Hayley
"Então... Qual é o próximo passo?" Pergunto enquanto chupava os restos de queijo da pizza que restavam em meus dedos. Vejo Peter acompanhar o gesto.
Depois de ficarmos mais umas duas horas no racha, assistindo às próximas corridas, apostando entre nós quem seria o vencedor, nós fomos direto comer. Na maioria das vezes, eu e Peter concordamos em quem iria vencer a corrida.
Mas, eu confesso que, quando isso não acontecia, ele ganhava. O que foi um fato que ele não deixou de mexer comigo depois.
Mas, quando saímos de lá e meu estômago roncou, me deixando meio envergonhada, Peter apenas soltou uma risada e foi direto para uma pizzaria. Nós não comemos lá, porém. Embalamos a pizza e agora estamos de volta na pequena montanha, sentados no topo do carro de Peter.
A primeira coisa que ele falou quando eu sentei foi que ele iria me matar se eu sujar o carro de pizza... Por algum motivo, não pareceu uma ameaça vazia.
"Bem, o próximo passo é, honestamente, voltar. Daria tempo de chegarmos para você passar o resto do dia com Malia e Clarke." Ele diz, e eu não sei o porquê que isso me deixou meio para baixo.
Eu não queria voltar ainda. Estar aqui foi tão fodidamente libertador e bom, que eu não queria voltar para o mundo real ainda. Não agora, pelo menos.
Mas eu ignoro isso e apenas aceno com a cabeça, fingindo que nada me atingiu.
"Peter?" Chamo, e ele levanta a cabeça de sua pizza para me encarar.
"Ahn?"
"Posso te fazer uma pergunta?" Ele mastiga sua pizza e sorri para mim, piscando um olho só.
"Pode fazer, mas eu não garanto que vou responder." Rolo os olhos, e torço os dedos no meu colo.
"Se você não fosse um beta... O que seria?" Ele fica em silêncio por alguns instantes, e come o resto do seu pedaço de pizza.
"Honestamente, eu não tenho ideia." Responde, e eu arqueio uma sombrancelha. Ele sorri. "De verdade, eu não sei. Ser Beta é tudo que eu sei fazer... Nunca escolheria fazer qualquer outra coisa. E você, Hayley Kahn? O que diabos quer para a sua vida?" Pergunta, e eu suspiro, olhando para a cidade a nossa frente.
"Se você tivesse me perguntado a um mês atrás, eu provavelmente diria que queria estudar direito ou algo assim." Ele arqueia uma sombrancelha, me encarando com os olhos zombeteiros, e eu reviro os meus. "Eu sei, tédio do caralho. E não é isso que eu quero. Isso é o que meu pai quer. Hoje? Eu te digo... Ficar em uma gangue."
Ele solta uma risada alta, e eu mesma não posso evitar em seguir. Se você pensar desse jeito, é o inferno de uma mudança.
"De estudante de direito a membro de uma gangue, em? Mas que merda eu fiz com voce, fadinha?" Ele diz, dando um gole de sua cerveja. Eu sorrio.
"Me mostrou quem eu sou de verdade." Respondo, e ele sorri para mim, piscando um olho só.
"Amém." Eu solto uma risada alta.
Eu me pergunto o que eu estaria fazendo hoje se eu não tivesse ficado bêbada naquela noite e encontrado Peter Young no bar do Tuck. Eu ainda estaria naquela farsa que era a minha vida? Ou eu teria criado coragem e teria mandado tudo aquilo a merda?
Provavelmente não. Se eu tivesse que adivinhar, eu acho que estaria me matando para estudar em algo que eu não queria, fazendo coisas pelos meus pais que nem mesmo eles valorizavam. Sendo a menina de ouro. Me escondendo atrás de uma garota medrosa e tímida que não tinha nada a ver comigo.
Até agora, eu nunca tinha realmente pensado nisso. Vendo desse jeito, eu devo muito a Peter. Por ter me tirado daquele esconderijo que eu costumava valorizar.
Eu não tinha percebido o quanto eu sentia falta de dirigir em alta velocidade, atirar... Em ter esses momentos de liberdade.
Quando eu conheci Malia, eu acho que aquele foi o meu primeiro pequeno passo em direção a liberdade. Porque minha amiga não realmente esperava algo de mim... Só que eu seja eu. E aquele pequeno passo foi a minha fodida salvação.
Me pego passando o dedo em minha tatuagem da gangue, analisando as letras bonitas. Eu tinha começado aulas de latim na internet na última semana, e isso tem sido bem útil também. Não é necessário saber latim para estar na gangue, mas é bom.
"Essa tatuagem ficou fodidamente bem em você, fadinha." Escuto Peter dizer, e isso arranca um sorriso do meu rosto.
"Talvez eu deva fazer outra." Digo. Eu queria dizer como uma brincadeira, mas a ideia não me pareceu tão ruim.
"Combina com você." Ele conclui, e eu penso sobre o assunto. Talvez devesse mesmo...
Decido pensar sobre tatuagens depois, encarando a cidade a minha frente. Os carros e casas eram tão fodidamente pequenos vistos daqui, a cidade tão bonita... Parecendo perfeita.
Mas é assim que as coisas são. Algo parece perfeito, até você realmente decidir analisar. Olhar de verdade. Essa é Kansas City, a cidade que de longe parece perfeita, sem notar os crimes, crises...
Essa era eu. Aparentemente perfeita, sem notar o quão quebrada e fodida eu era por dentro. Perfeição... Eu aprendi a odiar essa porra de palavra. Um mito do caralho, é isso que perfeição é.
Porque, de verdade... O que é perfeição? Para meus pais, é um diploma de direito e um casamento estável. Para a gangue, é um assassino de sangue frio... É uma mentira.
Assim como eu era uma mentira.
Deus, eu nunca estive tão feliz em deixar toda essa merda para trás. Talvez porque eu nunca tenha deixado essa merda para trás.
"Você parece séria." Peter me tira dos meus pensamentos, e eu levanto meu olhar para seu rosto.
"Apenas pensando como as coisas seriam se eu ainda tivesse me escondendo, eu acho." Digo, mordendo o lábio inferior.
"Não faça isso, fadinha, não vá para os 'e se'. Acredite em mim, essa merda acaba com você." Ele diz, tomando um gole de sua cerveja.
"Peter?" Chamo.
"Uhm..." Ele não olha para mim, seus olhos turquesa focados na cidade.
"Nós podemos ficar aqui durante a noite?" Pergunto, fazendo com que ele me encare. "Eu estou cansada novamente e... Não quero voltar agora."
A última parte sai como um sussurro, e eu me sinto meio estúpida assim que solto as palavras. Ele fica em silêncio por alguns instantes, e eu acho que ele não vai me responder. Abro a boca para dizer para deixar para lá quando ele finalmente diz.
"Vamos procurar um hotel."
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Beta - Death of Angels 2
Любовные романыQuando você pensa em um ideal de adolescente, o nome Peter Young certamente não vai aparecer na sua cabeça. Nunca. Fazer parte de uma gangue meio que acaba com essa possibilidade. Mas sabe quem é o adolescente perfeito? Hayley Kahn. Ou pelo menos er...