Capítulo 37

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Peter

O policial barbudo na minha frente, cujo rosto estava tão vermelho de raiva que parecia estar a momentos de explodir, respira fundo para tentar se controlar, enquanto o sorrisinho no meu rosto apenas cresceu.

Eu estava em uma daquelas salas de interrogatório que vemos em filmes, sentado em uma cadeira, com meus pulsos algemados apoiados na mesa a minha frente. Barbudo estava sentado na minha frente, do outro lado da mesa.

"Para onde você ia dirigindo setenta quilômetros acima do permitido, bêbado, com as facas que achamos em seu carro, Sr Young?" Ele pergunta, pelo que deve ser a décima vez, e eu finjo estar pensando.

"Eu não me lembro de nada disso, policial... Eu estava bêbado, como o senhor disse." Respondo, e eu posso ver que ele fica com mais raiva ainda.

"Responda a pergunta, garoto." Rosna, e eu sorrio mais. Isso parece irrita-lo ao extremo. Ótimo. Esse policial estava puto desde o momento que eu estendi a minha mão e ele viu as algemas tatuadas no meu pulso. Tenho a impressão que já nos conhecemos antes.

"Ah, lembrei agora... Eu estava indo visitar a minha avó, policial. Uma senhora muito simpática, realmente. Rose Young." Respondo, fingindo sinceridade.

"Eu não acho que você levaria facas para a casa da sua vó, faria, garoto?" Ele pergunta, já perdendo a paciência, e eu me dobro mais para frente na mesa.

"Aí que você se engana. Você vê, são facas de cozinha. Rose adora colecionar várias dessas." Digo, e vejo o policial apertar suas mãos em punhos. Ele estava puto.

"Não nos faca perder tempo aqui, Young." Ele diz, e eu sorrio mais. Mas isso está tão divertido...

"Não sei do que está falando, policial." Barbudo suspira e se levanta da cadeira.

Apoiando as duas mãos na mesa, ele aproxima seu rosto do meu, parecendo tentar soar ameaçador. De onde eu estava, porém, só deixou a situação mais divertida. Deus, eu adorava isso.

"Você tinha facas no seu carro, Peter. Armas de verdade. Eu quero saber o que você estava planejando fazer com elas." Ele diz, e eu solto um suspiro dramático.

"Tudo bem... Eu vou falar a verdade." Digo, e ele parece aliviado. Se senta novamente, fazendo sinal para eu continuar com a mão. "Vovó Rose queria ajuda para abrir uma lata de sardinha."

Ele parece estar a dois segundos de me atirar para o outro lado da sala, e eu tenho que reprimir uma risada alta. Isso era muito divertido. Tenho que me lembrar de fazer isso mais vezes.

Barbudo parece se controlar o suficiente para falar comigo.

"Sabe, Sr Young, nós ficamos cientes de uma gangue na cidade..." Eu arqueio uma sombrancelha, como se tivesse perguntando do que ele está falando. Eu sabia que as autoridades estavam doidas atrás da gente. Foi bom eu não ter saído com a minha jaqueta, para falar a verdade.

"Sério? Em Wichita? Nunca imaginei." Respondo, cínico, e ele acena com a cabeça, mesmo que eu saiba que ele não acredita em mim nem por um segundo.

"É. Eles vem nos causando bastantes problemas..." Diz, voltando para aquela posição em que espalma as duas mãos na mesa e se aproxima do meu rosto. Eu faço cara de entediado. "Só sabemos duas coisas sobre eles, garoto. O seu símbolo e que eles falam latim, de acordo com uma testemunha."

Testemunha? Nós não deixamos testemunhas. Não altero meu rosto, porém. Loki vai gostar de saber disso... Teríamos que cuidar do problema.

"Interessante, de verdade... Desde que latim é uma língua morta e tudo mais." Digo, com meu sorriso torto no rosto. O policial semicerra os olhos.

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora