✦ sixty eighth ✦

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Na noite do meu terceiro dia de repouso, eu estava fazendo o que fizera nos últimos dois dias. Assistindo séries no computador e comendo besteiras.

Tentava me distrair ao máximo e não pensar no que havia acontecido no dia em que bati a cabeça e tudo o que poderia ter dito para o garoto de olhos azuis.

Novamente, eu me via na situação de pegar o celular diversas vezes e começar a digitar uma mensagem mas no meio dela, eu a apagava e desistia de enviar.

Também pensava em como dizer as coisas para Nash importava para mim, em como eu estava esperando mais mensagens deles nos últimos dois dias e ficava com raiva quando deslizava o ecrã e não tinha mensagens deles.

Se eu gosto dele?

Ainda é difícil dizer. Algo dentro de mim me faz ficar confusa demais e algo ainda maior me faz ficar com medo de dizer as coisas que sinto e penso para ele.

E mais um episódio de The Walking Dead chegava ao fim quando eu comecei a escutar gritos vindos da casa ao lado. Fui até a janela e vi o que já esperava.

— Eu estou indo embora, Laura — Rafael gritou, com malas nas mãos, saindo para fora de casa.

— Vai tarde — Laura retrucou e de repente, Matthew apareceu no portão. Parecia ter chegado de algum lugar.

— Pai? Para onde você vai? — O loiro perguntou, reparando em todas aquelas malas.

— Para longe dessa mulher que você chama de mãe.

— Pai! — Ele gritou quando o mais velho estava entrando no táxi.

— Até mais, filho. Eu te amo. — Rafael gritou e a mãe do loiro entrou para dentro de casa.

E quando os dois se foram, meu amigo continuou ali, sem saber o que fazer.

Eu entendia que ele queria que os pais se separassem logo para que a tortura das brigas acabasse mas ver seu pai indo embora e sua mãe e o mesmo declarando ódio um pelo outro não era demais para ele.

E foi então que vi a oportunidade de retribuir tudo o que ele havia me dado nos últimos tempos.

Não pensei duas vezes e saí de casa, encontrando o loiro sentado no asfalto. Assim que me viu, ele se levantou e eu tomei a iniciativa de abraçá lo.

— Emy... — Senti lágrimas escorrendo pelo meu ombro e o abracei ainda mais forte.

— Sh, vai ficar tudo bem, eu te prometo.

— E se meu pai esquecer de mim? E se minha mãe sentir ódio de mim? E se eles não me amarem mais? — O loiro me olhou e seu rosto estava vermelho de lágrimas.

Na minha vida toda, eu nunca havia visto ele chorar.

O loiro sempre exibiu seus melhores sorrisos e sempre soltou suas mais idiotas e melhores piadas e pensando nisso, eu disse:

— Eles não vão parar de te amar, mas se pararem, Matthew, eu vou te amar.

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duff | old magconOnde histórias criam vida. Descubra agora