia sorrir. Rose pede à criada que fique um pouco com ela durante a noite, ao que a senhora cede. Julia olha as pinturas do pai e mãe de Rose e questiona:
-Tens saudades deles?
-Como não me lembro de muito, não... mas não faz mal. Luke lembra-se.
O pequeno cão dorme na cama e Rose acaricia-o, feliz pela companhia naquela noite fria.
-A mãe, quando estava a morrer naquele quarto da frente, disse-me para ir chamar Luke. Não se despediu.
Luke disse-me que ela lhe disse que estava muito orgulhosa de mim e que me amava mas eu sei que é mentira. Eu ouvi através da porta. A mãe estava a dizer-lhe para me orientar em termos de família e casamento.Julia beija a testa de Rose, sentindo pena da rapariga. Os pais eram frios e autoritários, mas Julia sabia que se preocupavam imenso com a filha. Apenas... não sabiam mostrá-lo, especialmente com o casamento a desmoronar-se.
-Vai ficar tudo bem, Rosie. Eu sei.
Rose não tinha tanta certeza mas confiava na alma de olhos fechados. Assim, sentindo-se segura, adormece finalmente.
Mas não ia ficar nada bem. Raios, longe disso. Enquanto toda a família real, corte e aldeia dormia, o exército de Michael Clifford avançava sobre DiLaurentis, com sede de vingança.
Enormes incêndios foram causados, campos destruídos, casas vandalizadas.
Rosie sonhava profundamente, alheia a todo o caos e ódio à sua volta.
-PRINCESA! ESTAMOS A SER ATACADOS!
A rapariga sobressalta-se com o grito e criados a abaná-la e, ainda sonolenta, dirige-se à varanda, onde vê... o fim do mundo diante dos seus olhos.
-Luke.-ela murmura, agarrando Charles.
A princesa corre para fora do quarto, indo contra Julia, que chorava desesperadamente:
-R-Rosie, eles querem-na a-a si e a Henry vivos. O e-exército de Astenfer causou e-estragos e... metade do palácio está a arder e arruinado... os criados estão presos nas salas... eu não sei o que querem fazer contigo, Rosie, tenho tanto medo...
A rapariga agarra Julia pelos ombros e abana-a, tentando com que se concentre:
-Julia, preciso de ti agora. Tens de ser forte. Onde está Luke?
-A-A preparar um cavalo para si e para ele, a m-mando de Henry. Ele tem que te tirar daqui em minutos para a primeira terra segura que encontrar.
O quê?! Ela tinha de ficar e lutar!
-Onde está o nosso exército a combater?-Rose insiste.
-N-Não está! Não pôde formar-se... T-Toda a vila dormia e... estão a dizer que não vão magoar ninguém se dissermos onde estás... oh Rei d-de DiLaurentis, que Deus te tenha, ajuda-nos...
-Julia, ele está morto, está bem?! Não vai ajudar-nos, foda-se!
Rose precisa de uns segundos para ordenar as ideias mas não os têm pelo que agarra algumas armas. Julia abraça Charles, que treme, assustado.
-Vou escoltar-te até Luke. Vamos ver cada divisão do palácio, se for preciso. Vou salvá-los, Jules.
-Princesa, n-não... vão matá-la...-Julia protesta.
-Eu sou a autoridade. Promete-me que segues as minhas ordens.
-Eu ... Eu prometo.-ela garante, ganhando coragem dentro de si. Para acompanhar alguém como Rose, era necessária muita coragem e... alguma loucura.
-Segue-me.
Alguns intrusos são encontrados pelo caminho e Rose tem já os braços dormentes e feridos mas nem por um segundo Julia, atrás de si, deixou de se sentir segura.
Alguns criados foram retirados do palácio, aprisionados em salas, correndo pela sua vida para o jardim, tossindo com o fumo.
-ROSE!-Luke grita, ao avistar a princesa.
A rapariga indica um esconderijo na cave a Julia, ordenando-lhe que não saia, e vira-se, mesmo a tempo de se defender de um intruso.
-LUKE, FUJA!-Julia chora, quando alguns homens agarram Rose, que não luta mais dado um murro. A senhora bate no cavalo e este assusta-se, começando a correr.-TRAGA AJUDA!
Corpos dos criados, lutando para respirar, seguem-no até sair do palácio.
Luke sente algo pela primeira vez desde que a mãe o pontapeou para fora de casa. Sente... medo, revolta. Quer voltar para trás mas o cavalo continua a andar por um caminho que desconhece.
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Loyalty [cth] Terminada
FanfictionEm que a Princesa Rose tem que fugir dada a conquista do seu reino e o Rei Calum Hood a acolhe no seu, com uma proposta... interessante. Lealdade é difícil de encontrar, especialmente em tempos de guerra. No entanto, agora que Calum a encontrou, não...