nove

2.6K 385 362
                                    

O professor de matemática financeira tinha a vontade de lecionar tão alta quanto a de Hansol à acordar cedo. Neste caso, é quase nula. Alguns alunos entram e saem dali, o que tira a sua atenção de alguma forma. Vasculha seu pequeno estojo, enrijecendo os lábios ao notar a falta de algo.

— Ei. Pode me emprestar uma borracha? — sussurra para a aluna ao lado.

— Claro.

A garota de cabelos curtos mexe em sua bolsa, retirando o pequeno objeto segundos após. Ela lhe entrega a borracha colorida.

— Obrigado. Eu estou errando demais.

— E não é o único. Poderia me dizer em que língua ele está falando?

Os dois riem. Ela ajeita seu cabelo atrás da orelha.

— Eu ainda tenho que me acostumar com tanta coisa aqui.

— Eu também. É meu primeiro ano aqui. — A loira faz uma rápida saudação. — Kang Kyungwon.

— Ah, sim. Vernon, Hansol Vernon. — Ele repete e sorri.

O professor se vira para escrever em sua lousa, e o garoto se aproxima dela.

— Você sacou o negócio de ter gente de outros anos nessa sala?

— Ah sim, me explicaram isso. Quem ficou devendo nota em alguma matéria, tem de frequentar aquelas aulas normalmente no ano seguinte para repor. Por exemplo... Kang Yebin, Choi Yu Na, Boo Seung Kwan, Lee Chan... Todos estes são do segundo ano de Ciências Contábeis e ficaram devendo nota.

— Entendi. Seungkwan... Você o conhece?

— Na medida do possível. Ele anda com uns garotos irritantes. A propósito, aquele soco no Jeonghan foi digno.

— O quê? Você...? — Vernon ri.— Eu não acredito que todo mundo viu isso.

O professor pousa seus olhos sobre ambos.

— E Hansol, poderia me citar a fórmula que precisaremos usar nesta aula?

— E-eu... Assim... — começa a gaguejar, encarando sua mesa.

— S=C(1+i)^n, ou seja, montante é igual ao capital principal multiplicado por um, somado à taxa de juros e elevado ao número de meses. — Kyungwon lhe responde, batendo as unhas na carteira.

— Ótima resposta, mas você ainda pertence ao gênero feminino, senhorita. — Ele exibe uma carranca em seu rosto. — Terminem os exercícios da lousa.

Hansol revira seus olhos, fazendo a garota rir baixinho. Ele encara seu caderno, notando o erro que havia cometido na conta. Conclui que ele deveria colocar o número de meses no pequeno n e os exercícios o forneciam em trimestres, quadrimestres, semestres... Céus.

O garoto se acostuma ao ritmo, assim que sua remessa de números fora resolvida, e o professor começa a escrever uma nova sobre o quadro branco. Seus olhos vão até a janela, encarando o sol que batia ali. Este, parecia sorrir, era bom que estivesse com um ótimo humor hoje.

"Eu também quero um ótimo humor." pensa.

Conforme sua lapiseira trabalhava na folha de caderno, e seus dedos digitavam as contas precisas na calculadora financeira, seu cérebro pedia por um momento de paz e descanso. Sentia-se ansioso, e não compreendia o por quê. Hansol já se deu conta de que esse momento não existirá mais, algo como se ele houvesse entrado na fase da declinação.

Mas aquele era o segundo dia. Logo mais iria relaxar em seu quarto à noite, talvez pedir algo diferente para comer. E não tardaria até que o final de semana chegasse e, com ele, a tão esperada festa de Mingyu. Não que Vernon fosse alguém que adorava esse tipo de situação, mas que mal faria um salão alugado com música, bebida e pessoas que na qual poderiam ser seus amigos? Não estava tão confiante na última parte, contudo, ainda sim era um ambiente na linha tênue do agradável.

Boo Seungkwan levanta a sua mão, fazendo com que muitos olhos o encarem, principalmente os de Hansol.

— Professor! Na minha calculadora os números estão diferentes... eu devo arredondar?

— Deixe-me ver.

O mais velho vai até a sua mesa.

Professor... professor.

Os números estão diferentes.

Hansol sorri sozinho ao imaginar a recordação de sua voz ao pronunciar aquilo. De fato formidável a maneira com que as suas sombrancelhas pulavam e um biquinho era formado em seus lábios rosados. Tão lento e preciso na hora de falar, expressando-se com clareza em cada uma das sílabas. Aquele som era capaz de causar um transe no garoto mais jovem, que já havia acabado sua tarefa, se deliciando nos pensamentos.

Dessa forma, estes, iriam para um lado mais impróprio do que costumavam estar.

Hansol leva a mão à cobrir sua boca, semicerrando os olhos ao vazio. Por quê estaria tão impressionado depois de ver e ouvir toda a cena da noite passada? Ainda lhe era algo extremamente novo, uma sensação que não conseguia controlar. Parece que o castanho podia entender o motivo de sua ansiedade.

Sempre que Seungkwan abria a sua boca para dizer algo, Hansol desejava poder ouvir ali mesmo os mesmos barulhos intensos e dolorosos.

Até mesmo quando ele mexia seus lábios, mordendo ou os umedecendo rapidamente com a língua... Por Deus, aquilo significava o paraíso para o outro.

O professor passa pela carteira de Hansol, conferindo discretamente sua lição terminada. Faz isso em outras fileiras, até que o sinal toca, e vejo um Minghao apressado na porta.

— Mas o quê esse chinês maldito...?

Hansol solta uma risada anasalada, juntando seus livros e os carregando consigo. Ao passar pela frente da sala quase vazia, tropeça, se apoiando na parede mais próxima. Alguns garotos riem, principalmente o que estivera sentado. Yoon Jeonghan, carregando uma feição de desaprovação.

— São os meus sapatos novos, veja bem por onde pisa. Espero não ter nenhum risco neles.

Hansol sorri de maneira falsa para ele, notando o grupo que se reunia logo atrás. Que surpresa!

— Vem, Hansol. — Minghao chega, o puxando pelo braço.

— Desde quando você tem mãe chinesa, Hansol? Achei que fosse americano?

— Você quer parar? Não vê que a graça já acabou há tempos? — Vernon responde, irado.

— Você quer parar de cruzar o meu caminho? Eu adoraria vê-lo bem longe daqui, não merece dividir o ambiente com... pessoas que realmente devem estar aqui.

— E-eu não vou nem te responder...

— No fundo eu te entendo, você tem medo de apanhar mais. — Jeonghan sorri.

— Vai pra porra.

Hansol deixa a sala, sem trocar palavras com o amigo ao lado. A vontade de causar outra briga ali era imensa, porém não era o certo a se fazer. Ainda decidia manter sua vaga muito bem preenchida, seu futuro dependia disso.

Eles vão até a biblioteca, tendo o período de aulas diárias acabado.

dps eu beto flw eh nois

nossa eu amei esse vai pa porra

obrigado pra quem ta lendo tw amo

moans [verkwan]Onde histórias criam vida. Descubra agora