Beta - Death of Angels 2

Capítulo 26

Hayley

"Porra, garota, eu sou o inferno de um bom professor." Peter fala, convencido, depois que eu acerto todos os alvos com a AK 47 que ele havia me dado para treino.

Era estranho não usar uma pistola, mas desde que Peter começou a me treinar com a arma, alguns dias atrás, eu consegui aprender bem rápido. Considerando que os alvos eram bem longe e eu não errei um tiro, era um bom sinal.

"Ou talvez eu apenas seja uma aluna boa demais." Digo, um sorrisinho torto no meu rosto enquanto eu olho para ele. Peter arqueia uma sombrancelha.

"Talvez... Provavelmente não." Eu rolo os olhos, mas deixo passar e entrego a arma a ele novamente. Nós estávamos atrás da casa, atirando em alguns alvos.

Tínhamos vindo logo depois de comer a pizza e acho que estamos aqui a um bom tempo, não tenho muita certeza. Sendo o último, Peter realmente acabou comigo hoje. Luta física, no que eu estou melhorando, confiança na hora da luta, os tiros, e até me soltar de uma corda em dois minutos com um canivete que eu tive que pegar com o pé. Sim, tudo hoje. O sol tinha se posto a algum tempo e eu estava extremamente cansada.

Mas, toda vez que eu tinha vacilado, alguma memória ameaçando a voltar, uma sensação ruim pelo dia de hoje, Peter afastava com uma piada sem graça ou um comentário malicioso. E, mesmo que eu apenas role os olhos, eu realmente agradecia muito por isso .

"Tudo bem, fadinha. Sério, acho que você vai arrebentar naquele teste amanhã, honestamente. Vai descansar esse traseiro gostoso, parece que você vai desmaiar a qualquer segundo." Ele diz, e eu reviro os olhos, apesar de estar com um sorrisinho que eu não pude evitar no rosto.

Faço o que ele mandou e começo a andar de volta para casa, mas, antes de caminhar muito, eu me viro para encará-lo novamente.

"Peter?" Chamo, e seus olhos encontram os meus.

"Obrigada. Por... Tudo." Digo, e não procuro por uma resposta antes de me virar e voltar para a casa.

Vou direto para o quarto que eu tinha escolhido, a última porta do corredor a esquerda. Não paro para fazer nada depois de fechar a porta atrás de mim e já começo a tirar o macaquinho suado antes de entrar no banheiro.

Pego uma blusa cinza escura que eu havia comprado com Malia e Emerald, na época que ela esteve na cidade pela primeira vez, um short jeans preto, calcinha e sutiã antes de me trancar no banheiro.

Enquanto eu estava no chuveiro, a água batendo contra a minha cabeça, eu pensava no que havia acontecido comigo nesses últimos tempos.

A um pouco mais de dois anos, eu era uma menina normal que vivia do jeito que queria, com um irmão que a amava mais que tudo. A um ano eu não tinha amigos, nem um irmão, e fingia ser completamente feliz.A duas semanas, eu era uma menina que se escondia de sua melhor amiga, de todos, a verdadeira personalidade. A uma semana, eu matei pela primeira vez.

Hoje, eu estou em Colorado Springs com Peter Young, treinando para fazer parte de sua gangue. Uma gangue, por sinal, que meu próprio pai está buscando destruir.

E, honestamente, eu nunca me senti mais perto de descobrir quem é Hayley Kahn do que hoje.

Não sei quanto tempo eu fiquei embaixo do chuveiro. Pensando, refletindo, relembrando. Em algum momento, comecei a relembrar de Harry também, e minhas lágrimas misturaram a água do banho. Mas não eram lágrimas de tristeza em seu todo. Tinham sua parcela de nostalgia, aceitação.

Saio do chuveiro embalada na toalha, soltando um suspiro antes de realmente acordar. Boto uma roupa, escovo os dentes, seco o meu cabelo e logo saio dali. Assim que entro no quarto e olho pela janela, vejo que está completamente escuro.

Meu telefone dizia ser oito horas, e eu logo boto um chinelo e saio. Desço as escadas de dois em dois, já procurando por Peter. O encontro assim que olho pelo vidro.

No gramado lá fora, havia uma fogueira, Peter sentado ao redor dela, encarando, torcendo algo que eu não podia ver em seus dedos. Ele devia ter trocado de roupa e tomado banho pois suas roupas de antes foram substituídas por uma calça de moletom e uma blusa branca, com um gorro cinza para completar.

Olho para a casa, meus olhos captando algo em cima da mesa. Caminho até lá, achando um pote... Isso era espaguete? Um pequeno bilhete vinha junto. Não esqueça de esquentar, fadinha. Vou, provavelmente, estar na fogueira. Se não... Bem, ou eu fui sequestrado ou você não irá ler esse bilhete.

Com uma risadinha, balanço a cabeça em discrença mas faço o que o bilhete dizia. Esquento o prato no micro ondas e, quando está pronto, pego minha comida e caminho para me juntar a Peter na fogueira.

Ele me ouve chegando, eu sei que o faz, mas Peter não ergue a cabeça para mim. Eu não me encontro, e apenas sento ao seu lado, comendo o meu pote de espaguete.

"Desculpa pelas comidas congeladas, Loki é o cozinheiro entre nós." Ele diz, ainda sem me olhar, e eu sorrio.

Olho para a coisa que ele torcia em sua mão, e encontro um cigarro. Não, aquilo não era um cigarro normal, era...

"Isso é maconha?" Pergunto, e Peter finalmente me olha, parecendo divertido com o meu tom de discrença. "Você está chapado?" Ele ri.

"Não agora. Relaxa, eu tenho mais para te dar depois que você terminar aí." Fala, apontando para o pote de macarrão pela metade que eu segurava.

"Eu não quero, obrigada." Respondo, sarcástica, e vejo ele rolar os olhos. Continuo comendo meu prato, até que ele está vazio.

"Ah, viva um pouco, fadinha. É apenas maconha, de qualquer maneira, e apenas uma vez. Não é como se eu fosse te dar doses e doses de heroína, calma." Ele diz, e eu me calo quando vejo que vou protestar.

Peter sorri, rouba o pote agora vazio de macarrão da minha mão e posiciona atrás de si. Meche um pouco em seu bolso, e, no instante seguinte, está me estendendo um baseado e um isqueiro.

"Se solte, fadinha. E, relaxa, não vou deixar você cair." Seu tom era rouco, sugestivo, e eu me encontro tão presa na sua voz que faço exatamente o que ele pediu. Eu acho que mataria o presidente se ele me pedisse com essa voz.

Então, eu fiz o que nós dois queríamos. Agarrei aquele baseado, dando um salto em direção a completa escuridão, apenas esperando que Peter realmente não me deixasse cair.