Beta - Death of Angels 2

Capítulo 35

Hayley

Tudo bem, ir rápido não foi a melhor das minhas ideias. Quer dizer, foi divertido. E eu estava me saindo muito bem... Até, claro, eu cair e fazer um arranhão na minha bochecha, onde eu sabia que ficaria roxo, e deixar as palmas das minhas mãos raladas. Nada muito feio, mas foi a quebra de expectativa. Estávamos correndo a duas horas quando isso aconteceu.

"Eu te disse." Peter diz enquanto, sem necessidade, me carrega no colo de volta até onde a minha moto estava caída.

"Você não podia esperar para falar isso, não é? Aliás, sabe que eu posso andar, certo? Eu nem mesmo machuquei minha perna." Digo, e ele rola os olhos e me coloca no chão. Subimos a moto para eu sentar novamente.

"Sim, eu confesso que o primeiro pensamento que eu tive quando você caiu foi que eu podia falar que eu te avisei. O segundo foi que Malia e Loki vão me esfolar ao ver esse arranhão na sua bochecha." Ele diz, passando o dedo de leve no machucado.

Eu encaro seu rosto por um minuto, aquela vontade que eu tenho a um tempo para cá de beijá-lo aumentando. Até, é claro, que ele se afasta com um sorrisinho meio forçado. Eu podia jurar que via luxúria em seus olhos, mas ele virou o rosto antes que eu possa ver.

"Vamos voltar, fadinha, você já teve o suficiente por um dia." Eu ajeito o meu corpo na moto ao mesmo tempo que ele sobe na sua e nós damos partida em direção a casa, mais devagar dessa vez.

Eu já tinha os três cortes que Loki havia me dado ontem, junto com esse agora na minha bochecha. Em menos de vinte e quatro horas, também. É um pequeno recorde.

Dirijo até o bar, mais lentamente do que estávamos a um tempo. Eu descobri que realmente gosto da moto. Não tanto quanto carros, mas realmente gosto.

"Sabe, eu deveria realmente ficar incomodada com o fato de não existirem capacetes por aqui." Digo assim que paramos de volta na garagem, e Peter sorri para mim quando sai de sua moto.

"Talvez, mas você não vai." Eu arqueio uma sombrancelha enquanto andamos em direção ao bar.

"E por que?" Pergunto, e ele solta uma risadinha.

"Porque, bem no fundo, fadinha, você sempre foi uma de nós." Ele diz, e eu prefiro não responder. Não porque não era verdade, mas porque era. "Vamos entrar direto para o porão. Depois de cuidar desse arranhão no seu rosto, temos treino."

Concordo com a cabeça ao mesmo tempo em que entramos no bar. Malia e Loki não estavam a vista, mas eu vejo Skull e Easton no bar. Era basicamente um milagre encontrar o Greyson mais velho por aqui quando não era obrigatório. Peter caminha até eles e pega algo atrás do balcão. East franze a testa e aponta para a minha bochecha e Skull apenas encarava curioso, bebendo seu Jack. Eu dou de ombros.

"Andando de moto. Nada de mais, realmente." Digo, e um sorrisinho torto nasce no rosto de Skull ao mesmo tempo em que Peter vem para ao meu lado com uma caixa pequena na mão.

"É isso que dá ter um professor de merda." Skull resmunga, fazendo com que Peter lhe de o dedo do meio e eu solte uma risada.

Pete e eu andamos para o porão, abandonando o barulho que estava lá em cima nesses dias. Eles não brincavam quando diziam que as meninas faziam uma diferença por aqui.

Esse pensamento me lembra de quando eu dei de cara com Peter no corredor, depois de, claramente, uma noite divertida. Isso me deixou com raiva, e o fato de eu estar com raiva me deixou confusa. Deixo esses sentimentos de lado por agora.

Peter anda até a sala onde pegamos Wade assistindo Mean Girls Uma semana atrás e ele acena para o sofá.

"Senta ali, vou ver o que aconteceu na queda." Ele diz, e eu obedeço.

Sento no sofá, apenas para Peter ajoelhar no chão a minha frente. Ele era bem mais alto do que eu, então mesmo nessa posição, estávamos cara a cara. Ele abre a caixa, me surpreendendo ao ver que tinham remédios ali. Ou algo parecido.

Ele molha uma gaze com o que eu suponho que seja algum remédio e vira meu rosto gentilmente para o lado com a sua mão. A minha pele queima onde ele toca, me deixando ciente de cada pequeno movimento.

Ficamos em silêncio enquanto ele limpa, a gaze na sua mão ficando um pouco vermelha. O líquido ardia levemente, mas nada que realmente me incomodasse, então nem me mexo.

"Tira a sua jaqueta, quero ver os de ontem a noite." Ele diz, sua voz suave e não irônica ou divertida, o que era bem estranho. Mas eu não reclamo, apenas faço o que ele mandou.

Os machucados de ontem não eram muito fundos, mas ardiam um pouco. Nada realmente alarmante, então eu apenas me mantive quieta.

Ele repete o mesmo processo nos meus braços, apesar de eu não ter certeza se é realmente necessário. Quando ele acaba, continua na mesma posição, não se afastando. A tensão no quarto podia ser cortada com uma faca, nossos olhares presos um no outro.

Era incrível como alguém podia se perder naquele turquesa. As vezes, eu botava, ele ficava mais azul outras mais verdes... Outras era a completa mistura dos dois. Como agora, por exemplo. Você não podia ver onde o azul começa e o verde termina...

Mas o encanto acabou quando ele se afastou, jogando as gazes no lixo e guardando a caixa em um canto. Ele me encara com seu típico sorriso torto, que eu podia jurar que parecia forçado.

"Sabe o que, fadinha? Acho que por hoje chega. Descanse um pouco, nós começamos o treino amanhã." Diz, piscando para mim uma última vez antes de sair.

Eu solto um suspiro quando a porta se fecha atrás dele e fico parada ali por uns instantes, pensando.

Eu sabia que Peter me queria. Eu via nos olhos dele em momentos como os de um minuto atrás. E, sinceramente, desde aquela fogueira em Colorado, o clima mudou entre nós, mesmo que fingimos que não. Eu não sou o tipo de garota que fica imaginando se o cara me quer ou não, eu não sou cega.

Mas algo o prende. Ele era fodido, isso é claro. A tal garota que Malia havia me falado uma vez?

Eu me assusto um pouco quando a porta se abre, mas não posso evitar um sorriso quando vejo Wade e Malia entrando furtivamente. Eles param ao me ver, como se estivessem com medo que eu fosse delatar.

"Mean Girls?" Pergunto, estendendo o controle, e os dois visivelmente relaxam e se juntam a mim no sofá, Malia com um pote de pipoca na mão.

Sinceramente, talvez fosse isso que eu precisava. Mean Girls... A cura.