Capítulo 16

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Hayley

O olhar de Peter era frio e travesso, e eu suspeitava que ele estava em seu modo beta. Vamos te transformar em uma Death of Angels. Qualquer dúvida que eu tinha, naquele momento desapareceu com a onda de animação nas minhas veias. Eu queria isso. 

Peter anda para a ponta atrás de seu corpo no ringue, e pega algo. Quando se vira, vejo que ele tem uma pistola 9mm na mão. Tudo bem, acho que vamos começar fácil. Ele se aproxima e estende para mim. Pego sem hesitar, aceitando o conforto que ter uma pistola na mão me trás.

"Vamos começar apenas com o que você já sabe hoje. Apenas espere um pouquinho..." Eu franzi o cenho quando ele começa a contar até três. No exato momento em que acaba, percebo o que ele estava esperando.

"Cheguei! Desculpa pela demora!" Me viro para encontrar um Wade sem camisa subindo no ringue. Ele usava apenas uma bermuda preta. O que esses caras tinham com camisas?

"Wade vai apenas assistir, já que insiste que vocês dois tem uma conexão, por conta das armas." Peter explica, rolando os olhos, e eu encaro Wade, que pisca para mim. Solto uma risada. "Vamos começar, certo?" 

Peter e Wade ficam sérios, e eu percebo o quanto essa gangue é importante para os dois. Assim que os assuntos importante apareciam, eles acionavam seu modo gangster. Ou, pelo menos, era assim que eu levava as coisas.

"A pistola na sua mão está descarregada, Hayley. Quero que você tire o cartucho, troque para o que eu vou lançar para você e atire até acabar a munição naquele alvo ali." Peter indica um alvo preso na parede a minha frente, e eu assinto. "Tenho dois cartuchos comigo. Vamos fazer isso com os dois, está bem?"

Assim que eu concordo, ele tira um cartucho do bolso da bermuda e joga na minha direção. Pego sem hesitar e rapidamente troco a munição, carregando a arma, destravo e começo a atirar. Todas as balas vão exatamente no mesmo ponto, no centro do alvo. 

Mas Peter não me dá nem tempo de respirar antes de jogar o outro cartucho. Repito o processo que fiz anteriormente, me atrapalhando um pouco com a munição, e atiro. As balas, novamente, atingem apenas o centro. Sorrio levemente e encaro Peter. Seu rosto estava desprovido de emoções, apenas me olhando.

"Você tem uma mira perfeita, isso é certo. Mas perdeu tempo destravando a pistola e temos que melhorar seus reflexos." Eu assinto, concordando com as críticas. Eu não tinha muita experiencia em atirar dessa maneira, rápido, me preocupando com o tempo que irei perder. Então, sei que Peter apenas diz isso porque é verdade. Vejo Wade apenas encarando do meu outro lado, como o amigo disse que faria. "Sei que nunca viu dessa maneira, mas qualquer pequeno deslise conta, fadinha. Sua arma tem que estar destravada na hora de uma luta. Na hora da luta apenas, não quero você atirando pelos lados sem querer." Eu sorrio, e vejo uma faísca de humor em seus olhos, apesar de ele não estar rindo.

"Vamos tentar com o alvo se mexendo dessa vez, fadinha. Mesmo procedimento." Ele diz enquanto Wade joga para ele mais dois cartuchos, que pega sem nem olhar direito. Eu assinto com a cabeça. "Wade vai acionar os alvos, e eles vão começar a se mover. Um homem tentando te matar não fica parado no lugar, isso é certo."

Concordo novamente, e ele joga o cartucho sem avisar. Eu estava preparada dessa vez, porém, então consegui pegar facilmente. Troco a munição pela carregada, e com a arma já destravada na minha mão, começo a atirar nos alvos.

Tudo bem, confesso que um alvo se movendo não é fácil. Nem perto de como é atirar em latinhas ou árvores na floresta. Era bem complicado, mas eu consegui me virar muito bem. Acerto o primeiro alvo bem no centro, mas erro levemente ao fazê-lo pela segunda vez. Nada muito gritante, mas a bala foi para a direita. Eu erro novamente mais duas das nove vezes em que atiro. Levo isso como um sucesso, considerando ser minha primeira vez.

Peter novamente não me dá tempo antes de jogar o próximo cartucho, mas eu estava preparada dessa vez. Pego sem grandes dificuldades e começo a atirar. Erro três de onze tiros. 

"Sua mira é realmente boa, e você não demora para trocar a munição. Isso é bom. Mas temos que praticar mais com alvos em movimento e no seu reflexo." Wade é quem diz dessa vez, e eu, novamente, concordo.

"Eu não posso te dizer diretamente o que Loki vai pedir de você no teste, mas vamos apenas deixar claro que vou focar bastante nas coisas que tem que saber, fadinha. Depois nós aprendemos o resto." Peter diz, e caminha para mais perto, pegando a arma da minha mão. Ele olha para Wade. "Você já pode sair. Não vamos mais mexer com armas hoje."

Wade rola os olhos, mas obedece. Sai da sala, mas não sem antes enviar o dedo do meio para Peter, que apenas sorri, se divertindo.

Espera a porta bater, e logo volta a ficar sério novamente, me encarando.

"O teste já era difícil antes, mas Loki adicionou mais uma coisa nos últimos meses. Não posso te falar o que é, diretamente, mas não vai ser necessário. Tudo que ele quiser lá, você vai ter feito comigo aqui." Ele diz, e eu escuto atentamente a cada palavra. 

Peter caminha até a ponta do ringue, onde descarrega a arma e a joga em um canto qualquer. Quando suas mãos estão desocupadas, ele volta a me encarar.

"Algumas coisas podem causar morte instantânea em uma luta, fadinha. Duas dessas coisas são hesitação e medo. Duas coisas que você não pode demonstrar. Se você faz algo na hora de uma luta, tem que ter confiança total sobre o que faz. E tem que mostrar isso."

Peter caminha até mim, mas não para, como achei que faria. Ele continua andando até algo atrás de mim, mas eu não me viro. Suas palavras me fizeram ficar parada. Apenas ouço Peter pegar algo, e segundos depois, eu tenho uma adaga pressionada contra a minha garganta.

Minha respiração falha, e meu corpo treme de medo. A parte sensata de mim me dizia que era só um teste, mas meu senso de autopreservação gritava para eu correr o mais rápido possível. MAs eu apenas fico completamente parada,

"Sua respiração está acelerada, você está suando e tremendo." Peter sussurra em meu ouvido, e sua voz me faz acalmar um pouco. É Peter Young, ele não vai te machucar. E eu acredito. "Eu vejo isso, e seu atacante também verá. E vai adorar cada momento. O fato de estar assim agora, mostra que tem medo de morrer. O filho da puta vai usar isso contra você."

Peter finalmente tira a adaga do meu pescoço, e eu volto a respirar normalmente, apesar de meu medo já ter diminuído bastante desde que ele começara a falar. Eu não tinha medo dele, sabia que não ia me machucar. Eu achava, pelo menos.

"No meu mundo, nosso mundo, sentimentos são uma fraqueza, fadinha. São o que derrubam até os mais fortes." Enquanto ele fala, eu vejo em seus olhos que realmente acredita nisso. E aí eu sei.

Alguém já machucou Peter. Muito.

O que ele falara era um modo tão solitário de ver a vida, tão triste, que eu me senti mal. Sentimentos podiam ser usados contra você, sim. Mas também são a coisa mais bonita que existe por aí. Loki e Malia, por exemplo.

"Não acho que isso esteja completamente correto, Peter." Digo, e ele apenas dá de ombros.

"Talvez... mas na hora de lutar, fadinha, siga o meu concelho. Não demonstre o que sente para o inimigo. Nunca. Seja medo, hesitação, amor, ódio... Mantenha escondido."

Eu entendo o que quer dizer, e, em partes, concordo. Sentimentos podem sim acabar com você em uma luta. E é por isso que eu vou aprender a controlá-los. 

"E você vai me ajudar a escondê-los?" Pergunto. Young sorri para mim, divertido.

"Seu medo? Sim. Não podemos tê-la correndo ofegante por aí apenas porque botei uma adaga contra seu pescoço, podemos?" Eu rolo os olhos, mas a brincadeira evapora assim que ele se aproxima demais. Muito mesmo, fazendo com que seu rosto fique apenas a centímetros do meu. Desce seus lábios até meu ouvido, e sussurra: "Se você vai ficar ofegante, fadinha, que seja por outra coisa."

Mas antes que eu possa pensar e calcular suas palavras, ele se afasta. Me mantenho no mesmo lugar enquanto Peter fala para mim, já na escada: "Por hoje terminamos, Hayley. Não se engane, querida, isso foi apenas uma apresentação. Quero você aqui amanhã um hora, não atrase. Vamos começar a real brincadeira."

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora