Arrependimento

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Pov Perth

Arrependimento? Eu havia mesmo ouvido essa palavra? Eu não me senti intimidado com o que ele fez, com nosso beijo. Sim, nosso. Eu também correspondi e gostei de cada parte dele, apesar da vergonha que senti. Só que agora, eu não entendo porquê ele está falando dessa forma. Depois de chegar em casa e pensar loucamente nisso, resolvi que precisava conversar sobre o assunto com ele.

Eu estava particularmente magoado pela fala de P'Yatch. Não só pelo que ele disse, mas por saber que o P' tinha falado com ele sobre seus sentimentos e comigo não, ainda mais sendo algo que me envolvia tão profundamente quanto isto. Eu enviei várias mensagens dizendo que queria conversar com ele e, mesmo com meu colega tentando negar veementemente, uma hora acabou cedendo.

O P' não demorou muito pra chegar na minha casa, creio que tenha sido menos do que eu esperava. Nesse momento, pensei que talvez ele estivesse mais preocupado do que eu. Da janela, observava cada movimento dele. Desde que desceu do carro, o homem que ainda vestia um pijama estava ao lado de sua porta. Ele caminhava agitadamente para frente e para trás, fitando o chão. Ele estava indeciso sobre vir até aqui?

Geralmente, eu teria esperado uma atitude dele. Mas minha cabeça estava em um transe tão grande que simplesmente fui para fora de casa, atravessei o jardim e saí do portão em direção à ele. Eu não estava sendo capaz de aguardar.

—  P'Saint... —  Ele levantou sua cabeça e parecia surpreso. Provavelmente nem tinha notado a minha vinda.

—  Nong, eu... —  Meu olhar estava nele, mas ele não fazia o mesmo comigo.

—  Eu não quero conversar aqui. —  Eu estava completamente sério. Ver seu rosto angustiado estava fazendo com que eu me sentisse insuficiente. Quero dizer, se ele estava arrependido, eu não havia feito corretamente? Eu nunca tinha feito isso com ninguém. Seria esperado que eu não fizesse certo. Chega, pare agora! Não é hora de você se culpar, Perth.

—  Então... —  Ele se afastou e fez sinal para que eu entrasse no carro. Eu caminhei lentamente e mesmo quando nós dois já estávamos sentados, ninguém falava nada e nem parecia que iríamos sair dali. O silêncio que pairava no ar era gritante. Mesmo sem ouvir nenhum som, fazia com que minha cabeça estivesse explodindo.

—  Bangsaen. —  Ele me olhou assustado. Eu dei um tempo e continuei. —  É isso mesmo que você entendeu. Eu quero ir para Bangsaen.

—  Mas... viajar? Essa hora? De novo? —  Ele parecia confuso. De uma certa forma, eu estava achando aquilo fofo, mas eu não podia deixar seu rosto e sua atitude me abrandar. Eu realmente havia ficado chateado.

—  P', não é tão longe assim, você sabe. Além disso, eu quero. Simplesmente me apetece estar lá agora. Mas eu posso escolher um lugar mais longe e você vai ter que me levar. —  Eu estava falando duro com ele. Não sei de onde eu tirei tanta coragem. Mas eu realmente desejava ir.

—  Não... Tudo bem. Vamos. —  Ele arrancou com o carro. Minha mente não estava preocupada com o horário, nem mesmo com algum dos empregados sentir minha falta em casa. Eu só queria me resolver com ele. Entender seus sentimentos e o que estava fazendo com que ele estivesse com esse remorso preso para si.

Nós pegamos a estrada e em menos de 1h já tínhamos chegado na província. Nenhum dos dois havia falado nada durante a ida, mas eu creio que ele já suspeitava que eu queria ir até a praia da cidade, pois foi diretamente para lá que fui levado. Quando chegamos, ele deixou seu carro numa vaga qualquer e nós caminhamos até a areia. Foi uma longa e silenciosa caminhada. Ambos estávamos nervosos, mas eu sentia que ele estava mais que eu.

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