Shane
No caminho, fico pensando em tudo o que a Rachel disse. Ela não sabe que em apenas um mês minha vida mudou completamente. Parece que algumas coisas aconteceram rápido demais. Não contava com isso. E claro que eu gosto do Travis, só tenho medo de tirar o lugar do pai dele. Eu sinto que não deveria. É muito estranho esse sentimento, mas é assim que me sinto.
Suspiro um pouco arrependido. Devia apenas ter dito tudo bem para Rachel, mas ela praticamente me obrigou a ser pai do Travis. Ela não usou as palavras certas para falar comigo e nem me deixava falar.
Se alguém me dissesse que a minha vida estaria desse jeito há alguns meses, eu não acreditaria. Para até que estou num mundo paralelo.
Pago o táxi e vou correndo para o elevador. Fiquei a manhã inteira pensando no Travis, na Rachel, em tudo o que eu quero para mim. Não era isso que eu queria, muito menos o que eu esperava e preciso de tempo para me contentar.
Terminei com Andrea porque eu quero tentar com Rachel. Estou apaixonado por ela, e ela está grávida de mim. Só não entendo porquê ela está me obrigando com o Travis, se não queria fazer isso com o meu filho?
As portas do elevador se abrem e vou até à porta tocar a campainha. Nem sei se ela vai abrir porque parecia muito zangada. Mas estou aqui para me redimir.
E felizmente ela abre. — Shane!
— Podemos conversar?
— Sim. Entra! — Ela me deixa entrar.
Daise está no sofá com o Travis. Espero que ele venha correndo me abraçar, mas ele não faz isso. Ele apenas olha para mim com tristeza, depois para suas mãozinhas.
— Boa noite, Daise!
— Oi! — Ela está distraída no celular.
— Olá, pequeno! Como você está? — Sorrio para Travis, que não se dá ao trabalho de olhar para mim.
— Bem.
Parece que o assunto é grave.
— Vamos para o quarto, Shane! — Rachel me leva para o quarto dela e fecha a porta.
Viro para olhar para ela, para sua saia curta e blusa justa decotada. Desde que a conheci, nunca a vi vestida desse jeito, só de calça jeans.
— Pode começar! — Ela se aproxima.
— Para começar... essa saia está muito curta.
— Sério? Eu visto o que me apetecer! — Ela cruza os braços, não muito contente com o comentário.
— Segundo, seus peitos estão saltando para fora! — Ela revira os olhos. Eu me aproximo e encosto seu corpo no meu. — E terceiro, estou ficando louco por você!
— Não pense que eu esqueci do nosso assunto pendente. — Ela se afasta. — Se você não quer o Travis, não pode ficar comigo.
— Estou ciente disso. — Sento na cama. — Você não me deixava falar.
— Pode falar agora!
Suspiro e tento achar as palavras certas. Não quero que pense o oposto. Tudo que eu quero é que a gente resolva as coisas de uma vez. E eu quero muito ficar com ela, apesar de tudo.
— A verdade... a verdade é que eu acho que me apeguei ao seu filho. Às vezes, eu só me afasto porque... não acho certo eu tirar o lugar do Marco.
Rachel senta ao meu lado e toca a minha mão. — Porquê não disse antes?
— A minha vida mudou bastante, Rachel! Agora, eu tenho que pensar em arrumar um emprego qualquer para cuidar de você e dos nossos filhos, quando antes eu não pensava em ter um emprego tão cedo. Eu acho que não estou pronto para isso, tenho medo de errar. A natureza me forçou a fazer essas coisas. Eu... Sinto que não sou capaz. Tenho medo. — Confesso.
— Eu te entendo. Ouve, eu também tive que crescer depressa por causa do Travis. Eu estava grávida com dezessete anos, Marco tinha morrido, achava que estava fugindo do Jacob... Shane, o mundo também me obrigou a crescer. E foi difícil, mas eu consegui cuidar do meu filho. — Ela agarra a minha mão. — Eu sei que você está com medo. No início, eu também estava com medo. Muito medo. Você não imagina como é assustador ser mãe adolescente, solteira, sem dinheiro, fugindo, eu pensava que não ia conseguir.
— Você é forte! — Olho para ela. Eu sei que Rachel passou por muita coisa quando era adolescente. Fico feliz que ela tenha me contado sobre o seu passado. Eu sinto que pela primeira vez o meu relacionamento vai dar certo, que a gente é perfeito um para o outro. Principalmente agora que sentimos o mesmo.
— Você também é. E você não vai fazer isso sozinho. Vou ajudar você. — Ela apoia sua testa na minha. — Mas se você precisa de tempo...
— Eu preciso de você! — Coloco a sua mão no meu peito. — Se for com você, eu vou tentar. Eu prometo!
— Tem a certeza que não precisa de tempo?
— Você não teve tempo para pensar quando estava grávida do Travis e sem o Marco para ajudar. Acho que não preciso. — Beijo a mão dela. — Desculpa por hoje cedo!
— Sabe o que eu adoro em você?
— Os meus olhos castanhos? — Brinco.
— O fato de você errar e aprender com os seus erros rapidamente. É por isso que você voltou.
— Verdade?
— Verdade! — Ela me beija. A sensação é ótima. É bom quando a pessoa que você ama sente o mesmo. O beijo é diferente, o abraço, o carinho, tudo é diferente.
E eu estou assustado, mas tenho que enfrentar os meus medos. Tenho que aceitar as consequências das minhas ações. Preciso pensar no que é melhor para a minha família.
É até engraçado dizer isso: Minha família!
— Fica comigo! Prometo que vou arranjar um emprego. — Sussurro nos seus lábios.
— Vamos com calma.
— Onde você arranja dinheiro? — Pergunto beijando seu pescoço. — Você não trabalha.
— Minha mãe. E agora... o Jacob. — Ela diz como se fosse algo péssimo. Quer dizer, depende. Ele é um mafioso, o dinheiro dele deve ser bem sujo, mas ajudou Rachel.
— Ele é seu pai. Mas não se preocupe. Vamos resolver as coisas.
— É tudo que eu mais quero! — Ela suspira triste. — Por favor, não diga em voz alta que ele é meu pai.
Abraço ela. — Está bem. E o Travis?
— Eu converso com ele.
— Não! Deixa que eu faço isso. — Beijo a sua testa.
Eu tenho que enfrentar os meus medos. Parece que vou ter que cuidar de duas crianças.
Recebo uma mensagem do Eugene: "Onde você está? Que tal uma noite de jogos e cervejas?"
— Quem é o Eugene? — Rachel pergunta.
— Um amigo. — Claro que não vou dizer que é o homem dos lobos negros que tentou nos matar. Ela está grávida e não precisa se preocupar com isso.
— Eu pensei que não bebia álcool! — Ela sorri, talvez lembrando do dia em que ela me conheceu.
— E não bebo. É por isso que eu vou negar.
Shane: "Obrigado, mas não estou no clima. Fica para outro dia."
Eugene: "Eu vou cobrar".
Guardo o celular no bolso.
— Você quer jantar com a gente?
— Claro!
Ela levanta. — Vou ver o jantar. Eu já volto!
— Vou esperar! — Sorrio.
Ela sai e fecha a porta.
Olho para a caixa de madeira por cima do armário, que está chamando a minha atenção agora. Seria engraçado ver Rachel tentando chegar lá. Ia precisar de saltos altos e uma cadeira.
Tento desviar o olhar, mas não consigo e vou pegar só por curiosidade. Não acho que Rachel vá se importar. Quero saber mais sobre ela, afinal ela está grávida de mim.
Abro a caixa, mas me arrependo quando vejo uma arma de fogo. Porquê ela tem uma coisa dessas?
Fecho a caixa imediatamente e volto no lugar como se nada tivesse acontecido.
Eu sei que Rachel não é o que Jacob quer que ela seja. Ela é diferente. Isso não prova nada.
Mas depois converso com ela sobre isso. Só quero saber porquê ela tem uma arma em casa. Se ela não se sente segura, vou ter de fazer alguma coisa.
Eu quero que ela consiga dormir a noite e que esteja segura. Principalmente agora que está grávida. Preciso pensar no que fazer.
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Completamente quebrados
RomanceLivro VI História de Shane e Rachel Rachel era uma criança quando viu seu pai ser morto pelo homem que ela mais odeia: Jacob Evanovisk. O mesmo cuidou dela desde então e a integrou na sua organização do inferno. Agora Rachel está fugindo e es...
