Capítulo 58

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Hayley

Fiquei tensa no segundo em que vi a Bugatti Veyron na porta da casa. East de ofereceu para entrar comigo, mas eu achava que essa não seria uma boa ideia.

Não sabia o que Peter fazia ali, mas o que quer que fosse, tínhamos que conversar sozinhos. Então, me despeço do meu amigo e me convenço a entrar dentro da casa.

Mas mesmo sabendo que ele estaria ali, meu coração pula, meu corpo esquenta e eu perco o fôlego no minuto em que Peter levanta do sofá e olha para mim.

Nem mesmo me mexo quando Malia anuncia que vai dar uma volta e sai da casa, deixando nós dois sozinhos no segundo em que fecha a porta atrás de si.

Eu respiro fundo e me forço a me aproximar dele. Sento no sofá, o encarando enquanto Peter senta ao meu lado.

Eu acho que internamente esperava que uma semana o faria menos atraente, ou diminuiria o que eu sinto por ele... Bem, não o fez. Nem um pouco.

Peter continuava incrivelmente gostoso. A jaqueta preta lisa estava por cima de uma blusa cinza, da mesma cor do gorro que ele usava na cabeça. Uma jeans preta e um tênis também preto era tudo que ele usava... Deus, por que ele tinha que ser lindo?

Agradeço por East ter me arrastado para fora de casa hoje, ou eu estaria agora com os meus pijamas, em um estado deplorável.

Mas, já que eu sai hoje, estava menos mal. Eu usava um macaquinho azul marinho de uma alça grossa, com decote de coração. Ele tinha dois buraquinhos no nível da cintura, expondo um pouco de pele. Meu cabelo estava preso em uma trança boxeadora e eu usava um tênis branco no pé.

"O que você está fazendo aqui, Peter?" Pergunto, forçando a minha voz sair forte. Ele suspira, e eu vejo um pouquinho daquela vulnerabilidade de antes. Isso me amolece um pouco. Apenas um pouco.

"Para dizer que eu fui um babaca, eu acho." Ele responde, e isso me surpreende. Peter Young está pedindo desculpas?

"Continua." Digo, e um sorrisinho muito pequeno aparece em seu rosto, mas morre logo.

"Eu não devia ter saído para ver Gina daquele jeito... Você está certa. E eu não devia ter pirado por causa do eu te amo." Ele murmura, e eu faço uma pergunta que não tenho certeza se quero saber a resposta.

"O que aconteceu?" Ele franze a testa. "No seu encontro com ela, eu digo." Peter suspira, e tira o gorro da cabeça, deixando no braço do sofá. O cabelo estava bagunçado, mas isso apenas serviu para deixá-lo mais bonito.

"Aparentemente, ela foi embora porque precisava descobrir umas merdas dela, eu acho... E eu descobri que nunca realmente amei Gina." Eu levanto a cabeça para olhar em seus olhos quando ele diz isso, e apenas encontro sinceridade.

"Peter... Eu te disse antes de você sair por aquela porta. Se você fosse, acabou. Eu não sou a segunda opção de ninguém. Então se você está aqui para transar eu..." Ele me interrompe quando pega meu rosto entre suas mãos.

"Não é isso, Hayley. Eu estou aqui porque eu quero pedir desculpas, porra. Eu estou aqui porque... Eu senti sua falta." Ele sussurra a última parte olhando no meu olho, seu rosto muito perto do meu.

Necessitando de um pouco de espaço, levanto do sofá, e Peter deixa suas mãos caírem. Eu não consigo pensar quando ele está daquele jeito, então prefiro ficar em pé.

"Peter, você fez uma decisão quando saiu por aquela porta. Você escolheu me deixar ali... E você escolheu me machucar ao fazer isso." Digo, me mantendo forte. Peter não vai me convencer dessa vez... "Eu não posso simplesmente esquecer que isso aconteceu."

Ele suspira e levanta também, mas sem chegar muito perto, pelo bem do meu psicológico.

"Eu sei, fadinha... E estou tentando voltar na minha decisão, tudo bem? Gina foi embora e..." Eu solto um riso sem humor.

"Isso não é só sobre Gina, Peter! Isso é sobre o fato de você não ter pensado duas vezes antes de me machucar para caralho, saindo por aquela porta. Isso é sobre você não pensar em como eu me senti quando vi o olhar em seu rosto quando eu disse as três palavras." Grito, e tenho que forçar as lágrimas a não caírem. Ele não vai me derrubar agora. "Isso é sobre essas coisas que você não pode mudar."

E era verdade. Ele não podia. Porque na minha cabeça, eu ainda via o olhar horrorizado quando eu lhe disse que o amava, ainda via Peter me dando as costas e caminhando para fora do quarto... E ele não pode apagar isso.

"Então não, não é só sobre Gina, tudo bem?" Sussurro, derrotada. Porra, eu estava cansada.

Peter se aproxima de mim, mas eu não me afasto dessa vez. Não tenho forças para isso. Apenas deixo que ele levante o meu queixo com o dedo.

"O que eu posso fazer para você me perdoar? Para você dizer aquelas palavras que eu quero ouvir para caralho?" Eu fecho o olho com o seu tom derrotado. Caralho, eu não podia fazer isso agora.

Dou um passo para trás e abro o olho novamente, vendo seu rosto quebrado quando ele deixa sua mão cair. Eu suspiro.

Me viro para subir as escadas para o quarto dos pais de Malia, onde eu estava ficando, quando a voz de Peter me para.

"Eu te amo." Todo o meu corpo fica tenso quando ele murmura as palavras que a apenas uma semana atrás, eu teria matado para ouvir. Agora elas foram como um soco no estômago.

"Tempo." Sussurro, ainda de costas para ele no primeiro degrau.

"O que?" Ele pergunta, e eu suspiro.

"Você pode me dar tempo." Respondo.

Minha intenção não era essa. Mas, depois de ouvir as três palavrinhas saírem pela sua boca, eu não pude deixar de ter um pouquinho de esperança.

"Você me quebrou um pouco quando saiu por aquela porta... Hoje, eu te peço para sair novamente pela porta, e me dê tempo." Respondo, voltando a subir as escadas.

"Quanto tempo?" Dessa vez, quando ouço a sua voz, não paro.

Apenas respondo baixinho quando chego no segundo andar.

"Eu não sei."

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora