Capítulo vinte e cinco - Ainda bem que conheci você

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    Quando Shane desliga o celular me deixa mais preocupada ainda. Visto imediatamente e tento ligar para ele de novo. Se Jacob mandou os seus homens fazerem alguma coisa, não sei se vou aguentar.
   Daise olha para mim andando de um canto para o outro. Travis está distraído com a TV e é melhor assim. Preciso saber o que está acontecendo. Tenho vontade de chorar porque ainda essa tarde a gente estava falando sobre cuidar da nossa família.
   Ligo novamente, mas ele não atende. Preciso ficar calma por causa do bebê, mas eu não consigo.
  — Algum problema? — Daise pergunta.
   — Shane! — Tento novamente, mas nada. — Eu preciso sair. Cuida do Travis.
   — Onde você vai, mamãe?
   — Resolver alguns assuntos. Se comporte!
   Vou pegar a minha bolsa e saio fechando a porta. Entro no elevador e tento ligar para o Shane mais uma vez. O resultado é o mesmo.
   — Céus! Tenho tanto medo!
   Quando saio do elevador vou até o estacionamento buscar o meu carro. Entro e ligo os motores imediatamente, depois coloco as mãos no volante e dirijo em direção a estrada.
  

   Uso as chaves que Shane me deu há uma semana e entro no apartamento. Não vejo nenhum sinal dele. Está tudo organizado e silencioso. Espero que ele esteja aqui. Procuro por algum sinal e vejo as chaves dele por cima da mesa.
   Vou para o quarto e vejo ele deitado na cama. Não sei se é por alívio ou por medo, mas eu começo a chorar. Shane abre os olhos e olha para mim, depois fica sentado na cama um pouco confuso.
   — O que você está fazendo aqui?
   — Eu... Fiquei preocupada com você. — Vou até ele e subo na cama.
   — Eu estou bem. Não precisava ter vindo. Eu disse para não sair de casa sozinha, Rachel. É muito perigoso.
   — Desculpa! — Abraço ele. — O que você está sentindo?
   — Dor de cabeça. Amor, eu me lembro agora.
   Olho para ele. — Lembra do acidente?
   — Sim. Foi pior do que eu pensava.
   — Lembra também do homem que bateu contra a gente?
   — Lembro. Você estava assustada. Eu também estava.
   — Acho que é melhor a gente não falar disso.
   — Tem razão. Já passou. Mas ainda estou com a cabeça doendo. — Ele beija a minha mão. — Não precisava ter vindo.
   — Já estou aqui. Vim cuidar de você.
   — Adoro quando cuida de mim, mas nesse momento eu tenho que cuidar de você. — Limpa as minhas lágrimas.
   — Eu estou bem. — Beijo ele.
   — Não devia ter deixado o Travis. Vamos voltar para casa.
   — Ele está bem com a Daise. Não se preocupe!
   — Mesmo assim, amor. Quero muito cuidar de você e dormir abraçado a você...
   — Estou aqui. A gente pode fazer isso. — Acaricio o seu rosto.
   — Rachel! Amor, o que você está fazendo comigo? — Ele afasta uma mecha do meu cabelo e me beija.
   — O mesmo que você está fazendo.
   — Da próxima mais não sai de casa sozinha.
   — Eu estava preocupada com você. Queria que eu ficasse o tempo todo ansiosa, esperando você dar noticias?
   — Não passou nem duas horas. Não exagera!
   — Eu tenho medo. Você sabe disso!
   — Eu sei. E eu também tenho muito medo. Você nem imagina o meu desespero. Tem vezes que não consigo dormir, eu só fico bem quando sei que você está bem. — Ele beija a minha testa.
   Suspiro.
   — Você lembra do rosto dele?
   — Sim. As memórias surgiram na minha cabeça como se tivesse acontecido ontem. E minha cabeça ainda dói.
   Toco a sua testa. — Vou fazer um chá especial para você.
   — Não precisa. Tenho que levar você para casa.
   — Eu quero dormir com você. — Me aconchego no seu colo. — Tenho saudades!
   — Eu também tenho saudades. Mas preciso acordar cedo para buscar o meu pai. Acho que ele vai dormir aqui.
   — E sua mãe?
   — Não pôde vir. Não se preocupe que terá muito tempo para conhecer ela.
   Sorrio. — O que isso significa?
   — Significa que você já é parte da família Walter.
   — Está bem. Eu posso me contentar com isso. — Rimos. — Mas eu vou dormir aqui hoje. Vou pedir para Daise dormir com Travis.
   — Céus! Porquê só me aparecem as teimosas?
   — O quê?
   — Nada! — Ele ri.
   — Sim, vou fingir que não ouvi nada.
   — Então, se você vai ficar, traga o chá para mim.
   — Você vai adorar!
   Levanto e vou para a cozinha preparar o chá. Tenho a certeza que o chá de funcho vai ajudar ele. É nesses momentos que gostaria de me formar em medicina. Assim poderia cuidar melhor do Shane e saber o que fazer.
   Termino de fazer e levo para o Shane. Ele sorri, deixa a chávena na mesa de cabeceira e me abraça. Um abraço bem gostoso.
   — Ainda bem que você está aqui.
   — Teve tantas saudades assim? — Sorrio.
  — Você não imagina!
  — O bebê também.
   Ele se afasta e toca a minha barriga. — E se forem gêmeos?
   — Qual é o problema de gêmeos?
   — Não teremos sossego até eles terem dez anos.
   — Por acaso, eu adoraria que a nossa casa fosse barulhenta por causa das crianças. — Digo.
   Ele sorri. — Quantos filhos você quer?
   — Não sei. E você?
   — Vou pensar sobre isso. — Ele toca o meu joelho, depois sobe até as coxas.
   — O que você está fazendo, senhor não santinho?
   — Tenta adivinhar! — Ele me deita na cama e me beija. E esse beijo se torna mais quente, pois acabamos por fazer amor.

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