Completamente quebrados

Capítulo vinte e nove - É o fim (Parte dois)

                        Shane

     Vou para o Barnes's para comer alguma coisa. Não confio muito no Jacob para comer na sua casa e preciso de estar com o estômago cheio para poder ajudar ele a salvar a mulher da minha vida e o meu filho. Minha vida se tornou uma grande complicação. Tenho vontade de correr até a casa da minha mãe, mas não sei se é boa ideia porque ela não sabe que estou aqui. Nem meu pai.
   — Droga! — Ligo para ele.
   — Lembrou que não é órfão? — Ele atende.
   — Pai, eu estou fazendo algo muito importante. Sinto muito não ter estado aí. — Não verdade, não sinto.
   — Foi atrás da sua noiva? Devia deixar a polícia trabalhar.
   — Eu sei. Eles estão fazendo isso, mas também não posso ficar de braços cruzados.
   — Faça o que você quiser. Se pode engravidar, pode tomar suas decisões. Só não arranje problemas. — Desliga na minha cara.
   Que grande pai que eu tenho!
   — ...você tem a certeza? — Oiço uma voz familiar.
   — Claro que sim. A gente estudou com ele no Morgan Helton College, ele foi o namorado da Blaire. O mesmo Shane que foi padrinho do Paul. — Olho para a Sophie.
   Ela está com Bratt e estão ambos olhando para mim. Eles estão de mãos dadas, o que significa que estão juntos, eu acho.
   Eles se aproximam de mim e sentamos na minha mesa. — Oi, Shane!
   — Bratt! Sophie! — Respondo sem animação.
   — Pensei que estivesse em Harvard com Liam e com o meu cunhado. — Bratt diz.
   — E estou. Só vim resolver algumas coisas.
   — Liam disse que encontrou alguém. — Sophie diz.
   — Sim. E vocês?
   — Estamos noivos! — Sophie mostra o seu anel de noivado.
    — Muitos parabéns!
    — Obrigada! — Ela sorri. — Você está tão diferente!
    — Não tanto. — Desvio o olhar.
    — Muito! — Bratt olha para mim.
    A empregada de mesa vem até nós. Desde que eu cheguei que vi ela triste. Mas o que isso importa? Tudo que me importa agora é a Rachel. Não quero saber da vida de outras pessoas.
  — E como o Scott e Grant estão? Sempre fazendo porcarias?
   Bratt ri. — Se você soubesse?
   — Eu imagino!
   — Scott está namorando sério e Grant virou responsável. O mundo está de pernas para o ar por aqui. — Sophie responde.
   — Pelos vistos.
   Tiro a minha carteira. — Eu adoraria ficar para conversar, mas tenho que ir. É um assunto urgente.
   — Claro! Não há problema. Espero que consiga resolver isso. — Bratt levanta também.
   — Eu também. Foi bom encontrar vocês.
   Pago a conta e caminho até a porta. Estranhamente, um carro preto está esperando por mim. Devia ter desconfiado que Jacob iria mandar me seguir. Não dá para confiar em ninguém.

                   Rachel

  Já passaram três horas desde que viemos aqui. Estou sentada no chão chorando há imenso tempo. Mas eu tenho que ser forte. Eu tenho que ser forte pelo meu filho. Ainda tenho esperança que possa sair daqui.
   Mauricius tira a sua arma quando ouve a chegada de um carro. O homem italiano também assim como os seus homens. Tento levantar, mas eu não consigo. Minhas pernas não obedecem.
   — Eles chegaram! — O italiano diz.
   Ouvimos passos e depois Jacob entra na casa com Shane. Ele olha para mim e tenta se aproximar, mas Jacob o impede. Ele não devia estar aqui.
   — Shane!
   — Vou tirar você daqui! — Ele diz.
   — Eu estou aqui. Agora, solta a minha filha.
   — Claro. Mas primeiro, se livre das suas armas.
   — Você é esperto, Ferratti. — Jacob ri. — Muito esperto.
   — Eu sou inteligente.
   Jacob joga todas as suas armas no chão e Mauricius vai revistá-lo. — Está limpo!
   — Ótimo! — Ele fica em pé ao meu lado.
   — Agora deixa a minha filha ir! Estou vulnerável e fácil de matar.
   — Pode ir, Rachel!
   Shane vem e me ajuda a levantar. Eu tinha esperança que ia sair daqui, mas não quero que Jacob morra. Eu sei que disse isso muitas vezes, mas não era sério. Ele ainda é o meu pai. Na verdade, ele cuidou bem de mim quando eu era pequena.
   — Achou mesmo que as coisas seriam tão fáceis? — Oiço o tal de Ferratti e viro.
   Quando viro oiço um disparo e Jacob já está na minha frente. Meu coração acelera brutalmente quando vejo ele caindo no chão.
   — Não! NÃO! — Grito.
   — Você ia matar ela de qualquer jeito? — Mauricius diz. — Fizemos um acordo! Você ia matar apenas o Jacob! Você me enganou!
   — Ela também vai ter que morrer! — Ele aponta a arma para mim.
   Eu sento no chão, ao lado do corpo do Jacob chorando. Eu não quero que ele morra. Eu sei que ele fez muitas coisas, mas eu o amo. Ele continua sendo o meu pai. Ele é o meu paizinho!
   — Papai!
   — Rachel, vamos sair daqui! — Shane puxa o meu braço.
   Mauricius dispara contra os homens do italiano, fazendo com que os homens do Jacob e Edmund aparecem e comecem a disparar também.
   Shane fica por cima de mim para me proteger. Não consigo deixar Jacob sozinho. Eu não vou deixar ele. Não posso fazer isso.
   — Vai! — Jacob diz. — Você precisa sair daqui, filha.
   — Não! Papai! Não me deixa, por favor! Eu sei que sempre disse que te odeio, mas não é verdade. — Choro. — Nunca foi verdade!
   — Tira ela daqui, Shane!
   — Não! Pai! PAI!
   Shane me leva com ele e nos escondemos atrás de uma mesa para nos protegermos das balas. Ponho as mãos nos ouvidos e fecho os olhos. Shane me abraça e diz que vai ficar tudo bem. E eles continuam disparando.
   — Não aguento mais! — Choro.
   — Vamos sair daqui bem, amor. Você vai poder abraçar o Travis de novo. Eu prometo.
   E os tiros cessam.
   Levanto e vou correndo para o corpo do Jacob no chão. Vejo Mauricius em pé, olhando para mim, Edmund e seus homens também. Ferratti está no chão também, mas ele não está morto.
   — Sai daqui, Rachel! Vai ficar tudo bem. — Jacob segura a minha mão. — Você vai finalmente ter paz. Eu prometo!
   Beijo a sua testa. — Eu não vou te perdoar se você me deixar.
   — Leva ela, Shane! Cuida bem da minha filha!
   — Você vai ficar bem, Rachel. — Mauricius dispara contra o coração de  Ferratti.
   — Adeus, filha. — Jacob diz sorrindo e fecha os olhos.
   — Não! Não! Papai! Por favor, não faz isso. — Choro  — Papai!
   — Vamos, Rachel!
   Shane me leva para fora, para um carro preto. Subimos e apertamos os cintos de segurança. Não consigo parar de chorar, nem de olhar para trás. Jacob arriscou a sua vida por mim. Ele nem pensou, apenas fez. Ele agiu como um verdadeiro pai. Ele salvou a minha vida.
   — Vamos para casa, amor. — Ele beija a minha testa. — Acho que já acabou.
   — Foi tudo tão rápido. Jacob...
   — Eu sei. Eu sei.
   Fecho os olhos e apoio o rosto no peito do Shane. Tudo que eu quero agora é poder ir para casa e tomar um banho quente, depois fazer o luto de Jacob. Eu não queria que as coisas terminassem desse jeito.