Capítulo vinte e quatro - Não quero ficar sem você

862 92 12
                                        

               Duas semanas depois

    Hoje o dia está maravilhoso. O sol brilha, os pássaros cantam e parece que tudo está mais agradável. Shane levou a gente para fazer um piquenique na praia. Já faz um bom tempo que não faço essas coisas. Só aceitei porque sei que Jacob está de olho em mim.
   Sorrio ao ver Shane e Travis fazendo um castelo de areia animadamente, enquanto eu fico só olhando, sentada  na espreguiçadeira. Sou capaz de me habituar a essa vida.
   — Icho é muito difícil! — Travis diz.
   — Não era o que você queria? Fazer um castelo de areia?
   — Sim. É o que eu queia. Mamãe?
   — Sim, Travis? — Olho para ele.
   — Eu pocho nadar?
   — Claro que não! O mar é muito perigoso, filho!
   — Eu posso ir com ele.
   — Travis não sabe nadar!
   — Eu não vou largar ele. Prometo! — Ele toca o meu joelho e acaricia lentamente.
   — Mamãe! — Travis faz beicinho.
   — Está bem! Mas só por dez minutos e nada mais.
   Eles nem dizem mais nada e vão correndo em direção  ao mar. Eu fico observando para que não façam nada errado.
   Oiço o meu celular na bolsa e atendo. — Alô!
   — Como você está, olhos de Esmeralda?
   — Porquê está ligando?
   — Eu pensei que já tínhamos ultrapassado as nossas desavenças! — Ele nem parece triste. Parece bem disposto. — Liguei para avisar que você tem apenas uma  semana.
  — O quê? Jacob, você não pode fazer isso. Eu estou bem e Travis também.
   — Você pensa que está tudo bem.
   — Não foi o suficiente ter sequestrado o meu filho?
   — Eu faço essas coisas por amor à você. Já avisei, agora preciso desligar. Fique bem! — Desliga sem me deixar dizer nada.
   Eu ainda não falei com Shane sobre isso. O que ele vai pensar? Com certeza vai ficar bravo e muito magoado. Não quero que isso aconteça logo agora que a gente está tão bem.
   — Desculpa! — Um homem senta ao meu lado. — Esse lugar está ocupado?
   — Sim, está! — Digo, mas ele já está sentado. Procuro por alguma tatuagem no seu corpo e fico aliviada por não ver nenhuma.
  Isso não é vida! Viver o tempo todo desconfiando que todo mundo quer me matar, não é nada agradável. Até quando isso vai durar?
   — Pensei que estava sozinha. Quer dizer, uma mulher tão linda assim, eu não te deixava sozinha. — Olha para os meus peitos. Os homens não têm vergonha mesmo!
   — O meu namorado... — Procuro Shane no mar, mas ele está vindo para cá com Travis nos braços. — Ele está vindo.
   — Ah! Eu não fazia ideia! — Ele levanta imediatamente. Também quem não teria medo de alguém mais alto, mais forte e completamente furioso?
   — O que está fazendo? — Shane pergunta para ele quando chega até nós.
   — Desculpa! Eu não sabia que ela... Desculpa! Já estou indo embora!
   Ele sai correndo me fazendo rir, mas Shane não acha isso engraçado, então paro de rir.
   — Devia escrever na sua testa "grávida " assim eles não iam aparecer! — Ele põe Travis no chão.
   — Não exagera!
   — Mamãe, eu nadei! — Travis sobe no meu colo.
   — Eu vi, meu bebê! — Abraço ele.
   — Cuidado, Travis! — Shane fica desconfortável ao ver Travis se apoiando na minha barriga. Isso é até engraçado.
   — Eu estou bem, Shane! — Rio. — Porquê você não vai comprar uma bebida para a gente?
   — Está bem! — Ele vem me beijar. — Travis, cuida da mamãe! Não deixa nenhum homem se aproximar!
   Ele ri. — Não vou deixar.
   Shane vai correndo comprar bebidas e eu converso com Travis. É muito bom ter ele comigo todos os dias. Antes eu via ele poucas vezes e era doloroso ficar longe dele por muito tempo. Ainda que já não é assim. Mas espero conseguir proteger ele desse jeito também.

   Depois da praia voltamos para casa e tomamos um banho. Travis adormece automaticamente, deve estar muito cansado. Ele brincou demais hoje.
   Sento no sofá com Shane, pensando se eu conto ou não conto sobre o Jacob. As coisas estão tão bem que não quero estragar isso. Ele vai ficar triste e furioso por não ter dito antes.
   — O que foi, pequena? — Ele beija a minha testa. — Algo de errado?
   — Jacob ligou para mim na praia.
   — Ah! O que ele disse?
   — Não importa! Quando os seus pais vão chegar? — Mudo de assunto.
   — Amanhã. Não muda de assunto, Rachel, eu sei que aconteceu alguma coisa. Conta o que está acontecendo.
   — Primeiro, promete que não vai ficar bravo comigo! — Peço.
  Ele franze a testa. — Eu vou tentar.
  — Shane!
  — Está bem. Eu prometo! Não vou ficar bravo com você.
   — No dia em que Jacob me deixou voltar para casa, ele disse...
   — Continua!
   — Ele disse que se as coisas não estivessem bem comigo, ele viria me buscar à força. E eu tenho só uma semana.
   — Mas tudo está ótimo! Você não tem que se preocupar.
   — Foi o que eu disse. Mas ele disse que não acha que as coisas estejam bem.
   — Ele não vai fazer nada. Eu não vou deixar! — Ele me aperta num abraço. — Ele não pode fazer isso. Não agora que a gente está cuidando da nossa família.
   — Ele é poderoso. Eu não quero que machuque você. E saiba que ele não se importaria com que eu sinto por você. Ele fez isso com Marco.
   — Não importa! Então, ele só vai me afastar de você me matando mesmo!
   — Não diga isso, Shane, por favor! — Choro. A gravidez me torna mais sensível do que já sou. — Eu não quero ficar sem você.
   Ele enxuga o meu rosto com sua mão e me beija. Um beijo casto, mas demorado. Adoro o seu jeito carinhoso.
   — Eu também não posso mais ficar sem você. Você tem ideia do quanto você é importante para mim? — Ele me obriga a olhar para os seus olhos, segurando o meu queixo.
   — Eu tenho uma ligeira ideia. — Consigo sorrir. — Shane? Você me ama?
   — Essa sua pergunta é muito idiota, sabia? — Ele ri.
   — Pára de rir!
   — Você é a mulher que eu penso todos os dias, que eu quero ver todos os dias. Você é a mulher que eu quero conquistar todos os dias, a mãe dos meus filhos, a dona do meu coração. Você é tudo para mim, Rachel. Então, não, eu não te amo! — Ele morde o lábio inferior para não rir.
   — Então, eu também não te amo! — A gente se beija apaixonadamente, esquecendo de todos os problemas. Shane toca o meu rosto e acaricia a minha perna, sugando a minha língua desesperadamente, me beijando como se não houvesse amanhã.
   Quando ponho as mãos no seu cabelo, ele aumenta o ritmo e as nossas línguas entram em guerra, lutando perigosamente, devorando uma a outra. Shane me deita no sofá e fica por cima de mim sem separar sua boca da minha. E cada vez mais, fico viciada no seu gosto doce e molhado. O nosso beijo se torna mais desesperado e selvagem, está impossível parar.
   Continuamos nos beijando até que não dá mais. Precisamos de ar. Bom, eu preciso, Shane parece não se importar se morre sufocado.
   — Céus! — Digo sem fôlego.
   — Já sem ar?
   — Como você consegue me deixar assim? — Brinco com a sua blusa.
   — Você não imagina como eu treinei. — Ele ri e me beija novamente.
   — Shane... Você quer casar comigo? — Pergunto. Não é apenas emoção do momento. É o que eu quero. Quero que faça parte da minha vida até ao resto da minha vida.
   Ele senta no sofá sem acreditar. — Você está falando sério?
  — Muito sério.
  — Meu Deus! — Ele passa a mão no cabelo.
   Então, eu me lembro que era para a gente ir com calma. Estou deitando muita pressão para cima dele, a gente nem tem dinheiro, uma casa de verdade, ele não trabalha. Estou indo rápido demais.
   — Desculpa! Eu estou indo rápido demais. Não precisa responder agora se não quiser. — Brinco com o seu cabelo.
   — Obrigado! — Ele me abraça e beija o meu pescoço.
   A gente fica assim por muito tempo. Apenas sentindo o toque, o calor um do outro e aproveitando a presença. Estou perdidamente apaixonada por ele. De um jeito que nem sei explicar. Tenho medo de perdê-lo. Não posso deixar a felicidade escapar das minhas mãos de novo.
   — Eu preciso ir agora. — Ele me beija.
   — Não! —Abraço sua cintura. — Fica só mais um pouco.
   — Não faz essa cara, amor! Você sabe que eu não resisto.
   Continuo fazer para ele ceder. — Fica!
   — Rachel!
   — Por favor!
   — Eu tenho exame amanhã e preciso estudar. Você já é distração suficiente quando está longe de mim, imagina perto?
   — Tudo bem. Mas não esquece de ligar para mim.
   — Não vou esquecer! — Ele me beija e depois pega nas nas suas coisas. — Te amo!
   Sorrio ao ouvir isso. — Eu também te amo.
   Ele sai e fecha a porta.
   Daise entra em seguida e olha para mim como se soubesse de tudo o que está acontecendo. Se é sobre eu estar apaixonada, então ela sabe sim.
   — Que sorriso! Shane não está brincando em serviço!
   — Digamos que sim. Não tenho culpa se ele é o melhor namorado do mundo. Estou tão feliz, amiga! — Deito no sofá.
   — Não quero estragar a sua felicidade, mas o  Shane sabe que o Jacob quer levar você?
   — Claro que sim. — Paro de sorrir. — Mas eu não vou deixar isso acontecer. Se ele não me levou quando matou o Marco, não vai fazer isso agora.
   — O que faz você ter tanta certeza disso? — Pergunta.
   — Porque ele não é tão ruim assim.

            Shane

   Vou estudar com Paul na casa dele enquanto Jolene saiu com as meninas e aproveitamos bastante o nosso tempo. Depois, ficamos na sala comendo uma pizza.
   É incrível como a vida muda. Paul agora é homem de família, ele cuida da Jolene e de suas filhas. Agora, eu vou cuidar da Rachel, do Travis e do nosso filho.
   — Me diz uma coisa! Como é ser pai? — Pergunto.
  Ele sorri. — Não sei explicar exatamente. Mas é algo muito bom. Você não precisa pensar na dificuldade, só que é bom ter seus filhos bem e por perto.
   — E você quer ter mais filhos?
   — Claro! Quero ver a Jolene grávida de novo, mas ela não quer tão cedo. Então, vamos esperar.
   — É melhor. Você já tem duas filhas. Eu não me aguento com Rachel e com Travis.
   — Você se acostuma. Não desista!
   — Você não imagina como eu me sinto quando estou com ela. Sinto que nada mais falta. Como se tivesse recuperado o que tinha perdido há muito tempo. E saber que ela me ama é a melhor parte. Como eu posso amar tanto alguém assim em pouco tempo?
   — Eu entendo tudo o que você está dizendo.
   — E ainda estou lutando para conseguir um emprego. Eu quero que a gente tenha a nossa casa, quero proteger ela e os nossos filhos. Mas esses lobos negros não saem da minha cabeça!
   — Eugene não desconfia que você sabe?
   — Ele não pára de perguntar sobre o acidente. Mas estou sendo sincero quando digo que não lembro de nada. Você acha que ele sabe?
   — Eu não sei. Talvez.
   — Vou entregar ele para Jacob. Não quero correr nenhum risco.
    Ouvimos a porta e Jolene entra com as bebês e com a Blaire. Ela está sempre linda e com um sorriso no rosto. Ela é feliz porque Lambert a faz feliz. Ainda bem que já não a amo.
   — Boa noite, família! — Jolene beija o Paul e entrega a bebê para ele.
   — Oi, Jole! — Digo quando ela me abraça.
   — Oi! — Blaire sorri.
   — Oi! — Sorrio também.
   Uma das gêmeas começa a chorar no colo da Blaire e Jolene a segura imediatamente. Depois, a outra também começa a chorar. Às vezes, sinto pena do Paul.
  — Não chora, meu amor! — Paul beija ela e levanta.
   — A gente não demora. — Jolene segue Paul pelos degraus.
   Blaire senta ao meu lado. — Como vão as coisas com a Rachel?
  — Ótimas! E com o Lambert?
  — Também. Eu fico muito feliz por saber que encontrou alguém. E que Rachel encontrou o filho dela.
   — Pois é!
   — Ela parece ser diferente do Jacob.
  — Você não imagina. Ela é uma mulher incrível.
   — Percebi isso. Seria ótimo todos nós sermos amigos. Um dia temos que fazer um churrasco todos nós.
   — Todos?
   — Todos.
   — Até com o Scott e o Grant?
   — Principalmente com eles.
   Rimos.
   — Bom, eu adorava conversar mais, mas preciso ir embora.
   — Já vai? — Paul desce os degraus e vem até nós. — Pensei que ia ficar para jantar.
   — Fica para outro dia. Tenho que saber como Rachel está. Dá próxima vez, eu prometo que trago ela e o Travis.
   — Seria ótimo! — Ele diz.
   — Você ainda vai ficar? — Pergunto para Blaire.
   — Sim. Estou esperando o Liam. A gente vai jantar aqui. Chegue bem.
   — Obrigado. Adeus! — Me despeço e saio.
  Espero um táxi e subo. Enquanto espero chegar ligo para Rachel, mas é Travis quem atende.
   — É o celular da mamãe! Quem é?
   Rio. — É o Shane!
  — Mamãe está no banho. Vochê está vindo?
   — Hoje não.
   — Travis! — Oiço a voz da Rachel no fundo.
   — Passa agora para a mamãe. E cuida bem dela, está bem?
   — Eu vou. Mamãe! É o Shane!
   — Alô, amor! — Rachel atende.
   — Tenho saudades!
   — Eu também. Porquê você não vem?
   — Estou pensando nisso!
   — Vem e não vai se arrepen...
   Sinto uma dor de cabeça forte de repente. Forte de um jeito bastante ruim. E imagens vêm na minha cabeça. Está doendo demais.
  — Shane? Você está aí?
  — Estou! — Coloco a mão na testa.
  — O que está acontecendo? Amor, você está bem?
  — Depois eu ligo para você!
  — Shane! Você está vindo? O que houve? Fala comigo!
  — Depois, Rachel! — Desligo.
  A dor não está parando. E cada vez que eu me lembro de alguma coisa, só piora.
  Minhas lembranças vêm e a dor só aumenta. Vejo Eugene batendo contra o nosso carro, Rachel olhando para mim assustada, tudo que eu não me lembrava. E lembrar fica cada vez mais doloroso.

________________
Espero que tenham gostado desse capítulo. Muito fofos eles não é? O que será que Shane vai fazer agora que lembra de tudo?

Completamente quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora