Shane
Agora entendo o que as pessoas chamam de vazio. Parece que depois que Rachel e Travis foram levados, eu sinto um grande vazio me preenchendo e um sofrimento me engolindo profundamente. Eu sei que eles não vão voltar, mas continuo olhando para lá.
Logo agora que Rachel aceitou estar comigo, logo agora que Travis estava feliz, que eu estava tentando arranjar um futuro para a gente, quando queria realizar os sonhos da Rachel. Logo agora, que finalmente me sentia completo por ter a mulher que amo e saber que teria uma família.
Acho que a culpa é minha. Se eu não tivesse ligado para Jacob isso não teria acontecido. Se eu não tivesse ido embora na casa da mãe da Rachel, se não tivesse desistido tão cedo, isso não teria acontecido.
Mas como eu poderia saber? Eu posso cuidar deles. Não preciso de um monte de homens armados atrás de mim para proteger alguém. Eu sei que eu posso fazer isso.
Fecho os olhos, lembrando de quando Rachel me pediu em casamento. Por incrível que pareça, foi apenas ontem. E hoje acontece uma desgraça dessas!
Não consigo me levantar depois de ter visto aqueles homens levando Travis e Rachel. Já não sei o que vou fazer, não sei a quem recorrer. Ninguém vai poder me ajudar. Acho que não posso fazer mais nada. Sei que meu pai não vai fazer nada.
Daise também está chorando, mas levanta quando ouve a sirene da polícia. Sou movido pela esperança também, por isso saio correndo para saber o que está acontecendo. Será que a polícia impediu eles? Seria muito bom para ser verdade.
Espero o elevador descer e vou correndo para a estrada, onde a polícia está. Eu não entendo nada, só vejo um carro preto no meio da estrada e o Travis nos braços de um policial. Onde está a minha pequena?
Eu vou até eles. — Travis! — Olho para o policial. — Ele é o meu filho.
— Papai! — Ele chora e vem para os meus braços.
Agora eu percebo o que um pai sente pelo seu filho. Ver Travis chorando nos meus braços, me faz sentir fraco, me faz ter vontade de proteger ele e não deixar que ninguém o machuque.
— Onde está a minha noiva? — Pergunto. — O que aconteceu? — Olho para o braço ferido do Travis.
— O carro escapou. Só conseguimos trazer o menino porque ele saiu do carro em movimento. Mas vamos fazer de tudo para encontrar ela.
Olho para o Travis. — Façam o impossível, por favor! — Beijo a sua testa. — Você está bem?
— Não! Meu baço está doendo muito!
— Nunca mais faça o que você fez, está bem? É muito perigoso. Você podia ter se machucado de verdade!
— Sim.
Daise também vem correndo abraçar o Travis. — Travis!
— Tia, eles ievaram a mamãe!
— Vamos para o hospital. Eles vão encontrar sua mãe. — Digo.
— Pomete?
— Eu prometo!
Levamos Travis para casa, arrumo as suas roupas e pego no carro da Rachel para levar ele para o hospital e depois para um lugar mais seguro. Ele é o meu filho.O médico cuida do braço do Travis e lhe oferece um chupa chups para não chorar. Mesmo assim ele continua triste. Tenho medo de não voltar a ver Rachel de novo. Ela está grávida de mim, eu tenho que estar por perto e acompanhar cada fase da gravidez, cada desejo, quando a barriga crescer, quando sabermos o sexo do bebê, comprar as roupinhas dele. Tudo isso. E tenho medo de não fazê-lo.
Olho pelo retrovisor o olhar triste do meu filho. É um pouco estranho eu dizer que ele é meu filho, mas agora que estou com Rachel, ele também passou a ser meu filho. Porque é assim que deve ser.
Ele está muito triste e tenho a certeza que não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Mas eu vou tentar encontrar a Rachel. Não sou um desistente. Ainda tenho esperança.
— Vai ficar tudo bem!
— E a minha mãe?
— Vamos encontrar ela. Eu vou procurar ela por todos os lugares, você vai ver.
— Hoje? Eu queio a minha mãe!
— Eu sei, eu sei. Mas você vai ficar na casa de um amigo meu, enquanto vou procurar a mamãe. Combinado?
— Sim. E se a mamãe não voltar?
— Ela vai voltar! — Respondo com um pouco de medo.
Estaciono o carro na entrada do Paul, depois desço para abrir a porta do Travis. Fecho a porta e levo ele para dentro do quintal. Travis anda devagar, não sei se é por causa da dor nos braços ou outro motivo. Eu não entendo nada de crianças. Tenho a certeza que Jolene vai poder me ajudar a entender ele.
Toco a campainha e Jolene abre a porta com um sorriso. Seu sorriso desaparece quando olha para os nossos rostos tristes. Não sabia mais para onde ir. Meu pai não ia querer ficar com Travis e ele deixou bem claro que não faria mais nada por mim.
Se eu soubesse que ele me trataria assim, não teria deixado ele vir. Praticamente, ele só está aqui para jogar na minha cara que eu errei e que já não vai me ajudar. Gostaria de saber se a minha mãe sabe disso.
Jolene nos deixa entrar e fecha a porta. Paul levanta do sofá quando nos vê e não entende nada. Eu nem sei o que dizer para eles.
— Boa noite! — Digo.
— O que aconteceu, Shane?
— O Travis pode ficar aqui por alguns dias? — Pergunto.
— Claro que pode. O que aconteceu? — Paul se aproxima da gente.
— Jolene, você pode levar ele para o quarto?
— Claro!
— Eu não queio! — Ele começa a chorar de novo.
Fico de joelhos na frente dele e passo a mão no seu cabelo. — Travis, você precisa ficar. Faça isso por mim e pela sua mãe. Não posso ficar aqui com você porque preciso de encontrar a sua mãe. Está bem?
— Sim. — Ele me abraça.
Retribuo o abraço. — Até depois, pequeno!
— Adeus, papai!
— Agora vai com a tia Jolene!
— Vem cá, meu amor! — Jolene põe ele no colo e o leva pelos degraus.
Olho para Paul. — Eu entreguei o Eugene. Depois, Jacob foi buscar a Rachel e o Travis, eu não consegui fazer nada.
— O quê? Você entregou o Eugene?
— Só queria proteger eles!
— O que aconteceu depois?
— Os lobos negros apareceram e levaram Rachel. Eu não sei, aconteceu tudo tão rápido! Ainda estou confuso e não sei o que fazer. — Sento no sofá e choro.
— Seu pai já está aqui.
— Meu pai não quer fazer mais nada por mim. Ele deixou claro que só está aqui porque minha mãe pediu. Eu estou sozinho nessa, desorientado, tenho muito medo!
— Não acredito! Primeiro levam as minhas filhas, depois a Sophie, agora levam Rachel?
— E se eles ma... — Nem consigo terminar.
— Vamos torcer para que ela fique bem. Eu vou ajudar você em tudo que eu poder.
— Porquê tinha que acontecer isso? — Choro. — A gente estava tão bem! Ainda essa manhã, estávamos felizes. Porquê isso tinha que acontecer com a gente?
— Eu sinto muito! Estou aqui para tudo que você precisar.
— Obrigado! — Abraço ele.
Um abraço é tudo que preciso agora. Queria muito que o meu pai fizesse o mesmo, mas já não sei quem ele é. Se já não quer saber de mim depois de ter errado com ele, então não me daria esse abraço. Acho que estou por minha conta mesmo.Volto para o meu apartamento para trocar de roupa e encontro o meu pai no computador, sentado na mesa. Ele olha para mim e nem pergunta se estou bem. Será que estive tão enganado sobre o meu pai?
— Boa tarde, pai!
— Estava com a mulher que arruinou a sua vida?
— Ela foi sequestrada, pai!
Ele olha para mim imediatamente. — Como assim?
— O que o senhor ouviu. Agora, eu preciso ir atrás dela, onde quer que ela esteja.
— Você devia chamar a polícia e não fazer isso sozinho! — Ele levanta. — No que você está metido?
— Eu já sou uma vergonha tremenda para o senhor. Tenho a certeza que não vai querer saber no que estou metido porque corro o risco de deixar de ser o seu filho. — Tento evitar as lágrimas.
— O que isso significa? Você se envolveu com bandidos?
— Se eu disser que sim? O senhor vai me ajudar?
— Ajudar? Tem sorte que não entrego você para a polícia! Eu não acredito que estou ouvindo um disparate desses!
Vou para o quarto para não ter de ouvir mais nada. Quando tudo isso estiver bem, eu conseguir um emprego, uma casa para minha família, sustentá-los e pagar os meus estudos, vou fazer ele engolir cada palavra que está me dizendo. Ele vai saber que não arruinei a minha vida.
Troco de roupa e ligo para Jacob. Eu sei que ele é muito poderoso, mas nesse momento só consigo sentir raiva dele.
— Espero que não tenha ligado para me culpar.
— Estou ligando para exigir que corrija o que fez! Se alguma coisa acontecer com a Rachel...
— Você não poderá fazer nada contra mim. E saiba que eu não vou deixar ninguém tocar num fio de cabelo da minha filha. — Pára. — Como está o Travis? Ele pulou do carro quando estávamos prestes a fugir.
— Ele está bem, mas não graças a você!
— Eu não sou o seu inimigo, Walter!
— Tudo que eu quero é encontrar a Rachel. E eu vou fazer isso com ou sem a sua ajuda!
— Acredite! É preferível com a minha ajuda.
Desligo.
Pego nas minhas chaves e nas chaves do carro da Rachel e saio de casa sem despedir o meu pai. Sinceramente, já nem me lembro porquê ele veio aqui. Deve ser para me esfregar na cara que eu errei.Rachel
Fico trancada num quarto cansada de chorar. Não sei o que aconteceu com Travis e com Jacob. Espero que esteja tudo bem. Travis deve estar destroçado e com muito medo. E eu tenho medo pelo meu filho. Ele está sendo testado, não quero perdê-lo. Shane ficaria muito triste.
Tenho medo que eles vinguem a morte do Marco. Eles podem me matar. Infelizmente, não entendem que eu não tive culpa com a morte dele. Parece que eles não sabem que foi o Jacob que tirou a vida dele.
Olho para as paredes imundas e tento não tocá-las. Estou com frio, com fome e com muito sono, mas eu não quero dormir. Não nesse lugar horrível. E nem sei se vou conseguir sair daqui.
A porta se abre e dois homens de meia idade entram. Ambos olham para mim com desdém e ficam parados na minha frente. Eu já não faço parte dessa vida. Devia ter fugido para bem longe com Shane quando Jacob ligou para mim. Me arrependo de não ter feito isso.
— Olha se não é a famosa filha de Jacob Evanovisk! — O mais alto diz.
— E é parecida com ele. — Diz o mais baixo.
— Eu sei porquê estou aqui. — Digo.
— Sabe? Isso é ótimo. Quer dizer que já não teremos que explicar tudo para você.
— Eu não tive nada a ver com a morte do Marco. Ele era o meu noivo. Como eu poderia fazer aquilo? — Digo. Acho que a única pessoa que acreditaria em mim seria o irmão do Marco.
— Porque você é uma inimiga! — O mais baixo responde.
— Nós desistimos dessa vida. Eu seria incapaz de machucar ele. Eu o amava e sofri bastante quando ele se foi.
— Não me diga!
— Jacob matou ele! Por favor, acreditem em mim.
— Eu acredito. Então, vamos fazer ele sofrer. Sabe como? — Faço que não. — Matando você!
— Por favor, não! Tenho dois filhos para criar.
— Eu sinto muito. Não basta vocês matarem o Marco e ainda levam o Eugene?
— Eu não sabia. Eu já não faço
parte disso, por favor! — Choro.
— Isso não é problema meu.
— Então, chame o Mauricius Hilbert! Ele sabe o quanto o irmão dele me amava. Pergunte para ele! — Digo completamente desesperada.
— Não vamos fazer o que você está pedindo. Apenas vamos decidir como vai ser a sua morte. Conte os seus minutos porque daqui a pouco, seu filho será órfão.
Eles saem e fecham a porta.
Isso não pode acontecer! Travis já perdeu o Marco, não pode perder a mim também. Ele é só uma criança, não vai aguentar tanta dor. Eu só quero que ele seja feliz. Eu só quero ele perto de mim, do Shane e do seu irmãozinho.
Só quero que isso termine bem.____________
Oi, amores!
Estamos nos últimos capítulos de Completamente quebrados.
Triste, eu sei. Mas ainda tenho muitas surpresas para vocês!
Espero que gostem
Beijos!
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Completamente quebrados
RomanceLivro VI História de Shane e Rachel Rachel era uma criança quando viu seu pai ser morto pelo homem que ela mais odeia: Jacob Evanovisk. O mesmo cuidou dela desde então e a integrou na sua organização do inferno. Agora Rachel está fugindo e es...