Capítulo dezoito - Uma espada no meu coração!

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    Quando acordo, encontro uma bandeja cheia de comida e como tudo. Minha fome, meu apetite e meu sono têm sido inevitáveis esses dias. Mas eu não posso fazer nada. Só tenho que me concentrar no Travis. Ele precisa de mim.
   Saio do quarto assim que termino de comer e vou até o escritório do Jacob. Ele está colocando balas em suas armas e limpando com carinho. Vou até o sofá e sento, mas ele continua sem olhar para mim.
  Até o escritório dele é sinistro e cheio de armas. É impossível não ter medo dele. Até eu tenho medo. E eu sou a "filha" querida dele.
   — Já acordou! — Ele sorri.
   — Vim pedir mais uma vez que me deixe ir embora.
   — Precisamos conversar, filha. — Ela larga a arma e levanta para sentar ao meu lado.
   — Não temos nada para conversar.
   — Temos sim. Eu estou farto que você diga que não sou o seu pai. — Ele segura a minha mão. — Você é a minha filha.
   — Do que você está falando?
   — Sabe porquê a minha Lucy me deixou?
   — Não. Porquê?
   — Porque eu traí ela. Porque eu fui atrás de outra mulher quando brigamos. — Ele fecha os olhos. — Eu amava a Lucy, mas às vezes, as pessoas fazem coisas sem pensar.
   — Continua!
   — A mulher com quem trai a Lucy, era a sua mãe. Mas não a Indina. Ela se chama Diana. Ela é loira e tem lindos olhos castanhos.
   — Não! — Olho para ele. — Não pode ser.
   — Diana não quis ter um bebê, e quando deu a luz, ela deu você para mim. No início, eu não queria você porque foi o motivo para a mulher da minha vida ter ido embora. Mas quando olhei para você nos meus braços... — Ele sorri. — Você era tão pequena!
   — Isso não pode ser verdade! — Levanto. — Não é! Você não pode ser o meu pai.
   — Eu cuidei de você até os dois anos. E houve uma vez que meus inimigos queriam acabar comigo. Eu tive que salvar você. É por isso que pedi que Indina e Miguel cuidassem de você até eu voltar. Mas claro que eles se apaixonaram por você e não queriam me entregar de volta. — Ele diz a última parte com raiva. — Eles fugiram com você. Eu não podia deixar eles ficarem com você, Rachel!
   Começo a chorar ao ouvir que a minha vida inteira foi uma mentira. Meus pais não são meus pais verdadeiros. Meu pai é o Jacob!
   — Eu não quero ser sua filha!
   Durante esse tempo todo, me convenci que Miguel era o meu pai, quando na verdade, eu estava com o meu verdadeiro pai? Eu tenho o mesmo sangue que esse homem que eu tenho tanto medo e desprezo?
   — E quando eu encontrei os desgraçados, quis matar eles! — Ele continua como se eu não tivesse dito nada.
   — VOCÊ MATOU! — Grito.
   — Não, meu amor. Eu não matei o Miguel. Se isso fosse verdade, teria matado Indina também. O Marco eu matei, mas o Miguel não.
   — Eu vi! Não minta para mim.
   — Pergunte para a sua mãe! Eu apontei uma arma na cabeça dele, depois pedi que meus homens levassem você no carro. Miguel aproveitou para me agredir. Sua mãe, apavorada, aproveitou para tentar me matar, mas como é péssima em pontaria, acertou no próprio marido.
   — Mentira! Ela não fez isso! — Choro. — Pára!
   Isso não pode ser verdade! Indina não matou Miguel. Eu sei que não. Ela não pode ter escondido isso de mim. Ela disse que Miguel está morto por culpa do Jacob.
   — Liam não é realmente meu filho, mas você é. Onde acha que herdou esses lindos olhos de Esmeralda e esses cabelos dourados? Nunca se perguntou?
   — Pára! — Vejo tudo girando. — Eu não...
   Já chega de verdades. Eu estou sem forças por causa do Travis e ele vem me despejar tudo isso para cima?
   Me apoio na mesa e tento não cair. De novo, não!
   — Quando Lucy estava grávida, eu salvei ela. — Jacob continua. — É por isso que ela deu o meu nome para o seu filho. E é por isso que o considero como meu filho. Meu verdadeiro nome é Larcotio Jacob Liam Evanovisk.
   — Pára, por favor! — Caio no chão. Vejo tudo ficando escuro.
   — Rachel! — Ele levanta e me segura. — Minha filha, o que você tem? Fala comigo, por favor!
   E eu apago.

   Acordo com a voz do Jacob e da doutora Maggie. Eles conversam baixinho e depois ela vai embora. Jacob senta na cama e acaricia o meu rosto. Espero que tenha sido apenas um sonho quando ele disse que é o meu pai. Mas isso explica muita coisa. Miguel era latino e eu não tenho nenhum traço dele, e Indina é morena de olhos castanhos. Eu herdei os olhos verdes do Jacob, assim como Travis e possivelmente, meus outros filhos também. Isso explica também porquê tenho as mesmas alergias que Jacob.
   Minhas lágrimas aparecem quando penso nisso. Olho para Jacob.
    — Você é o meu pai?
   — Sim. Eu sou, Rachel. O meu sangue corre nas suas veias. E nas do Travis também.
   — Então, porquê faz essas coisas comigo? Porquê matou o Marco?
   — Não chora! Fica calma, por favor! — Segura a minha mão. — Ouve com atenção!
   — Eu quero o meu filho, Jacob. Por favor! Me deixa sair daqui.
   — Não se exalte, Rachel! Você está grávida! — Ele diz.
   Desvio o olhar e não digo nada. Eu já sabia disso. Reconheci os sintomas há uma semana. Minha menstruação está atrasada, tenho tido enjoo, muito apetite e meus seios estão maiores. Só não queria que ninguém soubesse ainda.
   — Você já sabia disso! — Ele afasta sua mão. — Você sabia que estava grávida. De quem é esse bebê? Presumo que seja do Walter.
   — Se for dele, o que vai fazer? Vai matar ele também?
   — Claro que não. Ele não é um inimigo. E também prometi que iria protegê-lo, não prometi?
   — Porquê ainda não encontraram o Travis?
    — Acabei de ligar o seu celular. — Olho para ele. — Travis está bem.
   — O quê? — Sento na cama. — Com quem ele está?
   — Com a Daise. — Ele suspira. — Vamos fazer um acordo. Você aceita o dinheiro que vou depositar na sua conta e eu deixo você ir embora.
   — Não preciso de dinheiro.
   — Você não tem dinheiro. Precisa para cuidar dos seus filhos.
   — Está bem. — Que escolha eu tenho? Não quero que Travis passe fome.
   — Mas eu dou apenas um mês. Se eu souber que as coisas não vão bem, vou buscar você de novo. Nem que seja à força. — Ele diz. Porquê ele ficou tão bom de repente?
   — Você faria isso por mim?
   — Você é minha filha. — Ele beija a minha testa. — Agora troca de roupa. Vou levar você!
   — Obrigada!
   Ele sai do quarto e fecha a porta. Eu acho o comportamento dele muito estranho. Mas isso não importa. Eu só quero o Travis nos meus braços e ouvir a sua voz. Eu só quero sair desse lugar.

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