Fico em casa enquanto Daise foi para a faculdade. Não estou com vontade de levantar do sofá. E também não quero me encontrar com o Shane. Já foi o suficiente ele me fazer passar a noite sem dormir.
Será que estou gostando dele?
Já faz cinco anos que não me relaciono com ninguém, já não me lembro como isso é. E agora aparece o Shane, a gente transa e foi bom. Estou ficando louca, só pode.
Olho para a TV completamente aborrecida e arrependida por não ter feito algo melhor. O problema é que não estou com vontade de sair daqui.
Será que Daise ainda vai demorar? Ela saiu há uma hora, então eu acho que vou ter que procurar alguma coisa para fazer.
Pego no celular e fico jogando, mas o que acontece é que recebo uma ligação no momento em que está sendo divertido e que consigo me distrair.
Detesto quando isso acontece!
— Alô! — Atendo.
Mas ninguém responde. Olho para o celular para ver quem está ligando ou se a ligação caiu, mas não.
— Alô! Alguém?
Ninguém diz nada.
Desligo imediatamente com medo que seja Jacob querendo me rastrear. Isso jamais!
Eu ainda não sei o que fazer sobre Vladivostok estar aqui. Tenho muito medo que ele encontre a gente. Eu não ia suportar voltar para aquele lugar, aquela vida ruim. Foi por isso que eu fugi.
Respiro fundo e ligo para a minha mãe para saber como ela está. Ontem o celular dela deu desligado. Espero que não seja nada.
Ela atende depois do terceiro toque.
— Filha!
— Mãe, como está tudo ali? — Pergunto.
— Normal. Está tudo tranquilo. Nenhum sinal dos pantera aqui. E quanto a vocês?
— Depois de anteontem, não temos sinal dele. Espero que tenham ido embora, mas algo me diz que eles continuam aqui.
— O que você acha que o seu... que o Jacob quer? — Seu tropeço me faz desconfiar. Ela queria dizer que ele é meu pai? Meu pai foi o homem que aquele monstro matou sem piedade.
— Quer me levar com ele, mãe. Quer que eu seja como ele.
— Eu não vou permitir.
— Temos que continuar fugindo dele. — Digo. — E o Travis?
— O Travis não parece muito bem. Você sabe.
— É por minha causa! — Afirmo. Eu sei que é por minha causa.
— Não. Claro que não, filha. — Suspira. — Você não devia estar na faculdade a essa hora?
— Não. Teria que lidar com problemas que estou tentando fugir.
— Você está sempre fugindo.
— Por necessidade, mãe. Não escolhi conhecer Jacob Evanovisk.
— Eu sei. Eu também não. Seja o que for que esteja fugindo além do Jacob, devia enfrentar. — Ela diz como se soubesse do que eu tive com Shane.
— Vou pensar nisso.
— E já ia esquecendo. Mandei dinheiro para vocês.
— Obrigada, mãe. — Tenho que procurar um outro emprego quando Jacob mandar os seus homens para fora daqui. Ou no lugar que formos.
— Vou desligar. Até depois!
— Fique bem! — Ela desliga.
Travis está triste por minha causa e estamos sendo procurados por minha causa. Vou dar um jeito nesse assunto, mas uma coisa de cada vez.
Minha mãe tem razão. Eu não preciso fugir do Shane também. Jacob já é o suficiente. Deveria enfrentar meus "pequenos problemas" e deixar os grandes na mão de Deus.
Levanto do sofá apesar da minha preguiça e vou para o quarto me arrumar. A parte ruim é que tenho que ir de táxi porque Daise levou o carro. Nem morta vou pegar um ónibus e correr o risco de ser vista por um dos pantera vermelha.
Nunca tinha chegado tão atrasada. Sinceramente, estou com vontade de voltar para casa. As aulas começaram há imenso tempo. Provavelmente, deve estar todo mundo no refeitório a essa hora.
Vou para a sala de aulas e vejo que está vazia, o que confirma o que eu estava pensando. Quando me viro, um cara negro e alto fica olhando para mim.
— Oi! — Ele sorri.
Ele é forte, parece jogador de futebol, usa roupas caras e tem um sorriso interessante, mas o do Shane é melhor. Mas não vou mentir que ele é lindo.
— Oi! — Digo.
Ele não diz mais nada e vai embora. Sei que sou um pouco atraente, mas isso foi um pouco estranho.
Olho para onde ele está indo quando oiço aquela voz. — Achava que não viria!
E antes mesmo de me virar, sinto o cheiro daquele perfume. É normal eu não suportar alguém tão atraente?
— Pensei que ia ficar longe de mim. — Olho para ele.
— Desistir é para os fracos! — Ele coloca as mãos nos bolsos. — Aquilo que eu disse ontem é verdade, Rachel.
— E porquê você estava olhando para ela ontem? — Cruzo os braços esperando o que ele vai dizer.
— Desde quando olhar para ela é algum crime? — O desgraçado está vindo...
— Não quero brigar!
— Eu também não quero brigar!
— Porquê você não sai da minha frente e...
Ele me agarra e me beija contra a parede. Não devíamos fazer isso aqui ou em qualquer outro lugar, mas o meu outro "eu" puxa ele mais para mim. E brinca com o seu cabelo sedoso.
Não estou nem reconhecendo de onde vem essa vontade de beijar essa boca. É como se estivesse correndo atrás do proibido.
Então, o desgraçado se afasta me fazendo protestar interiormente. E o pior é que ele está com um sorriso de filho da puta!
— Estou perdoado? — Pergunta como se as coisas fossem fáceis.
— O quê? — Estou um pouco tonta, tentando entender tudo.
— A gente devia recomeçar.
— Porquê você não me deixa em paz? — Além de ser um desgraçado, é um grande chato.
— Porque eu não quero.
— Ontem desligou o celular na minha cara! — Empurro ele.
— Desculpa! Eu estava com raiva.
— Eu preciso ir! — Tento, mas ele não me deixa passar.
Ele deve achar que estou gostando desses joguinhos, só pode. Mas não tem graça. Tudo que eu quero é que esse desgraçado suma da minha vida.
— Podemos sair depois das aulas? Prometo que vou me comportar. — Ele segura a minha mão.
— Shane, eu não quero.
— Por favor! Você não vai se arrepender.
— Porquê eu faria isso?
— Porque eu não aceito um não como resposta.
— Eu tenho coisas para fazer. — Minto. Na verdade, não tenho nada. Vou ficar no sofá vendo um filme qualquer.
— Ao menos, almoça comigo.
— Você não desiste, não é?
— Claro que não. Se o meu pai tivesse desistido da minha mãe, eu não existiria. É por isso que sou assim.
— Porquê desistiu da Blaire?
— Não podia insistir em algo que não tinha futuro. — Ele responde secamente.
— E você acha que a gente tem futuro?
— Podemos ir? Estou com fome.
Ele me leva consigo. Ele não gosta de responder as perguntas mais importantes. Gostaria de entender porquê.
— Você não respondeu a minha pergunta. — Paro.
— Não importa.
— Responda e eu saio com você. — Céus! Porquê eu disse isso?
— Estamos negociando? — Ele sorri e morde o lábio. E para piorar tudo, tira os óculos.
— Se você quiser!
— Está bem. Penso que a resposta a essa pergunta é bastante óbvia, pequena. Eu insisto porque eu sei que você gosta de mim mesmo que por um pouquinho. E se mostrar para você o que posso oferecer, quem sabe não se apaixona por mim.
— Senhor não santinho não é indicado para você. Devia chamar você de diabinho.
— Me chama como você quiser. — Ele me leva com ele.
Sua mão prende a minha de um jeito que não consigo soltar. Cada dia que passa, eu acho esse garoto uma grande desgraça para mim.
Almoçamos juntos sem ninguém para interromper, infelizmente. E Shane, mais uma vez, finge que é meu namorado.
Depois da última aula, vou procurar Daise, mas não a encontro. Talvez porque deve estar com o Darwin. Esse Darwin não consegue ficar um segundo só longe dela? Por favor!
Caminho para a saída e para a minha sorte, eu vejo a minha liberdade. Acho que vou chamar ele assim, pois sei que Liam Lambert é um dos pontos fracos do Jacob. Ele e a mãe dele.
Vou até ele como se não quisesse nada. Se ele soubesse o que está passando na minha cabeça! Se eu estivesse sozinha com ele, só ia precisar do meu carro e de alguma coisa para deixar ele inconsciente.
— Oi! — Dou um sorriso amigável.
— Rachel, não é? — Ele olha para mim. É estranho, mas os olhos dele são parecidos com os meus.
— Acertou. Então, como vão as coisas?
— Felizmente vai tudo bem. E com você? — Ele cruza os braços.
— Ótimas! — Olho para os meus pés. — Você é amigo do Shane?
— Eu não diria amigo. Só o suporto porque ele é amigo da minha esposa.
— Claro! Sei que ele e a Blaire tiveram algo.
— Sim.
Como é que eu faço para a gente estar sozinhos? Ainda não temos intimidade para eu convidar ele para sair. Claro que não!
Silêncio.
Ficamos em silêncio até que a Blaire finalmente sai da sala de aulas. Ela sorri, mas o sorriso é substituído por um rosto ciumento e desconfiado.
— O que você está fazendo aqui, Rachel? — Ela pergunta com um tom rude.
— Moreninha! — Liam puxa ela para o seu lado. — A gente estava conversando.
— Sobre o quê? — Ela estreita os olhos para mim. Que ciumenta!
— Nada de mais. Eu vou procurar a minha amiga. A gente se vê por aí! — Me afasto deles o quanto antes. Já deu para perceber que Blaire vai ser um problema para mim.
Mas tudo a seu tempo. Só tenho que fazer com que ela confie em mim também.
Encontro Daise no campus com o seu querido namorado. Ele sussurra coisas no ouvido dela, e ela ri bastante. Tenho a certeza que estão namorando. Estão praticamente abraçados.
— Daise! — Chamo.
Ela olha para mim e sussurra alguma coisa para ele, depois vem até mim. O sorriso confirma as minhas suspeitas.
— Pensei que não viria! — Ela diz.
— Mudei de ideias. Então, o que está acontecendo entre vocês?
— A gente está namorando.
— Sério? Você é louca?
— Você pode ficar feliz por mim? Só um pouquinho. — Ela me abraça.
— Ainda não sabemos se vamos ficar aqui. Caso tenha esquecido, Vladivostok está procurando a gente.
— Você não precisa me lembrar o tempo todo. Eu sei que vamos encontrar uma solução. — Ela me solta.
— Espero que sim. Mas fico feliz por você. — Sorrio. — Eu vou sair com o Shane.
— Pensei que não gostava dele.
— Pára! Depois eu explico o que aconteceu. Agora preciso ir.
— Não precisa se preocupar. — Ela aponta atrás de mim.
Shane está vindo até mim e coloca a mão na minha cintura antes de beijar o meu rosto. Não vou negar, essas demonstrações de afeto mexem com o meu psicológico, possivelmente até com o meu coração.
— Oi, Daise!
— Oi, Shane! Cuida bem dela, está bem?
— Oh! E como vou! — E ele diz e me leva com ele. Detesto quando ele age desse jeito possessivo.
Ainda acho que estou me jogando de um precipício. Nem sei onde ele está me levando. Quando é que eu me tornei tão idiota?
Entramos no carro e colocamos os cintos. Olho para Shane, que liga os motores e segue pela estrada. Uma verdade: ele fica sexy dirigindo.
— Aonde vamos? — Pergunto.
— Para um restaurante. Estou tentando impressionar você, pequena.
— Não me chame assim. Eu não sou pequena.
Ele olha para mim de cima a baixo depois volta a olhar para a estrada. — Tem certeza?
Reviro os olhos. — Você acha bom brincar com os defeitos dos outros?
— Isso não é um defeito, amor. Eu adoro a sua altura. — Ele sorri. — Facilita em muita coisa.
— Menos para chegar em lugares altos.
— Onde você nasceu? — Ele pergunta. Do nada? E agora está sério.
Que mudança de humor!
— Em Nova Iorque. E você?
— Eu também. Temos uma coisa em comum. — Volta a sorrir.
— Se você acha! — Cruzo os braços.
— Quando é o seu aniversário?
— Porquê quer saber disso? — Pergunto.
Ele explica, mas não presto atenção porque vejo um carro passando ao nosso lado, onde um homem negro com tatuagem dos lobos negros nas mãos está dirigindo.
— Rachel! — Shane me chama e quando olho para ele, sinto uma batida no carro, como se estivessem nos empurrando. É o carro daquele homem.
Ele está tentando nos matar?
— SHANE! — Grito.
Shane tenta fugir dele, acelera e continua em frente, mas ele nos alcança e bate contra nós mais uma vez. Shane quase resolve o problema até que o homem consegue nos atingir de verdade. O nosso carro vira para o lado, depois roda duas vezes, e Shane já se encontra inconsciente. Ficamos de cabeça para baixo e eu bato com a cabeça.
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O que acharam? Muito estranho!
Vamos ver o que acontece no próximo capítulo
Beijos!
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Completamente quebrados
RomanceLivro VI História de Shane e Rachel Rachel era uma criança quando viu seu pai ser morto pelo homem que ela mais odeia: Jacob Evanovisk. O mesmo cuidou dela desde então e a integrou na sua organização do inferno. Agora Rachel está fugindo e es...
