Capítulo 23

6.2K 523 12
                                    

Hayley

"Sério?" Pergunto a Peter com uma sombrancelha arqueada. Ele me envia um sorriso torto enquanto fecha uma mão ao redor do volante.

"O que? Quer trocar de carro?" Pergunta, e eu imediatamente nego com a cabeça. Estar em sua 'baby doll', como ele tinha chamado, era bem foda.

"Nope. Esqueça." Ele sorri mais ainda e dá partida no carro. "Aliás, aonde estamos indo?"

A porta da garagem se abre, e Peter sai com sua Bugatti Veyron. Honestamente, estar nesse carro foi sempre um fodido sonho. Quero dizer, uma Bugatti Veyron. Baby Doll é bem adequado, se pensarmos sobre isso.

"É uma surpresa." Responde, e sorri mais ainda quando eu lhe fulmino com o olhar. "Vamos lá, fadinha... Viva um pouco."

Eu rolo os olhos, mas tenho que reprimir um sorriso. Era estranho, estar sorrindo hoje. Um ano atrás, exatamente, eu estava fingindo que me sentia bem, que meu coração não estava despedaçado. Hoje, meu coração ainda está despedaçado, mas por um segundo, um pequeno segundo, eu esqueço disso. Se Peter era capaz de fazer isso, tenho que mantê-lo perto por um tempo. Essa ideia me assusta.

Peter dirige mais rápido que o limite permitia, mas eu não reclamo. Na verdade, era bem libertador. Ele abre o conversível, o que torna isso ainda mais libertador.

"Hey, fadinha?" Peter chama, e eu me viro para encará-lo. Ele estava com sua jaqueta da gangue, o que eu não esperava que causasse problemas, considerando que estávamos saindo da cidade. Seu cabelo estava uma bagunça muito sexy, e por um instante, eu me pego pensando como seria agarrar. Afasto o pensamento.

"Yeah?"

"Ainda tem aquela caixinha de cigarros que eu te dei? Esqueci a minha no bar." Eu assinto, e procuro a caixinha na minha bolsa. Eu carregava para todo lugar, apesar de nunca realmente usar.

Ele me envia aquele sorriso torto quando lhe dou um cigarro, seus olhos turquesa se enchendo com diversão.

Logo alcançamos a estrada, já que o bar era na pontinha da cidade, e Peter acelera mais ainda, ficando sempre acima do limite. Quase tenho que me conter para não rolar os olhos com isso. Era como se quebrar as regras fosse um tipo de regra, o que era bem contraditório.

"Você não vai me contar aonde estamos indo até que realmente cheguemos lá?" Pergunto, e ele apenas troca de mão, descansando a mão esquerda na porta.

"Yep, praticamente." Rolo os olhos.

"Tudo bem, apenas me diga aonde vamos ficar? Com um amigo ou..."

"A gangue tem propriedades ao redor de todos os Estados Unidos, fadinha. Algumas até fora. Vamos ficar em uma delas." Explica, e eu aceno, me sentindo surpresa.

Tudo bem, não é que eu esperava que a gangue fosse pequena ou até pobre, mas propriedades ao redor dos EUA? Até fora? Isso era grande, e custava bastante dinheiro.

Depois de quase uma hora de viagem, meu telefone toca. Eu me surpreendo até pelo fato de ter demorado tanto quando vejo o nome de Malia no visor.

"VOCÊ PLANEJAVA ME CONTAR QUE FEZ UMA VIAJEM NO MEIO DO NADA COM PETER?!?" Eu tenho que afastar o telefone do meu ouvido com o grito que minha amiga deu, e isso faz Peter soltar uma gargalhada.

"Eu nem sabia que estávamos fazendo isso, okay? Jesus, calma." Respondo, e sei que amaldiçoar no final foi um erro.

"Calma? CALMA?!?..." Eu desisti de ouvir e afasto o telefone completamente, deixando que ela fale. Peter me encara sorridente.

"Me dê o telefone, vou falar com ela."

"Está louco? Não vou te dar o telefone com você dirigindo a mais de cento e cinquenta quilômetros por hora, Peter." Digo, e foi sua fez de rolar os olhos.

"Tudo bem, então bote no viva voz." Eu bufo, mas faço o que ele mandou.

"... E você ainda não me fala? Sério?" A voz de Malia soa pelo carro, e Peter tem que fechar o teto para que o barulho fique baixo.

"Imperiosi, se acalme, sua amiga está bem." Peter tenta, mas o sorriso em seu rosto ainda entregava o quanto ele estava se divertindo com isso tudo.

"Bem?! Como nos infernos eu vou saber que você não vai molestar a menina assim que eu desligar? Assediar a coitada?" Eu não consigo conter uma gargalhada assim que ela fala, e posso ouvir minha amiga bufar.

"Assediar? Molestar? Estou realmente ofendido que é isso que você pensa de mim. Loki está com certeza mechendo com sua cabeça. Sabe aquela oportunidade incrível que eu sempre te dei para você fugir comigo? Acabei de retirá-la! Agora você está presa com aquele ser humano horrível e feio com um graveto que ele chama de pau." O sorriso de Peter tinha ido embora, e ele parecia realmente chateado, se não fosse pelo fato de seus olhos estarem nadando em diversão.

"Eu ouvi isso, filho da puta!" Uma voz irritada, que eu ouvi sendo a de Loki, grita no telefone enquanto Malia, que esqueceu sua irritação, ri alto.

"Desculpa, amigo, mas é verdade." Peter diz, dando de ombros mesmo que eles não pudessem vê-lo.

"Como você saberia?" Pergunto, provocando, e ele me olha abrindo seu sorriso torto. O fato dele desviar o olho do trânsito por um minuto sequer não me incomoda, estranhamente.

"Ah, eu e Loki tínhamos uma séria relação antes da senhorita Denver entrar e estragar tudo." Ele diz, e eu rio alto ao mesmo tempo que Malia o faz.

"Tudo bem, chega! Tchau, babaca!" Loki fala pelo telefone, logo antes de terminar a ligação. Eu ainda ria.

"Você é cruel." Brinco quando consigo parar de rir, secando as lágrimas do meu olho. Peter apenas sorri, ainda olhando para frente.

"E você sabia desde o começo. Na verdade, fadinha, se estivermos sendo honestos... Eu acho que você até gosta."

Merda. Era realmente estranho o fato de Peter saber o que eu estava pensando, antes mesmo de eu perceber. Ele estava certo, eu meio que gostava desse novo lado da minha vida. Era estranho, claro, mas um estranho bom.

E nada nunca me assustou tanto quanto perceber isso.

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora