Capítulo dezenove - Foi bom conhecer você!

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   Daise está toda atrapalhada se arrumando para a faculdade, enquanto Travis e eu só olhamos. Ela penteia o cabelo e come ao mesmo tempo. Normalmente, ela costuma acordar tarde, mas hoje foi demais.
   Travis come panquecas lentamente e ri a sua tia desastrada calçando os sapatos agora. Ela sai correndo de um lugar para o outro e quase cai no chão.
   Como também é faço uma nota mental para ir comprar leite para Travis. Roupas também. Vou ter de usar o dinheiro que Jacob me deu. Eu não queria, mas não vou negar que preciso urgentemente de dinheiro.
   Daise volta para a sala e põe metade de uma panqueca na boca. — Me empresta o seu carro? — Diz com a boca cheia.
   — Tia, vochê não pode falar com a boca cheia. — Travis diz.
   — É verdade! — Sorrio.
   — Desculpa, Travis. Não faço mais isso. — Ela pega na bolsa e beija a testa dele. — Até depois! Qualquer coisa, liga!
   — Não se preocupe!
   Oiço a porta batendo.
   — Mamãe, eu não queio mais. — Ele afasta o prato. — Pocho bincar?
   — Você precisa comer tudo, Travis! Depois você vai brincar, está bem?
  — Sim, mamãe!
  Meu celular vibra na mesa. Atendo quando vejo que é a minha mãe. Preciso saber como ela está e também conversar sobre muita coisa que acabei de descobrir.
   — Alô!
   — Ainda bem! Rachel, eu tenho tentado ligar. Tive tanto medo. Jacob me disse que o Travis está bem.
   — Sim. Ele está comigo agora. — Passo a mão no cabelo dele. — Porquê mentiu sobre Miguel? Sobre tudo? — Pergunto.
   — Você já sabe! — Ela respira. — Eu sinto muito. Devia ter dito antes, mas eu tive medo que me odiasse. Não queria que fosse atrás da sua mãe. Não quis perder você também.
   — Pára! Você é a minha mãe. Eu sei que não teve culpa.
   — Você me perdoa?
   — Você cuidou de mim e me amou como uma filha. Não posso odiar a pessoa que cuidou de mim e do meu filho. Sei que Jacob é o maior culpado da história, mas podia ter me dito a verdade.
   — Eu sei. Isso significa que estou perdoada?
   — Claro que sim, mãe.
   — Eu amo você, Rachel!
   — E eu amo a senhora.
   — É bom ouvir isso. — Ela suspira, parece aliviada. — Vou desligar. Daqui a pouco volto a ligar para você. Dá um abraço no Travis para mim.
   — Claro, mãe. — Desligo.
   É claro que perdoo a Indina. Ela sim é minha mãe. Não quero saber dessa tal Diana. Se ela não quis saber de mim, porquê eu ia querer ver seu rosto? Não quero saber nada dela.

              Shane

   Não consegui me concentrar na aula. Sempre que tento, penso na Rachel. Nada me tira da cabeça que ela ficou péssima quando eu disse aquilo. Percebi pela sua voz e pelo seu olhar. Mas porquê ela quer isso agora?
   Admito que o tempo que passei com Travis foi muito bom. Eu gostei de brincar com ele e cuidar dele, mas agora tenho outras obrigações. É melhor as coisas continuarem assim mesmo.
   Olho para Paul que está um pouco cansado e tentando não dormir. Aposto que é por causa das filhas dele.
   — Você está péssimo. — Digo.
   — Eu sei. Não consegui dormir. Minha filha está com dores e ficou chorando a noite toda. Tivemos que levar ela no hospital de madrugada. — Ele olha para mim.
   — Sinto muito que tenha que passar por isso. Ela está melhor?
   — Felizmente. Não foi nada.
   — Você devia ir descansar. — Paro. — Você não se arrepende às vezes?
    Ele olha para mim. — Eu não pedi para ser pai tão cedo, mas eu não me arrependo. O que eu sinto pelas minhas filhas, você não entenderia. Um dia você vai entender.
   — Talvez.
   — Você não tem noticias da Rachel ainda?
   — Ela está bem. Ontem, ela voltou para casa, mas ela não me explicou o que aconteceu. — Encaro minhas mãos. — Ela só disse que queria que a gente fosse uma família.
   Paul sorri. — Isso é muito bom! Eu não disse que as coisas iam dar certo na sua vida?
   — Mas eu neguei. Acho que não vai dar certo.
   — Você negou? Shane, você gosta dela? — Pergunta com os olhos arregalados. Acho até que perdeu o sono.
   — Muito. Infelizmente. Você não imagina como foi difícil dizer aquilo.
   — Então, não quer mais ficar com ela por causa da criança?
   — Não é por causa dele. É por mim.
   — Sabe, amigo, eu também não estava pronto para cuidar de crianças. Sinceramente, quando soube da gravidez da Jolene, fiquei assustado. Eu cometi um erro e tenho sorte se ela me perdoou. Não faça o mesmo. Se você realmente gosta dela, pelo menos tente.
   — Falar é fácil. Eu estou tentando esquecer ela. Você sabe o que acontece quando estou perto dela. Eu me machuco sempre. — Bebo meu suco. — Eu vou sair com uma garota hoje.
   — Sério?
   — Sim. Está na hora de virar a página. Devia ter feito isso há muito tempo.
   Paul levanta os braços se rendendo. — A vida é sua. Faça o que quiser com ela!
   — É o que estou fazendo.

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