Capítulo XXVII - Mare

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Sendenta por sangue.

Me sinto uma Evangeline da vida, sem ligar para o quê os outros pensam sobre minha matança. Maven parece um pouco decepcionado comigo, por causa de minha nova... condição. Sinto uma pontada de arrependimento mais a afasto com um aceno determinado.

Quem fez isso comigo, terá de ser punido. Meu último laço com minha antiga vida. Meu sangue vermelho. E agora, prateado. Fico decepcionada comigo mesma por não ter conseguido lutar e impêdi-los, mesmo sem condições de ter feito isso. Mas quero resposta. Não irei aguentar ficar mais nenhum dia aqui sendo uma cobaia escondida.

Caminho que nem uma carniceira em direção a porta em que entrei, a procura de quem pode ter feito isso. E devido as condições, só posso desconfiar de Lane e Bran.

Mas pareciam tão gentis.

Dane-se.

Por pouco deixo meus pensamentos me consumirem, mas sinto ódio. Lane é a primeira a aparecer com uma bandeja de gazes nova.

- Mare, o que houve? - Questiona, piscando várias vezes em desentendimento.

- Eu sei o que vocês fizeram comigo! Como... pode? - Pronuncio as últimas em um tom choroso, mas em perder o foco.

- Mare, não sei do que você está falando. Juro. - Agora ela treme, temerosa pelas minhas faíscas dançando entre meus dedos. - É sério. - As últimas soam como uma súplica. Apenas saio em disparada, trombando em seu ombro, como um aviso. Não pense que irei esquecer. Mas ela logo passa a me seguir. - Onde vai? Você ainda não está em condições de sair por aí!

- O que está acontecendo aqui? - Bran troveja. Minhas faíscas chegam a recuar um pouco, mas logo as trago novamente. - Mareena?

- Por que você fez... isso? - Para completar - sem pensar - enfio minha unhas em minha próprias carne, ignorando a dor latejante conforme perfuro tecido por tecido. E como resposta, sangue prateado jorra do ferimento, mais do que esperado. Seu cheiro metálico ainda me enoja, e sinto minha visão turvar. Bran apenas encara o líquido prateado, analisando seu percurso, até pintar no chão.

Assim que a primeira gota atinge o assoalho, ele investe contra mim. Aproveita o já escancarado ferimento, repuxando-o mais. Grito de dor, e pouso minhas mãos sobre seus ombros. Um choque, não tão forte ao ponto de machucar, mas suficiente para me dar tempo de desvincilhar de seus braços fortes. Tento investir contra ele, mas o mesmo saca uma faca da bota e golpea meu braço. A lâmina atravessa a carne. Consigo ver o cabo no lado superior, e a ponta no lado inferior do braço.

Nem chego a gritar com a dor latejante, e Maven surge. Abre os braços, incendiando toda a cabana de madeira. Acena para mim, como um aviso. Saia. Mas minha intenção nunca foi deixá-lo ali. Segurando meu braço, que está em uma posição estranha e dolorosa, invisto contra Bran. Meu braço bom descarrega toda minha dor em forma de faíscas. Bran cai no chão, mas não morre.

Grito quando Lane passa por perto, tentando golpeá-lo também, mas ele apenas a puxa para si, e enfia a faca em seu coração. Lane cai em seus pés, e Bran pisa em sua cabeça.

Choro. E fujo. Maven tenta me seguir, abrindo paredões de fogo e incendiando mais ainda a casa já queimada. Bran joga uma outra lâmina em meus calcanhares e tropeço. Respondendo, Maven, raivoso, mira bolas de fogo enormes em Bran, e ele também tropeça, só que nos escombros torrados da casa, e vejo seu corpo pegando fogo junto.

Antes que eu possa continuar e sentir as lágrimas frias, Maven me pega no colo e me tira dali.

Ouço vozes e gritos. Uma legião.

Príncipe EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora