Capítulo 31

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Peter

Eram sete e meia quando paramos na frente do bar. Eu estava dirigindo, graças a Deus por isso, e sabia que Loki não ia gostar de nosso atraso.

Algo mudou com Hayley no caminho, e eu sabia exatamente o que era. No momento em que ela disse aquele sim, sua máscara rachou. Tudo o que sobrava dela, pelo menos. E a verdadeira Hayley estava bem ali para os outros verem. Finalmente, se você me perguntar.

Tínhamos parado no caminho, apesar de Hayley ter tentado adiar o máximo possível. Eu tenho que dar a ela, a garota era boa atrás de um volante. Mas isso não significa que eu a queria dirigindo o meu carro mais tempo que o necessário. Por isso, deixei bem claro que aquela era a primeira e única vez.

Assim que paro o carro na garagem, Hayley solta um suspiro. Eu sabia que ela estava meio nervosa, mesmo que não precise. Esse teste já era dela. Eu sabia disso, mas não podia negar que a ideia do último teste me deixava tenso.

"Vamos, se nós demorarmos mais um pouco Loki vai cortar minhas bolas." Digo, saltando do carro com Hayley logo atrás de mim. "Deixe as coisas no carro, nós voltamos para elas depois."

Ela assente e nós entramos no bar. Paro no segundo em que vejo a situação do lugar, um sorrisinho crescendo no meu rosto. Nossa, eu senti saudades desses tempos.

Putas do clube, como eu gostava de chamar, andando pelo lugar, algumas de biquíni, outras de calcinha e sutiã e algumas nem se encontravam. Caras da gangue com mulheres no braço, no colo... O lugar era uma putaria total. Eu avistei Loki vindo em minha direção, emburrado. Ótimo.

"Eu disse sete horas, porra." Ele diz, mas nem espera por uma resposta antes de acenar para nós seguirmos.

Hayley estava nervosa ao meu lado, seu corpo tenso enquanto ela analisava o lugar. Boquetes bem ali a vista para todos vermos, assim como sessões sérias de amasso. Não que me incomodasse, eu estava acostumada.

Loki nos guia até o porão, local que era sempre fora dos limites para qualquer um que não tenha sido chamado. Vamos direto para a sala dos testes, onde encontro East, Wade, Skull e Clark. Inclino o queixo como cumprimento para cada um antes de me juntar a eles, deixando que Loki e Hayley fiquem no meio da sala.

"Peter, a corda." Loki diz, e eu pego a nossa boa e velha corda para amarrar os braços e pernas de Hayley na cadeira. Ela, como já tínhamos treinado, estava agora com expressão livre de qualquer sentimento. Boa garota.

Depois de amarrar, deixo o canivete na minha mão enquanto Loki começa a falar. Antigamente, usávamos vendas para isso. Foi assim com East e Clarke, mas Loki aboliu essa regra.

"Ser uma Death of Angels significa se encontrar em situações onde você terá que se livrar de uma possível armadilha. Sem muito tempo..." Ele me olha e dá uma balançada de cabeça quase imperceptível para outra pessoa. Eu boto o canivete na mão de Hayley. "Você tem dois minutos para se soltar."

E assim começa, assim como nós já tínhamos feito antes, Hayley começa a cortar as cordas. Ela se deu muito bem, assim como eu sabia que faria. Quer dizer, eu a treinei.

Um minuto e cinquenta segundos é o tempo que ela demora para se soltar. Dez segundos de sobra, isso era muito bom para quem teve uma semana de treino.

Loki a encarava impassível, mas, por conhecê-lo bem, eu não perdi a faísca de surpresa e orgulho quando ele desviou seu olhar para mim depois que ela conseguiu.

Hayley termina, fecha o canivete e joga na minha direção. Eu pego, reprimindo o sorrisinho que ameaçou aparecer.

Eu caminho até Loki com duas de suas facas na minha mão para entregar a ele, já sabendo o próximo teste. Meu amigo as pega, e encara Hayley que agora estava de pé, seu rosto impassível na nossa frente. Uma corrente de orgulho passa por mim.

"Hayley, uma coisa que pode te matar na luta é seus medos. Eles te tornam vulneráveis, e um bom adversário sabe muito bem como usá-los contra você." Antes mesmo de terminar de falar, ele joga as duas facas, que passam zunindo pelo rosto de Hayley.

Se fosse qualquer outra pessoa, eu teria ficado tenso. Mas sendo Loki, eu confiava no cara. Ele nunca errou a mira desde os oito anos, não iria começar agora.

Hayley não se meche. Nenhum indício de que até percebeu as facas. Seu corpo não tensionou, seu olhar não deu nenhuma ideia do que se passava em sua cabeça... Nada. Eu permito um pequeno sorrisinho antes de voltar a expressão impassível.

"Hayley, escolha uma arma." Loki manda, apontando para a mesa no canto da sala onde tinha uma pistola, uma besta e uma faca.

Fadinha foi sem hesitar pegando a pistola. Ela se preparou, mas não atirou até que ouviu Loki falar.

"Até acabar o cartucho. Agora."

Todos os tiros foram certeiros. No exato ponto central do alvo na parede. A posição da menina estava completamente certa, e era aparente que aquilo vinha naturalmente para ela. Hayley da todos os tiros, botando a arma de volta na mesa quando acaba o cartucho.

Ela me encara por um segundo, e eu sei que está nervosa mesmo que não demonstre. Dou um sorrisinho torto quase imperceptível e ela olha para outro lado, mas eu sei que ajudou.

Agora era o teste que fez meu corpo tensionar. Eu confesso que apenas a ideia de isso acontecer me deixava irritado, mas eu iria ficar aqui e presenciar, como um beta.

"Feche os olhos, Hayley." Loki murmura, e fadinha obedece no mesmo instante.

Eu olho para Wade, Skull, East e Clarke para analisar suas expressões. East estava tenso, o que me fez franzir o cenho. Ele já viu isso acontecendo antes, porque se importa agora?

Abandono os pensamentos e vejo que Clarke também não queria ver isso, mas se manteve firme. Skull estava com a sua expressão completamente fria, como sempre. Volto meu olhar para Loki e Hayley.

"Estar nessa gangue significa confiar. Significa lealdade." Ele diz, e é aí que dá o primeiro corte com sua faca. Foi no braço de Hayley, nada muito fundo, mas o suficiente para fazer um filete de sangue descer.

Eu aperto meus punhos fechados.

Entendia esse teste. Realmente o fazia. Era o mais importante, na verdade. Para entrar, você tem que confiar o suficiente em seu Alpha para deixá-lo dar três cortes superficiais, como o teste mandava. Mas isso não significa que eu gostava. E, por algum motivo, vê-lo fazendo com Hayley fazia meu sangue virar fogo. Mas eu me mantenho quieto. Desafiar o Alpha em um momento como esse significava punição real, mesmo para o beta.

Hayley não dá nenhum sinal de dor além de franzir a testa nos próximos dois cortes. São superficiais, nada muito doloroso, na verdade. E esse era o motivo do teste, confiar que seu Alpha não cai o machucar de verdade.

Quando acaba, Loki limpa o pouco de sangue que tinha na sua faca na blusa e sussurra algo no ouvido de Hayley. Posso estar enganado, mas eu juro que pareceu algo como um pedido de desculpas. Deixo isso para lá.

"Abra seus olhos, Hayley." Ele diz, e a menina obedece, abrindo os olhos avelã. "Mortem et Angelis."

Quando Hayley fica em silêncio por um segundo, parte de mim teme que ela esqueça a única vez nessa última semana que eu falei essas palavras.

Ela aponta para a tatuagem no meu pescoço e franze a testa.

"O que é isso?" Pergunta, e eu sorrio. Ainda bem que ela perguntou.

"Mortem et Angelis. É o nome da gangue."

Foi em nosso terceiro treino, eu acho. Mas o nervosismo vai embora quando Hayley emite um sorrisinho torto.

"Death of Angels." Assim que ela responde, todos na sala sorriem também. Mas eu só sorrio depois que Loki fala as palavras.

"Bem vinda a gangue, Hayley Kahn."

Beta - Death of Angels 2Onde histórias criam vida. Descubra agora