Peter
Eu jogo o dardo que eu tinha na minha mão, que atinge o ponto central do alvo na parede. Eu pressionava meus dentes juntos, o que fazia com que minha mandíbula doesse mil vezes mais, mas eu não liguei.
Já tinha mais ou menos uma hora da minha briga com Loki, e são cinco horas da tarde agora. Eu não tinha saído do meu quarto, jogando esses dados desde que cheguei.
Eu tinha subido, trocado os meus jeans por uma calça de moletom cinza e tirado meu tênis e camisa. Desde então, estou atirando dardos no alvo da minha parede, tentando me livrar da raiva.
O barulho da minha porta abrindo não me fez parar, e eu continuei arremessando. Ainda tinha uma caixa cheia deles na cama, então não iria parar tão cedo. Eu soube quem era no minuto em que ela pisou dentro do meu quarto, porém.
Eu apenas estava surpreso que ela não veio antes.
"Tudo bem, Peter, eu te dei sua hora para se acalmar... Agora me diga o que merda foi aquilo tudo lá em baixo?" A voz de fadinha estava determinada, mas eu não estava muito no humor para conversas.
Não olho para ela.
"Acho que não, fadinha. Obrigada por passar aqui, porém." Digo, atirando o próximo dardo. O alvo era grande, mas daqui a pouco eu teria que tirar os que estavam presos.
Eu escuto a porta se fechando e fadinha caminha até a minha frente, e eu quase arremesso um dardo na sua cara, me parando no último minuto. Ela bota suas mãos nos quadris.
Hayley tinha trocado de roupa, apenas trocando o short jeans por um de moletom cinza, e os tênis de antes por um chinelo da Adidas preto de uma tira só, com uma meia cinza que ia até o início de seus joelhos. Isso a fez meio adorável, na verdade.
"Ah, desculpa, realmente pareceu que eu estava pedindo? Eu disse para me contar que merda você tinha na cabeça!" Eu tenho que reprimir um sorriso, e sento na cama suspirando. Sim, eu a transformei nisso, agora sofra as consequências.
"Hayley, só porque nós transamos não significa que eu vou me abrir com você e contar todas as coisas que eu guardo no meu coração frio e duro." Digo, sarcástico, e ela rola os olhos.
Tudo bem, eu sei que fui um babaca. Tipo, com um B maiúsculo. Mas eu realmente precisava que ela fosse embora... Hayley tinha um jeito de mexer com a porra das minhas ideias, e eu não precisava disso agora.
"Vai se foder. Não estou aqui porque nós transamos, seu imbecil. Estou aqui porque somos amigos, você admita ou não. Agora, vou ignorar a atitude, pois você parece estar no meio de uma crise, mas não saio daqui até que me diga." Fala, e o fato dela parecer, apenas por um segundo, realmente magoada com as minhas palavras me deixou me sentindo um bosta.
Ótimo.
Bufo, botando a caneca nas mãos, meus cotovelos apoiados nos joelhos. Fico assim por um segundo antes de olhar para ela novamente.
"Sabe que eu posso tirá-la daqui, certo?" Pergunto, e um sorrisinho torto aparece em seu rosto.
"Tente, grandão." Eu rolo os olhos, mas não me movo, sabendo que arrancar a garota dali a força não era uma linha que eu queria passar.
"Eu só fiquei puto, está bem?" Digo, escondendo a parte mais importante da verdade.
Claro, eu estava puto... Mas não era por isso que eu briguei com meu irmão. Eu sei que passei de todos os limites lá em baixo, e Loki tinha toda a fodida razão em me dar um soco, porra.
Mas, ver primeiro meu carro queimando, e os dois quebrados... Caralho. Aquelas máquinas não são apenas isso para mim, merda. Correr foi a única coisa que me manteve razoavelmente em sã consciência durante os anos.
Quando meu pai me metia porrada, era isso que eu fazia. Quando minha mãe morreu, foi isso que eu fiz. Quando Gina sumiu... Mesma coisa. Todos os momentos ruins da minha vida, realmente ruins, foi a corrida que fazia com que eu esquecesse por alguns minutos.
Foder com os meus carros era como roubar as drogas de um viciado. E, aqueles carros em especial... Porra, eu consertei aquele Mustang, um carro que estava largado na rua completamente fodido, porra.
O Lykan, que eu vi queimar bem na minha frente, Harold me deu. No meu aniversário de dezesseis anos, ele chegou com aquele carro foda para caralho. E a Bugatti... Porra, era minha Baby Doll.
Não eram apenas carros. Você não mexe com o carro de um cara, porra. Nunca.
Posso parecer um mimado filho da puta agindo assim por causa de carros... Mas, não dá para outra pessoa entender. Talvez Hayley o fizesse... Mas não uma pessoa de fora.
Algumas pessoas consideram sua família seu porto seguro, seus namorados ou maridos e esposas... O meu era meus carros. O lugar onde eu perdia a fodida noção de tudo, corria até não aguentar mais.
"Eu já vi você puto, Peter. E nunca foi assim... Você estava fora de controle." Ela sussurra a última parte, e eu olho direto em seus olhos, levantando da cama para ficar bem na sua frente.
"Você acha que eu não sei disso, porra? Loki me deu um soco, Hayley... A única vez que chegamos a esse ponto sem ser em um treino foi..." Eu não termino, mas não era necessário.
Nós dois sabíamos de que momento eu estava falando. Suspiro.
"O cara fodeu com os meus carros. Talvez você entenda isso, talvez não, mas, merda... Aqueles carros foram a minha salvação durante quase toda a minha vida, fadinha." Murmuro, e seus olhos avelã suavizam enquanto ela me encara.
"Eu sei. Acredite, eu sei. Mas você realmente fodeu as coisas lá em baixo, Pete." Ela diz, sua voz mais gentil que antes. Eu suspiro enquanto Hayley parecia analisar minha mandíbula.
"Vou falar com ele depois." Sussurro, e fico tenso quando ela vira o meu rosto de lado gentilmente para olhar a mandíbula roxa.
Eu pego o seu pulso, dando um aperto forte o suficiente para segurar sua mão no lugar, mas não forte o suficiente para machucar.
A puxo pelo seu braço, fazendo com que Hayley bata de frente com meu peito nu, e eu a vejo prender a respiração.
Me envolver com Hayley Kahn não era uma boa ideia, para nenhum de nós. Mas fodasse se eu não a queria novamente, o que era bem estranho. Eu normalmente não queria uma garota novamente.
Mas decido não pensar nisso... Não agora pelo menos.
Naquele momento, eu apenas me deixo perder no paraíso que era Hayley Kahn...
Eu a pressiono contra a parede, e beijo o inferno fora da menina. Eu precisava disso, ela precisava disso... Quem diabos era eu para negar algo a qualquer um de nós?
"Eu pensei que você achava que isso era um erro." Ela sussurra em meu ouvido quando eu mordi o pedacinho de pele entre o ombro e pescoço. Sorrio.
"Ah, fadinha, eu acho... Mas alguns erros são bom demais para evitar."
E eu passo cada minuto das próximas horas provando o meu ponto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beta - Death of Angels 2
RomantizmQuando você pensa em um ideal de adolescente, o nome Peter Young certamente não vai aparecer na sua cabeça. Nunca. Fazer parte de uma gangue meio que acaba com essa possibilidade. Mas sabe quem é o adolescente perfeito? Hayley Kahn. Ou pelo menos er...