Capítulo 28

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Hayley

Eu esfrego meus olhos, a claridade do sol me fazendo gemer de agonia. Minha cabeça estava me matando e eu me sentia como se trinta carros estivessem passado por cima de mim, um depois do outro.

Me forço a levantar e desligar a porra desse alarme, porém. Sento na cama, as memórias de ontem a noite atingindo a minha cabeça.

Depois que Peter me deixou sozinha, excitada e confusa lá fora, eu apaguei a fogueira e subi para meu quarto. Peter já tinha se trancado no seu, que era logo ao meu lado, mas pela luz saindo debaixo da porta eu duvidava que ele estava dormindo.

Realmente não tinha entendido o que aconteceu ontem a noite. Ele deixou a minha calcinha totalmente encharcada, o que não aconteceu muitas vezes antes, e depois saiu andando como se nada tivesse acontecido.

Não me entenda errado, eu sei que Peter Young não é nada certo para mim, não tenho ilusões sobre isso. Mas, naquela fogueira, eu não queria nada mais do que arrancar todas as suas roupas e perder a minha virgindade ali mesmo. Se era minha vontade ou a da maconha falando, eu não sei. Ou talvez saiba, e esteja apenas enganando a mim mesma.

Balanço a cabeça para espantar os pensamentos e vou me arrumar. Faço a minha higiene matinal e depois escolho uma roupa simples. Uma blusa branca que deixa um ombro a vista, sendo bem soltinha, um top preto de ginástica por baixo e uma calça legging preta. Prendo meu cabelo em um rabo, alguns fios caindo no meu rosto, boto o meu tênis Nike preto e, tomando coragem, desço as escadas.

Encontro Peter na sala e imediatamente franzi a testa com a cena. Ele tinha três tipos de facas diferentes e uma arma espalhadas no sofá a sua frente. A jaqueta da gangue que eu havia deixado no sofá ontem a noite estava em seu corpo, e ele botava as armas em seus bolsos bem escondidas.

"O que está fazendo?" Pergunto, e ele nem se mexe para me encarar. Eu sabia que ele tinha me notado descendo as escadas logo no primeiro degrau.

"Me arrumando. Loki tem um trabalho aqui na cidade para eu fazer. Relaxa, vou estar de volta antes de sairmos." Ele diz, sem nem olhar para mim. Eu ando até parar em sua frente, não que tivesse alguma diferença. Cruzo os braços.

"Eu achei que íamos treinar hoje?" Digo, e ele finalmente me encara com um suspiro quando termina de guardar suas armas.

"Eu também, tudo bem? Mas Loki me ligou uma hora atrás com um problema que eu preciso resolver." Responde, me fazendo cerrar os olhos em sua direção. Ele não vacila.

"Qual problema?" Pergunto, e seu olhar severo me diz para não me meter. Rolo os olhos. "Vai sozinho? Deixe eu ir com você."

Um sorrisinho torto cresce em seu rosto, e eu tinha a impressão de que ele zombava de mim. Ótimo.

"Você quer ir resolver problemas da gangue comigo?" Pergunta, e eu confirmo com a cabeça sem hesitar. Eu realmente queria ir.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, seu olhar subindo desde o meu dedinho do pé até o nível dos meus olhos. Cada lugar que ele encarava eu podia sentir queimar, mas não vacilei.

"Tudo bem." Ele responde depois de um tenso minuto, me deixando surpresa. "Pode vir comigo, mas definitivamente não no que você está usando. Bote algo de couro. Saímos em meia hora." Ele diz, e eu já me preparo para subir e me trocar. "Hayley?" Me chama quando eu já estou subindo as escadas, e olho para seu rosto. Era severo, me mostrando que ele falava sério. "Tem que fazer exatamente o que eu mandar, nada mais nada menos, entendeu?"

Eu concordo com a cabeça, percebendo que ele estava em seu modo beta. Subo as escadas rapidamente e vou em direção ao meu quarto. Bote algo de couro. Eu não trouxe nada de couro. Não sei nem se eu tenho algo de couro.

Com um suspiro, decido tentar a minha sorte e abrir o armário do quarto, que até então eu não tinha tocado. Meu queixo cai. Acho que ele não estava brincando quando disse que eles mantêm esse lugar com suprimentos.

Vestidos curtos, algumas jaquetas de couro da gangue, calças de couro, tops, calcinha e sutiã... Tinha tudo. Eu passo a minha mão de leve, tentando decidir o que usar.

Acabo decidindo por uma calça que, de tão apertada, eu demorei uns bons minutos para botar. Era preta de couro, como Peter instruiu. Pego também uma blusa cropped cinza escura sem mangas e uma jaqueta de couro da gangue. Me senti bem usando, e não acho que Peter iria se opor. Esperava que não, pelo menos.

Haviam vários sapatos de vários tamanhos, e eu opto por uma bota de combate preta com um salto mais alto do que eu estava acostumada, mas eu... Eu gostei.

Deixo o meu cabelo preso mesmo, e, exatamente vinte e cinco minutos depois de subir, eu estava encontrando Peter na frente da casa com uma... Moto?

"Aonde você conseguiu isso?" Pergunto, tendo certeza que não havia nenhuma moto quando viemos para cá.

"As propriedades em que mais ficamos tem uma moto cada, no caso de algo acontecer. Estava na garagem." Ele diz, apontando para a garagem que eu nem notei que existia. Tudo bem. "Boa escolha, aliás, fadinha. Você está quente." Ele diz enquanto sobe na moto. Eu coro estupidamente.

"Por que não podemos ir com a Bugatti?" Pergunto quando ele me olhou, esperando que eu subisse na garupa.

"Somos uma gangue de motoqueiros, fadinha. Ou mais ou menos isso. Mesmo que eu seja um cara de carros, nos assuntos oficiais, na maioria deles, pelo menos, nós vamos de moto. Agora pare de enrolar e suba antes que eu vá sem você." Rolo os olhos com a grosseria mas faço o que ele mandou, subindo atrás dele na moto.

Meus braços apertando a sua cintura, eu consigo escutar sua risadinha, e isso me faz revirar os olhos. Peter da partida e nós saímos pela estreita estrada pela qual viemos.

Eu não me incomodava pelo fato de não usarmos capacete, curiosamente. Quando fui com Easton, eu também não me incomodei, mas não estava tão segura. Estupidamente, eu confiava mais em Peter. Talvez por ele ser o cara que me arrastou para isso tudo em primeiro lugar. Não que eu esteja reclamando.

O trajeto demora mais ou menos trinta minutos, pelo que eu contei, e logo nós estamos parando em um beco atrás de um... Cinema? É eu acho que era um cinema.

Colorado Springs não era muito diferente de Wichita. Cidade pequena, mesmo aspecto. E não era a primeira vez que eu tinha visto a cidade.

Peter sai da moto, e eu sigo seu exemplo, apenas para se apoiar nela depois. Eu não sei quem ou o que nós esperávamos, mas não tive tempo de perguntar antes de uma SUV preta entrar no beco, parando logo na nossa frente.

Eu deixo meu rosto livre de qualquer expressão, exatamente como Peter tem vindo me treinado para fazer. Meus braços cruzados na frente do peito, eu assisto enquanto um homem, devia ter ao redor de quarenta anos, que usava um terno que eu imaginava ser caro, sair da parte de trás do carro.

O homem rico, eu deduzi. Mas quem infernos é ele? E porque merda ele parecia familiar?

"Peter Young... Faz muito tempo não é?" O homem diz, parando na nossa frente. Ele me olha de cima a baixo, e eu mantenho meu queixo erguido, uma expressão de desafio no rosto. O moço sorri antes de se virar novamente para Peter, que lhe encarava com um sorriso zombeteiro.

"Philip Seymour... Não tempo o suficiente. Eu quero saber... Onde está o meu dinheiro?"

Claro! Philip Seymour. Prefeito de Colorado Springs. É por isso que ele é familiar. Ele conhece meu pai... São parceiros de trabalho.

E esse homem devia dinheiro ao Death of Angels.

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora