Capítulo catorze - Eu gosto dele!

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    Leio a mensagem do Shane de novo e de novo. Ele foi embora por causa do que eu disse ontem. Mas não era exatamente aquilo que eu quis dizer. Na verdade, saiu sem pensar. Agora me sinto muito mal, não devia ter feito aquilo.
   Saio do quarto depois de um banho e vou sentar perto do Travis. Ele está comendo e olhando para mim como se soubesse de tudo. Mas ele não sabe.
   — Ligou para ele? — Minha mãe pergunta.
   — Não. Eu acho que não devo ligar. Não quero incomodar ele.
   — Então, porquê está assim? — Ela serve panquecas com mel para mim.
   — Mamãe, o Shane foi emboia? — Travis pergunta.
   — Sim. Ele teve um assunto muito importante para tratar. É por isso que não se despediu de você.
   — Eu gostei do Shane. — Ele diz e bebe seu leite.
   — Você deveria ligar para ele. Tenho alguma noção do que aconteceu com vocês. — Minha mãe aponta para o celular.
   Talvez não seja verdade.
   — Acho que a senhora sempre tem razão. — Pego no celular e levanto para ligar para ele.
   Mas é claro que dá desligado. Ele não quer mais saber de mim. Antes de quebrar o coração das pessoas tenho que pensar nas consequências. E para ser sincera, nenhuma das palavras que falei para ele ontem a noite eram verdade.
   Tento mais uma vez, mas o resultado é o mesmo. Ele não atende.
   Volto para a cozinha e como as minhas panquecas sem muita vontade. Minha mãe apenas olha para mim com o olhar de "eu avisei". Eu pensei que não queria que Shane fizesse parte dos meus planos. E eu não sei se quero, estou muito confusa. Me sinto muito mal por ter dito aquilo para ele.
   Sinceramente, não foi só um momento.

              Shane

   Fico sem nada para fazer depois de arrumar as minhas coisas. Já é de noite e eu estou aqui pensando no que aconteceu ontem. Eu sei que não devia ter ido embora daquele jeito, mas não ia aguentar mais um dia ao lado dela. Sempre que ela abre a boca para dizer alguma coisa, eu me machuco.
   Ontem, quando ela me beijou, eu tive esperança que fosse ficar comigo. Nunca me desiludi tanto na minha vida. Pensei que ela gostava de mim. Mas se ela pode fingir, eu também vou fingir.
   Cansei de ir atrás dela o tempo todo. Preciso pensar mais em mim. Já foi o suficiente o que aconteceu com a Blaire. Eu posso tirar a Rachel da minha cabeça.
  Vou tomar um banho quente e depois me arrumo para sair. Preciso descontrair um pouco. Quem sabe eu não encontre algo divertido para fazer.
  Saio de casa e pego no celular para ligar para o Paul. Caminho pela calçada, não por opção, mas porque meu carro já era. E ainda não me sinto bem por não lembrar do que aconteceu na noite acidente. Pelo menos, não me deixou com trauma e consegui levar Rachel...
   Céus! Preciso mesmo parar de pensar nela.
   O número do Paul está desligado, por isso guardo o celular e continuo caminhando. Queria que ele me fizesse companhia, mas vou ter de ir sozinho.
   De repente, um carro preto pára quando estou prestes a atravessar a estrada e cinco homens descem. Caminho em direção oposta, mas eles me agarram.
   — Algum problema? — Pergunto.
   — Não é nada pessoal. Só estamos fazendo o nosso trabalho. — Ele bate com a arma na minha cabeça e caio no chão.
   — O que vocês querem?
   — É um castigo pelas suas mentiras. — Outro me dá um soco do rosto.
   Que mentiras?
   Eu tento me proteger, mas eles são demais. Eles me batem até que eu perco a consciência.

         Rachel

   Acordo sobressaltada e levanto da cama imediatamente. Tive um pesadelo horrível com o homem que tem me assombrado nesses anos. Meu ritmo cardíaco está acelerado demais, por isso respiro devagar e tento me acalmar.
  Saio do quarto do Travis e vou tomar um banho. Infelizmente, tenho que ir embora hoje. Queria ficar mais tempo, mas tenho assuntos inacabados com Jacob. Preciso resolver o quanto antes.
   Também não sei se devo ir atrás do Shane. Acho que ele deve estar muito furioso e não queira me ver nem pintada de ouro.
   Termino o banho, seco o cabelo e depois visto uma calça jeans, uma blusa preta e ténis. Vou para o quarto do Travis arrumar as minhas coisas e vejo ele sentado na cama.
   — Bom dia, meu amor! — Abraço ele.
   — Mamãe, vochê está indo emboia? — Ele olha para suas mãozinhas.
   — Sim. Eu preciso ir.
   — Pocho ir também?
   — Travis, eu não posso. Ainda não. Prometo que vou voltar para buscar você, está bem. Vamos morar numa outra casa e eu não vou mais ficar longe nem um segundo.
   Ele começa a chorar e isso quebra o meu coração. Pode não parecer, mas eu sou bastante sensível. Principalmente, quando se trata do meu filho.
   — Não vai, mamãe.
   — Não chora, filho! Eu vou voltar. Eu prometi, não prometi?
   — Eu não queio ficar sozinho. — Ele limpa as lágrimas, mas não pára de chorar.
   — Claro que não! Você vai ficar com a sua avó. E eu vou voltar. Vou levar você para a escola quando tiver pronto, vou passear com você e contar histórias todos os dias. Confia em mim. — Abraço ele.
   — Eu vou ter saiudades.
   — Eu também. Prometo que vou ligar para você.
   — Não demoia, por favor! Senão vou choiar todos os dias.
   — Vai ver que os dias vão passar rápido. — Beijo sua bochecha. — Não esqueça que eu te amo muito, muito! Do tamanho do universo.
   — Eu também te amo, mamãe. — Ele me abraça apertado, mas não quer me soltar. Assim não vou conseguir sair daqui.
   Quando ele me solta, pego nas minhas coisas e saio do quarto. Vou para a cozinha despedir a minha mãe e ela me dá um abraço.
   — Se cuida, por favor! — Ela passa a mão no meu cabelo.
   — A senhora também. E por favor, não deixe o Travis ficar triste.
   — Vou tentar. — Ela me abraça mais uma vez. — E resolva o conflito que há no seu coração. Shane parece ser um bom garoto.
   — Eu preciso ir. Até breve!
   — Até breve!
   Travis sai do quarto e vem correndo me abraçar. — Adeus, mamãe.
   — Até breve, meu bebê!

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