trinta e nove

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Logo pela manhã do outro dia, ambos correm sobre o gramado verdinho do parque que havia no campus. Jieqiong estava mais animada que o de costume, puxando Chan pela mão na corrida por aquele lugar silencioso, que agora era preenchido pelas risadas doces. Chan sorria, resmungando que ainda vestia suas calças do pijama, e eles logo chegam até o local combinado: a sombra gostosa debaixo da maior árvore do parque. Local onde como verdadeiros amigos eles conversavam por horas, contavam segredos e até poderiam se lembrar de alguns beijos roubados, principalmente pela parte de Chan. Era característico de Jieqiong deleitar-se desse tipo de situação; aquela garota sentia-se extremamente bem consigo mesma em ter alguém "aos seus pés", ainda que goste muito dessa pessoa. Eles eram amigos há muito tempo, e a morena sentia seu ego ir longe quando percebia os olhos de Chan brilharem para si.

— Sente-se aqui e me conte de uma vez o que você quer dizer, sua vaca.

— Não irei me sentar nessas folhas sujas, minhas roupas estão limpinhas.

— Vem aqui. — Jieqiong o puxa, fazendo-o sorrir sozinho. — São sete da manhã e eu merecia estar dormindo para me atrasar propositalmente para a aula de estatística, mas a bonita resolve querer conversar algo importante. — Diz, irônica.

— Pare de reclamar, Jie.

Chan encara suas lindas unhas, agora na cor lilás; Levanta o olhar e suspira ao observar o céu bonito da manhã, notando o vento fresco balançar as folhas da árvore sem frutos ou flores. Volta-se para Jieqiong, dizendo cada palavra acompanhada por um sorriso confiante.

— Eu estou gostando de um cara. Estou gostando pra caralho. — Sussurra o palavrão.

— Como assim? Q-quem?

— Seokmin, da nossa turma. — Ele esconde o rosto com as mãos.

— Lee Chan, sabe o quanto isso é errado. Esse cara tem namorado, o que deu em você?

— Eu sei, por isso mesmo que você não pode contar para ninguém. Se alguém souber, eu não quero nem pensar.

— Você não deveria continuar com isso, é o que tenho para te dizer. — Ela diz ríspida e direta, prendendo os cabelos num rabo de cavalo. — A propósito, você já conhece e conhece bem o namorado dele. Acha que teria chance?

Chan dá de ombros, arrumando algumas mechas do cabelo. Fica sem graça com aquele comentário, e apenas consegue imaginar que seria muito dificultoso ter que evitar olhar para o garoto em qualquer uma de todas as oportunidades de tinha, sendo estas nas aulas rotineiras, refeitório, corredores, dormitório... Sempre que o via por perto, sentia seu corpo chacoalhar-se por inteiro.

Alguém bate a porta do quarto de Minghao, Wonwoo e Hansol. O chinês é o único acordado no momento, que logo vai atender o visitante indesejado, mastigando alguns grãos na boca. Ao abrir a porta, vê Boo Seungkwan ali, que carregava um sorriso pequeno na sua costumeira cara de poucos amigos.

— Que visita ilustre na casa dos plebeus, a quem devo a honra?

— Quero falar com o Hansol.

— Apenas um minuto, querido.

Minghao o diz e Seungkwan agradece, assentindo com a cabeça. O loiro fecha a porta, gritando nos ouvidos dos garotos que um dia dormiam tranquilamente.

— Hansol Vernon Chwe, favor acordar e se dirigir até a porta do quarto, a rainha da Inglaterra o aguarda.

— Do quê está falando, seu animal? — Hansol se vira na cama, quase caindo dela.

— Sou apenas eu, Hansol, controle seus colegas.

Hansol reconhece de prontidão aquela voz, pulando da cama e imaginando todos os palavrões possíveis em sua mente enquanto se dirige ao espelho. Vestia apenas a cueca e nota a cara inchada devido a noite de sono "se ele quiser se casar comigo no futuro, vai ter que aceitar este meu estado externo todos os dias". Corre para a porta, tendo que aguentar os murmúrios irritados de Minghao assim que ouvira o garoto do lado de fora os chamar de colegas.

— Me desculpe, ele fica insuportável de manhã. — O loiro aparecia com metade do corpo para fora, sorrindo temeroso. — Eu tenho que fazer uma oração todos os dias antes de me levantar daquela cama, caso contrário terminarei com uns miolos a menos.

— Você está sem roupas?

— Eu... — Olha para si mesmo. — Está calor.

Seungkwan pensa por alguns segundos, não aguentando e rindo dele logo em seguida.

— Bem, estou aqui para resolvermos o negócio do carro. Eu fiquei muito preocupado ontem, quase não consegui dormir.

— Seungkwan, acontece que... está tudo sobre controle. — Ele mantém o olhar baixo em alguns momentos. — Ontem, ontem...

— Tudo sobre controle? — O castanho pergunta, confuso. — Estou morrendo de preocupação com tudo o que aconteceu, e você tem isso a me dizer?

— Foi tudo uma brincadeira ontem, de muito mau gosto, eu sei. Wonwoo fora até lá... e levou o carro.

Seungkwan o encara de olhos arregalados. O outro engole em seco, nunca o havia visto ter tido uma reação como essa.

— Então ele riu e me contou hoje do que havia feito, você imagina o quão bravo eu...

— Cala a boca, Hansol.

O maior fica em silêncio, assustado. Logo, tenta entendê-lo.

— Por quê está dizendo isso, meu amor?

— Eu não quero que me diga coisa alguma. — Dá um passo atrás.

A porta do quarto se abre por inteiro, e Hansol persiste em tentativas falhas de se aproximar o bastante para segurar sua mão e conversarem novamente, mas o garoto continua a se afastar e fugir. Eles caminham sem parar pelo corredor e Seungkwan sente lágrimas de raiva aparecerem e ameaçarem rolar sobre seu rosto.

— Seungkwan, por favor, não saia desse jeito.

— Vai se foder!

O volume da confusão apenas aumentava, detalhe que chama a atenção de alguns alunos próximos. Dentre estes, olhares curiosos sobre a discussão de dois garotos, estando um deles praticamente nu ocasionam novos flashes e vídeos da situação, tudo de uma maneira discreta o bastante para que os envolvidos não percebam. Seungkwan corre dali, o deixando falar sozinho em meio as suas histórias furadas e explicações sem nexo algum para si. Ele sente cansado de ter se tornado um imã para problemas, não importando quais sejam, eles sempre tornam a aparecer.

E Hansol era outro grande problema.

moans [verkwan]Onde histórias criam vida. Descubra agora