Loyalty [cth] Terminada

15.

Rose entra no quarto do Rei, pé ante pé. Espreita por baixo da cama, dentro do armário,... sem reparar no homem, divertido.

-Posso ajudar-te?

A princesa salta, assustada, e Calum tenta manter-se sério.

-E-Estás aqui.-ela gagueja.

-Estou. O que planeavas fazer no meu quarto enquanto não estava?

Rose mantém o silêncio por uns segundos mas a sua consciência sabe que Calum merece a verdade.

-Bem, vinha roubar a tua espada.

-Para quê? Matar-me no meu sono?

-Se te quisesse morto já o teria feito.-Rosie confessa.

Calum observa-a por uns segundos e Rose sente-se embaraçada. Via isto como uma traição ao homem, que a salvara. Mas Calum confiava em Rosie, por algum motivo, pelo que lhe atira a espada.

-Comporta-te.-ele pede.

-É... pesada.

-Deus, há algo meu que não te incomode?-Calum comenta, regressando aos livros.-É o mais leve que conseguem fazer com os materiais de Jorsur.

-É Ashton que me faz as espadas e ele diz que...

-Pensei que o conde te fizesse tirar as roupas.

-Bem, ele conseguia fazer ambos. É um homem muito dotado.

-Imagino.-Calum comenta, tentando distrair-se com os livros.-Vou à aldeia ver se está tudo em ordem. Queres acompanhar-me?

-...sim.

-Certo.-Calum está surpreso.-Prepara-te rápido.

Rose é arranjada por Julia e rapidamente toma o lugar ao lado do Rei, que lhe sorri. Caminham por entre as pessoas, em silêncio.

-Esse vestido era da minha irmã.-ele informa.

-O que lhe aconteceu?

-Mali está bem. Apenas não quis assumir o poder e fugiu do reino com um artesão.-Calum conta.-Fugirias com o conde Ashton?

-Não há nada entre nós.

-Pensei que não tivesse nada a ver com isso.-ele relembra e Rose bufa por conseguir arrancar-lhe informação.-O que aconteceu?

-Tens razão. Não tens nada a ver com isso.

Jorsur era agitada mas existia uma enorme harmonia. Todos se davam bem e respeitavam.

Calum observa a princesa ajudar uma mãe que parece lutar para segurar a criança e lavar a roupa: Rose arregaça as mangas do vestido e esfrega o tecido, ganhado um sorriso e agradecimento da senhora.

Todos os aldeões pareciam surpresos, pois era uma princesa a fazer tarefas domésticas e Rose não pareceu muito amigável, mas o Rei sorri. Sorri pois sabe que Rosie não é o que aparenta ser.

-Vem cá.-a princesa chama, entre sussurros.-Não fiques a olhar para mim!

Calum apressa-se e, atrapalhado, escorrega na água, mas Rose agarra-o com ambas as mãos e... ri. O riso parece surpreender muitos, pois acreditavam piamente que a princesa estava desgostosa, e assustou outros pois... riu-se do Rei.

Este apenas a observa, esquecido de como soava o riso dela. Rose pára e olha em volta, embaraçada, acabando por sussurrar:

-Calum, desculpa...

O Rei ri também, procurando com que ela descontraia. Resulta e cedo a situação é esquecida. Ambos prosseguem, de novo em silêncio.

-Estás... zangado? Não queria que perdesses a autoridade em frente a Jorsur...

-Rose, não estou. Sou amigo do povo e é importante para mim que me vejam como um deles.-Calum explica.-Com defeitos e erros.

-Foi... o teu pai que te ensinou a governar assim?

-Bem, não. Eu era muito novo quando subi ao trono. Ambos os meus pais foram aprisionados e mortos em terra inimiga. Aprendi a ser o rei que sou hoje sozinho.-ele informa, com orgulho.

-O que te ensinaram...?

-Coisas inúteis.-Calum é duro.-Que devo ter uma postura altiva e intocável para que me temam e obedeçam. É ridículo que tenham perdido o pouco tempo que passamos juntos a dizer-me coisas que me tornariam um detestável rei absoluto.

Rose entendia as palavras de Calum e este sabia-o. Os pais dos dois focaram-se demasiado em obter mais e mais terras e poder, sendo arruinados pela ambição.

-Se tiver filhos eu dedicar-lhes-ei toda a minha atenção para crescer enquanto pessoa e rei ou rainha. Não quero se se sintam assim. Desorientados. Não desejados.-Rose explica, não sabendo bem porque confessou aquilo a Calum.-Porquê ter mais e mais terras e povos se não saberão cuidar deles?

Calum sorri:

-Exato.

-... onde me levas?

O Rei afasta uma cortina após subirem escadas por minutos. Rose abre a boca ao ver a beleza da sala e ouvir a mais bela música ser tocada.