A Nova Geração: Procure Pela Criatura (Concluída)

Midnight

Allison
Alguns dias atrás, comecei a prestar atenção em tudo que estava acontecendo a minha volta, e percebi que havia alguns alunos com uniformes diferentes, em vez do marrom e amarelo desbotado, era azul marinho e preto. Amélia disse que os preferidos da diretora vestem eles, e eu os chamo de robôs já que sempre estão andando como se seguissem uma linha invisível no chão. Eles ficavam no terceiro andar junto da diretoria e eu sempre vi ela, a diretora, os observando nas trocas de aula sorrindo orgulhosa de seus robôs idiotas. Eu nunca, mais nunca, imaginei que iria me tornar um deles. Parece que o meu eu de verdade não sumiu por completo, mas está tão pequeno quanto a semente de um dente-de-leão. Me permite ao menos pensar por conta própria, mas é horrível me ver agindo como Amélia e Evangeline e não poder fazer nada. Eu ando com elas agora, e aliás, elas também usam o mesmo uniforme azul e preto. Não são muitas pessoas, nós somos apenas oito alunos de centenas existentes aqui. Ai não. Eu disse "somos". Droga. Na hora de ir embora, vejo Lizzie a filha da diretora Wonderwall, ela tem oito anos e é uma garota prodígio e muito fofa. Sou a babá dela nas últimas duas semanas, ela é a única pessoa que me faz ser eu mesma, talvez porque mesmo sendo loirinha dos olhos azuis, Lizzie me lembra da Allison de oito anos, a garotinha prodígio que queria ser tudo menos prodígio. Me sinto cuidando de mim mesma.

Lizzie corre para me abraçar e eu a aperto forte entre meus braços. Amanhã é sábado e eu vou ficar com ela enquanto a diretora Wonderall e Florence vão sair da cidade. Essas duas são inseparáveis de um jeito sinistro. Passo o dia me mudando para outras salas e matérias que a diretora me colocou e sinto que uma das aulas é com a professora Ross, mas nunca lembro daquela aula. No final do dia, a diretora me chama para falar sobre sábado e quando ela me convida para entrar, Lizzie — que estava sentada ali fora — me olha e nega com a cabeça, Wonderwall já está com a mão no meu ombro sorrindo então apenas entro.

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Allison Clarke
Em casa estou sozinha com Florence já que Zach tem treino de lacrosse e Amélia está no clube teatro. Minha mãe me olha sorrindo e passa a mão pelo meu cabelo, sorrio de volta com o gesto.

— Pode pegar seu celular de volta se quiser querida.

— Sério? Ótimo. — digo sorrindo mais ainda — Vou formata-lo, um novo celular para uma nova eu.

— Boa ideia... — ela também sorri mais ainda, feliz pela resposta — Está na sua mala em um dos bolsos de fora.

— Estava lá o tempo todo?!

— Parece que foi um bom esconderijo...

— Foi.

Quando ligo meu celular vejo que tem quatro mensagens de voz nele, coloco-o na cama e mexo na mala, jogando aquela caixinha cheia de tralhas pro lado, até que vejo algo que não tinha visto antes, havia uma roupa escondida ali que eu não lembro de ter colocado. Era um suéter turquesa cheio de corações pretos, era lindo mas não era meu, eu nunca vi essa roupa. Peguei o celular e comecei a ouvir a primeira mensagem de voz.

"Um dia sem você e a Cat dormiu o período escolar todo, pela primeira vez sua mãe me descobriu aprontando, e o Logan ficou sem dupla pra competição de robótica já que todo mundo o estressava. O que me surpreende é que o Thomas não está tão anormal, ele está depressivo pra caramba, com certeza, mas ainda sim estranho. O que vocês estão aprontando?! Talvez você não veja isso mas eu vou mandar mesmo assim... Já sinto sua falta."

Um dia. Ual, isso está ai a muito tempo.

Peguei o celular na mão e o suéter, fui até o espelho para colocá-lo, ainda ouvindo as mensagens.