Capítulo quatro - E agora?

1K 94 6
                                        

   Edmund Vladivostok está falando no celular. Felizmente, ele está do outro lado da estrada, mas eu não sei o que vou fazer. E já começo a chorar imaginando que Jacob já deve saber onde todos nós estamos.
   Procuro por algum lugar para me esconder antes que ele me veja. Vou me esconder atrás de um carro e me amaldiçoo por não ter levado uma sacola para a comida.
   Observo Edmund desligando o celular e agora está atravessando a estrada para entrar na McDonald's, mas o seu celular volta a tocar.
   Ele pára seus passos e atende. — Irmão!
   Ah, não! É o Jacob!
   — Não se preocupe. Estou fazendo apenas uma pausa para comer. — Ela olha para os lados. — Nós vamos encontrar ela. Tenho a certeza disso. Vai ser mais fácil agora que sabemos que Travis está aqui também.
   Eles estão falando de mim. Meu Deus! Eles sabem onde o Travis está. Isso não é possível! Vladimir deve ter nos entregado. O Maldito nos entregou!
   — Você sabe que a Rachel é esperta. Eu também sei disso, mas eu sou mais. Meus homens estão rodando a cidade. Se eu encontrar a Daise encontro a Rachel. — Ele tira os óculos escuros. — E se eu encontrar o Travis, você já sabe!
   Ele vira para a direção do carro que estou me escondendo e eu baixo mais para não ser vista. Será que ele me viu?
   — Claro! Não se preocupe, irmão. Depois conversamos. — Oiço seus passos se afastarem e choro de tanto alívio. Mas ainda tenho medo. Eles estão procurando a gente por toda a cidade. Não vai demorar muito para nos encontrar.
   Me certifico de que não tem ninguém para eu poder ir embora. Preciso sair daqui o mais depressa possível. Daise precisa saber que Jacob já sabe onde estamos. Será que vamos ter que fugir outra vez?
   — Rachel! — Paro e fecho os olhos. Não quero virar e olhar para ele. Não gosto que me vejam chorando.
   — O que você quer? Eu preciso ir. — Digo.
   — Esse é o meu carro.
   — Eu já estava indo embora. — Ele segura o meu braço e me vira. Olho para baixo.
   — Você está chorando!
   — Eu só quero ir embora. — Olho para a comida nas minhas mãos. Nem louca que eu vou deitar fora.
   — Eu posso levar você.
   — Obrigada. — Não posso negar porque Edmund pode sair a qualquer momento. Mesmo que ele seja insuportável, mesmo que eu não queira estar aqui, não tenho outra escolha.
   Entramos no carro e eu agradeço por os vidros do carro não serem transparentes. Nesse exato momento, Vladivostok sai da McDonald's e olha para o carro do Shane.
   Foi por pouco.
   Shane começa a dirigir, deixando aquele homem horrível para trás. Preciso dizer para Daise ter cuidado. Agora temos que ter muito cuidado.
   — Está melhor? — Ele pergunta.
   Encho a minha boca de hambúrguer para não falar com ele. Apenas aceno afirmando e olho a cidade pelo vidro do carro.
   — Porquê estava chorando? — Ele pergunta.
   — É pessoal. — Como mais um pouco.
    — Está bem. Seja o que for, espero que você consiga resolver. — Ele diz olhando para a estrada.
   Estranho ele não estar mostrando o seu lado irritante. Talvez porque esteja com pena de mim. Mesmo assim. Isso não vai dar certo. Nunca devia ter me envolvido com ele.

   Shane me acompanha até a porta. Acho que foi um erro ter dado o meu endereço, mas não importa. Possivelmente, estaremos indo embora de novo. Mas não posso permitir que minha mãe e o Travis fiquem aqui.
   Olho para o Shane um pouco envergonhada. Porquê só há momentos embaraçosos quando eu estou com ele? Porquê as coisas não podiam ser mais fáceis para mim?
   — Muito obrigada! Sinto muito ter ido embora daquele jeito, mas você mereceu.
   Ele ri. — Acho que mereci.
   — Então, a gente se vê! — Digo porque não sei se vamos fugir hoje mesmo.
   — Nos vemos amanhã. — Ele se aproxima para beijar a minha testa. — Fique bem.
   Uso as minhas chaves para entrar no apartamento e aceno para ele, que já vai em direção ao elevador. Acho que passei a gostar um pouquinho (só um pouquinho mesmo)dele, depois que me salvou hoje.
   — E então, Rach! — Daise está no sofá pintando as unhas. Ela olha para mim sorrindo. Shane tem razão. Ela sorri demais.
   — Tenho péssimas noticias para você, amiga. — Sento no outro sofá.
   — O quê? Ele tem namorada? — Ela pára o que está fazendo.
   — Eu vi o Vladivostok na McDonald's. E ouvi ele conversando pelo celular com o Jacob.
   — Não! — Seu sorriso desaparece. — E agora, Rachel? Você acha que devemos arrumar as nossas coisas e ir embora daqui? Ele não viu você?
   — Não. Felizmente, Shane apareceu à tempo e me trouxe para casa.
   — Como assim?
   — Eu briguei com o Shane e sai, depois vi o Edmund. Se Shane não viesse atrás de mim, eu não sei o que seria. — Coloco a mão no meu peito.
   — E o Travis? E a sua mãe?
   — Acho que ainda não encontraram eles, mas eu tenho que avisar. — Pego no celular para ligar para minha mãe.
   — Vamos embora? — Ela fica triste.
   — Ainda não sei.
   Minha mãe atende o celular. — Filha!
   — Mãe, como a senhora está?
   — Eu estou bem. Tirando a parte das saudades que eu sinto de você. E como você está?
   — Péssima, mãe. O Vladivostok está em Boston. Está procurando a gente.
    — Meu Deus! Não diga uma coisa dessas, por favor!
    — Eu não sei o que vamos fazer, mas por enquanto, eu peço que tenha muito cuidado.
   — Claro. Eu vou ter cuidado.
   — Eu preciso desligar. Fica bem.
    — Você também. Manda um abraço para a Daise. — Ela diz.
   — Claro! Adeus.
   Desligo e olho para Daise que está apavorada. O que vai acontecer se Jacob encontrar a gente? Bom, resumindo, vai me obrigar a trabalhar com ele de novo, vai aprisionar a minha mãe e só Deus sabe o que fará com a Daise e com o Travis.
   — Eu não quero voltar para aquele lugar. — Digo. — Porquê ele não pode simplesmente nos deixar em paz?
   — O que você acha que ele vai fazer comigo? Eu era a melhor amiga do Marco. Ele vai me matar!
   — Eu não vou deixar ele fazer isso.
   — Você disse o mesmo ao Marco e veja onde ele está agora! — Ela chora.
   Abraço ela. — A diferença é que ele fazia parte dos inimigos. Você não faz parte dos lobos negros. Você era só amiga dele. Você é a minha irmã.
   — Não podemos pedir ajuda?
   — Não. Temos que agir sozinhas e esperar que um milagre aconteça. — Digo. — Um milagre dos grandes.
   Beijo a sua testa e a abraço mais apertado. Não vou permitir que Jacob machuque mais ninguém que eu amo. Eu vou acabar com ele primeiro. Ou não me chamo Rachel Patrichia Colson.

Completamente quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora