Capítulo 56

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Hayley

Eu não sei por quanto tempo fiquei parada ali. Eu estava chocada, e não sabia nem que tinha me movido até que eu me vejo sentada na cama. Não sei quanto tempo se passou... Segundos? Minutos? Horas?

Eu não podia mais ficar aqui... A minha cama ainda tinha seu cheiro, e eu não queria mais ficar, porra...

Apenas quando esse pensamento aparece em minha cabeça eu me mexo. Tiro o pijama que eu usava, trocando pela primeira roupa que eu vejo na frente. Acaba por ser uma calça de moletom com estampa camuflada e uma camiseta preta apertada.

Boto um chinelo, pego a minha chave da moto e o meu telefone, e saio do quarto, mais para correndo do que andando. Eu não derramei nenhuma lágrima, apesar de minha garganta estar tão apertada que eu não conseguiria falar.

Travo quando encontro Loki e Wade lá em baixo, e os dois me olham confusos. Eu não falo nada, apenas fico ali, me forçando a não chorar. Acho que Loki entende, pois se aproxima um pouco de mim.

"Malia está na casa dela... Se você precisar." Eu assenti em agradecimento e começo a andar novamente, saindo daquele lugar.

Vou para a garagem, tentando não olhar para nada além da minha moto. Dou partida e saio no minuto em que subo nela, me forçando para não cair.

Eu não sei se conseguiria abrir a boca agora sem chorar, então mantenho meus lábios selados juntos. Porra, eu também não deveria estar dirigindo de chinelo, mas isso era a última coisa na minha cabeça agora.

Dirijo direto para a casa de Malia, não querendo ir para a minha. Não quero enfrentar meus pais agora, considerando que não os vejo a um tempo. Sei que os dois vão berrar no segundo que eu pisar dentro da propriedade.

Os flashes de momentos com Peter passaram na minha cabeça, e as lágrimas ameaçam a cair de novo, mas eu me forço a me manter firme... Ele não vai me quebrar... Não vai, porra.

Paro a moto na frente da casa de minha amiga, e ela abre antes mesmo que eu bata. Provavelmente estava olhando pela janela, ou Loki lhe avisou. Ou os dois.

Eu paro quando ela aparece na porta, seu cabelo loiro preso em um coque bagunçado, camisa preta larga e grande que eu imaginei por ser de seu namorado e um shortinho de moletom cinza.

E foi só olhar para a minha amiga, que eu desmoronei. As lágrimas que eu tentei impedir desceram com tudo, e em segundos eu estava soluçando. Malia me abraçou e me puxou para dentro da casa ainda em seus braços, sem fazer perguntas.

Quando a porta se fecha atrás de mim, nós vamos até o sofá e ela me segura enquanto eu choro, deixando tudo sair. Nós não falamos nada, mas apenas o fato de minha amiga estar me segurando e sua mão em meu cabelo oferecendo conforto foi o suficiente para eu ficar agradecida.

"Aquele idiota..." Ouço M xingar, e isso me faz chorar e rir ao mesmo tempo, até que eu estou apenas chorando de novo, mais forte que antes.

Porra, ele realmente é um idiota. Mas conforme eu fechei os olhos, me deixei lembrar. Lembrar de tudo, desde o fodido início.

O jeito como ele me ajudou, mesmo quando era apenas me dando aquela maldita caixinha de cigarros que eu ainda carregava comigo. Aquele maldito sorrisinho torto, como se sempre soubesse mais que os outros, soubesse algo que eu não sei.

As suas piadinhas que mesmo quando eu rolava os olhos estava prendendo um sorriso, aquele sorriso que ele nunca falhava em arrancar de mim.

O jeito como Peter transformou dois dias que costumavam ser horríveis para mim em dias que eu vou lembrar pelo resto da minha vida... Lembrança do tipo boa.

A nossa primeira vez...

Porra, ele sabia. Peter sabia exatamente que ele seria ruim para mim, mas eu não posso lhe culpar. Porque parte de mim sabia também, mas eu ignorei. Ignorei porque mesmo que o resultado fosse ruim, o processo era tão fodidamente maravilhoso.

Certa vez, Malia me disse que se apaixonar era como voar de asa delta. Você sabia que podia cair e se machucar, mas você não se importava porque era tão bom, tão lindo, que era irresistível. Hoje eu entendo exatamente o que ela quis dizer.

"Ele foi embora, Mal... Porra." Sussurro, minha voz totalmente quebrada e chorosa.

"Eu sei, Hay... Eu sei." Ela murmura de volta contra a minha cabeça, enquanto eu chorava em seu colo.

Porra, eu queria fazer isso parar. Queria esquecer toda essa merda, e nunca mais me sentir tão fraca assim na vida.

Mas, mesmo assim, eu também não quero nada disso. Porque eu sei que esses últimos dois meses vão ser os que eu vou levar para sempre... Porque eu faria tudo de novo.

Eu não voltaria nunca para a minha vida de antes, não voltaria a ser a Hayley inocente e medrosa. A que se escondia por trás de uma fachada.

Eu gostava de quem eu era hoje. Gostava mesmo. E, mesmo que eu odeie admitir, eu não seria quem eu sou agora se não fosse por Peter Young. Se eu não tivesse me apaixonado por ele.

Mas, por mais que eu ame Peter, eu me amo também. Eu aprendi a fazê-lo. E eu não vou desistir disso por ninguém. Não vou deixar de ser valorizada para ser a segunda escolha de ninguém.

E isso incluía Peter.

"Posso ficar aqui por um tempo?" Pergunto a minha amiga baixinho, depois de muitos minutos de silêncio.

"Claro, Hay... Por quanto tempo quiser." Ela responde, e eu aceno com a cabeça.

"Obrigada, M." Respondo baixinho.

Alguns meses atrás, nós estávamos em situações opostas. Era Malia chorando e me pedindo um lugar para ficar... Irônico, de verdade.

Mas era isso que as irmãs faziam. Elas ajudavam uma a outra.

E eu posso ter perdido um irmão... Mas naquele momento, eu percebi que eu ganhei uma também.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali até adormecer. Só sei que Malia ficou comigo até eu fechar os olhos...

E sonhar com um par de olhos turquesa.

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora