Capítulo 1

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Peter

Eu acordo com um baque, a lembrança ainda forte em minha cabeça. Mesmo mais de um ano depois, eu ainda sonhava com a maldita noite em que encontrei aquele cupom fiscal. Não posso nem chamar de bilhete, considerando que tinha literalmente uma palavra.

Eu tinha sido criado a minha vida inteira para não demonstrar minhas emoções, nunca me tornar fraco. Meu pai fazia questão que eu fosse uma máquina. Matei pela primeira vez com treze anos, e meu pai praticamente botou a besta na minha mão. Gina quase destruiu tudo isso no tempo em que estávamos juntos.

Desde que tinha idade o suficiente para andar, meu pai me pressionava. Ele literalmente descobria cada um de meus medos, e me fazia superá-los. Matar o máximo número de aranhas com as minhas próprias mãos quando eu tinha apenas seis anos, por exemplo.

Minha mãe era contra, mas também nunca fez nada para impedir. Eu amava minha mãe com tudo que eu tinha, mas a única pessoa que realmente ficou contra meu pai foi Harold. Ele e minha mãe se conheciam a muito tempo, e ele a amava como uma irmã. Odiava meu pai, porém. Gabriel Young me transformou em uma máquina para matar sem nem pensar duas vezes.

E Gina quase destruiu isso. No tempo em que ficamos juntos, ela conseguia quebrar cada uma de minhas barreiras. Ela sabia de meus pais, sabia de quase tudo. Menos a pequena coisinha. A única coisa que ela decidiu que não poderia lidar.

Levanto da minha cama e dou uma olhada no relógio na cabeceira. Uma da manhã. Ótimo. Tiro a camiseta preta pela cabeça, rapidamente trocando por uma camisa cinza escura, e os minha calça de moletom por um jeans preto. Botando uma jaqueta preta lisa e um gorro cinza na cabeça, desço as escadas devagar.

Não sabia se Loki estava na casa de Malia a essa hora ou não, mas mesmo assim não queria arriscar. Easton também estava, e eu não queria falar com ninguém agora.

Por um tempo depois que Gina foi embora, eu estava completamente morto por dentro. Eu ficava chapado o dia inteiro, e não lembrava da maior parte da semana. Foi apenas quando eu enfiei aquela maldita flecha através do abdômen de Loki que algo despertou. Eu tinha machucado meu melhor amigo, meu irmão. Então, apesar de não despertar completamente, eu estou aqui. Sinto raiva, luxúria, orgulho... Isso era o suficiente.

Caminho até a minha garagem, onde encontro minha baby doll. Se tinha algo que nunca mudou na minha vida era o sentimento por carros, pela corrida. Consertar, correr, pintar... Eu adorava cada uma dessas etapas. Dos três carros na minha garagem, a Bugatti Veyron era a que eu mais gostava. Além de ser a primeira que eu peguei emprestado, ou roubei de um cara que está bem morto agora, o que você preferir chamar, era o mais potente. Mil e duzentos cavalos, e ainda podia atingir até quatrocentos e trinta e um km/h. Eu a chamava de Baby Doll.

Também na garagem, eu tinha um Mustang GT e a minha Lykan Hypersport. Além da moto que todos tínhamos, mas eu não usava muito. Pego o Mustang e aceito de bons grados o conforto que estar atrás do volante envia para meu corpo.

Boto o pé no acelerador e saio da garagem, fazendo o caminho que eu conhecia tão bem. Íamos no bar do Tucker a bastante tempo, e era o único que não tinhamos distruido ou tínhamos sido presos no local. Tuck não fazia muitas perguntas, e me dava quantas garrafas de Jack eu pedisse.

Paro o carro no estacionamento do bar e salto, andando até o meu lugar no balcão. Ninguém seria estúpido o suficiente para roubar aquele carro, até porque a maioria das pessoas ficava assustada com a pintura meio punk, e mesmo se fossem, eu tinha um rastreador naquele carro, e iria matar lentamente qualquer um que tocasse em algumas das minhas máquinas.

Sento no banco, e imediatamente um copo de Jack aparece na minha frente. Envio um sorriso torto molha-calcinhas para a bartender, Julie. Ela era uma menina loira, com os peitos, lábios e o nariz claramente falsos, mas era gata. Tínhamos transado uma semana depois que ela pegou o emprego, e eu estava pensando em tornar ela umas das minhas regulares. Não tinha tido uma dessas a um tempo, mas a menina parecia saber as regras. Sair assim que o sexo acabar, e nunca, nunca, pedir por um carinho.

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora