Hayley
"Me chame se precisar, tudo bem?" Peter me diz quando eu me levanto do banco, depois dele me perguntar quinhentas vezes se eu tenho certeza sobre entrar na gangue.
Eu tinha. No momento em que Loki falou aquele nome, Scorpions, eu sabia que tudo que eu estava tentando ser, a pessoa que eu estava tentando ser, era tudo besteira. Os vestidinhos de menininha, a maquiagem fofa, a aluna perfeita... Era tudo a merda de uma farsa. Tudo para agradar meus pais. Tudo que eu não era.
E entrar na gangue foi a minha fuga. Minha oportunidade de jogar tudo para o alto. Não tenho orgulho de ter matado um cara sem pensar duas vezes, muito menos de não me sentir culpada depois... Na verdade, me senti satisfeita quando Loki disse que o cara era um Scorpion. Me senti fodidamente feliz por ter matado alguém. Que tipo de pessoa isso me torna?
Eu tinha uma espécie de escuridão dentro de mim, e não me orgulho disso... Eu estou apenas cansada de afastá-la. Porque, quanto mais eu afasto a escuridão, mais atraente ela se torna. Eu não sei se isso faz o menor sentido, mas é verdade. O quanto mais eu dizia a mim mesma que era uma garota certinha, que estudava porque queria e coisas assim, mais eu queria lançar tudo para cima e fazer o que eu realmente queria, mesmo que não soubesse o que era isso.
Então, sim. Eu queria estar na gangue. Eu queria achar os filhos da puta que mataram meu irmão. Eu queria esse treinamento. Eu queria fazer parte de algo.
Deixo Peter atrás do balcão e vou explorar. Não achei que eles deixariam, por toda a coisa de confidencialidade e tals, mas Peter não falou nada enquanto eu descia em direção ao porão. Eu olho para trás, olhando para ele, meio que esperando que ele diga que eu não posso entrar... Mas ele não o faz. Muito pelo contrário, na verdade. Ele apenas me envia seu sorrisinho torto e balança a cabeça, como se estivesse me encorajando a continuar.
Desço as escadas, e dou de cara com o que parecia uma sala de treinamento. O ringue no meio dava essa ideia, pelo menos. Facas, armas, socos ingleses, arcos e flechas... Todo o tipo de arma que você podia imaginar estava naquela sala.
Sem conseguir impedir a mim mesma, ando ao redor, encarando as paredes onde as armas estavam penduradas. Além das armas nas paredes, eles tinham caixas ao redor da sala que também estavam cheias de arma até o topo. Porra, eles tinham até katanas. Uma espécie de bastão, com serras de facas afiadas em cada ponta estava pendurada em uma das pontas do quarto. Eu caminho até a arma, e não consigo evitar passar os dedos.
"Cuidado com essa daí..." Escuto uma voz rouca atrás de mim, e me viro rapidamente, coração acelerado com o susto. Suspiro de alívio ao encontrar um Peter sorridente logo na minha frente. Ele parecia estar se divertindo com o fato de que eu nem escutei ele descer. "A irmã de Loki, Elizabeth Andrews, deixou esse bebezinho para trás. Aposto que voltará por ela um dia, porém." Ele diz, e eu franzi a testa.
"Loki tem uma irmã?" Peter eu, balançando a cabeça.
"Adotiva, mas sim. Ela está em uma missão. Bem, estava. Mas não vai voltar." Apesar de estar sorrindo, vejo uma pitada de dor com essa afirmação, então decido não explorar o assunto.
"Então, esse lugar é..." Começo, mas Peter me interrompe, se afastando e olhando ao redor.
"Sala de treinamento. Aqui é onde nós aprendemos a fazer o que quer que for necessário pela gangue, onde aprendemos a ser malditas máquinas de matar. E é onde você vai aprender também." Eu sei que deveria estar correndo depois dessa afirmação. Qualquer pessoa em sã consciência estaria, eu suponho. Mas, isso apenas enviou uma onda de excitação pelas minhas veias... Eu não acho que me qualifico no grupo de pessoas em sã consciência.
"E aquela..." Ele aponta para uma das quatro portas fechadas que tinham espalhadas ao redor da sala. Ele anda até lá, e eu o sigo. Apenas continua a falar depois que abre a porta. "É a sala onde a doce tortura acontece. Você, provavelmente, não vai entrar muito aí."
Era apenas uma sala normal, sem janelas, completamente cinza, onde tinha uma mesa no canto, uma cadeira no meio, e duas correntes penduradas no teto. Eu resolvo não perguntar sobre essa sala em especial.
Passamos para a porta ao lado, e Peter abre a porta, sem entrar, mas me dando uma visão completa do lado de dentro. Tinha outra porta dentro daquela sala, e uma enorme janela. Parecia com aquelas salas de interrogatório que nós víamos em filmes policiais. Tinham alvos na parede, uma mesa na ponta e uma cadeira no meio.
"Sala dos testes. Onde você vai fazer seu teste para entrar." Ele sussurra em meu ouvido, e eu engulo em seco, mais afetada por sua proximidade do que qualquer outra coisa.
Me apresso para a próxima porta, do outro lado da sala, e quase posso ouvir Peter soltar uma risadinha atrás de mim. Ele abre a porta da próxima sala. Está, tinha apenas uma grande mesa no centro, com cadeiras ao redor. Apenas isso.
"Sala de reuniões. Mas não usamos muito, já que normalmente Tate apenas expulsa todos do bar e nós conversamos lá em cima. Usamos mais para tortura quando a outra sala já está cheia." Ele diz com tanta tranquilidade que é até um pouco cômico. Nada de mais, apenas mostrando a uma garota nossa sala de tortura.
Quando passamos para a próxima e última porta, Peter suspira. "E essa é a sala de..." Ele abre a porta, e para de falar assim que encontra a pessoa lá dentro. "Merda, Wade!"
Wade estava jogado no sofá, com um pote de pipoca no colo assistindo televisão. A sala tinha apenas isso, uma mesa na ponta, onde tinha algo que parecia uma máquina de fazer pipoca, um sofá e uma TV. E eu tinha quase certeza que o menino estava assistindo Mean Girls. Ele arregala os olhos assim que vê Peter na porta.
"Merda, merda, merda..." Peter murmurava ao entrar, e desligar a TV. Vejo ele mexer com os cabos, e tenho quase certeza que ele quebrou algo. Wade apenas o encarava, e eu olhava a cena.
Enquanto Peter mexia na TV murmurando maldições, Wade aproveita para sair correndo. Peter fica de pé e bufa, assistindo o amigo fugir. Eu o encarava confusa.
"Maldito filho da..."
"O que acabou de acontecer?" Pergunto, e Peter me olha como se tivesse acabado de lembrar que eu ainda estava ali. Ele bota a mão no cabelo, bagunçando de um jeito sexy.
"Wade é viciado em Mean Girls." Ele diz, sério. Eu fico o encarando por um segundo, tentando realmente descobrir se ele fala sério. E caio na gargalhada.
Bem, ninguém podia acusar eles de serem monótonos.
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Beta - Death of Angels 2
RomansaQuando você pensa em um ideal de adolescente, o nome Peter Young certamente não vai aparecer na sua cabeça. Nunca. Fazer parte de uma gangue meio que acaba com essa possibilidade. Mas sabe quem é o adolescente perfeito? Hayley Kahn. Ou pelo menos er...