It's Probably Love

Sentimentos

Pov Saint

—  Aqui está tudo pronto, e aí? Ai’White, acorde N’Perth. Ele não pode estar com a cara amassada para essa cena. Vamos, todo mundo em seus postos. —  Eu ouvi o diretor falando. Nós já havíamos iniciado as gravações há alguns dias, mas finalmente… não… digo… bem, chegou o dia da gravação da cena do primeiro beijo de Ae e Pete. Obviamente, eu estava nervoso com isso, assim como meu Nong.

Depois que eu havia conversado com Perth na praia, parecia que tínhamos encerrado completamente o assunto. Eu confesso que, frequentemente, pensava nisso. Principalmente durante as gravações e workshops. Eu não mentiria para mim mesmo, negando o quanto eu tinha vontade de fazer aquilo novamente, mas eu sabia que não era pertinente.

—  P’Saint! Quando você chegou? —  O menino me tirou dos meus devaneios. —  Eu estava esperando por você, mas acabei dormindo, me desculpe.

Ele abaixou seu olhar, como se estivesse envergonhado. Seria isso mesmo?

—  Já faz quase uma hora que estou aqui. Mas tudo bem. Eu imagino que você estivesse nervoso como eu. Tenho quase… Hã… 99% de certeza que você não dormiu a noite. —  Eu segurei seu pulso e ri.

—  Você acertou em cheio… Como sempre, P’. —  Oh não! Seu maldito sorriso novamente. O meu medo era que, após começar a realmente beijá-lo, eu não parasse como deveria.

—  Menos papo e mais ação! Meninos, me escutem. Vocês sabem por quê eu escolhi essa cena para ser gravada antes dos próximos beijos? —  Há quem pense que as cenas eram gravadas por ordem cronológica. Mas isso era um profundo engano. A próxima cena de contato físico que iríamos gravar, é a primeira vez do casal. Eu não entendia a fixação de P’New em querer que as “primeiras coisas” fossem as prioridades. Agora, eu pretendia assimilar, parecia que ele iria explicar. —  Simplesmente porque eu preciso do desconforto de vocês. Um garoto que nunca beijou ninguém se apaixona por outro cara, sendo que nunca sentiu isso antes. O incômodo, o desconhecimento, o desalento, tudo precisa ser nítido.

—  Meninos, quando eu escrevi essa cena, eu não pensei no Ae como um garoto comum. Ele não é. O jogador de futebol nunca conheceu esse sentimento de paixão antes, ele nunca nem mesmo se interessou por alguém. Provar seus sentimentos? É só uma desculpa. Ele tem suas necessidades como jovem, não é um assexuado. Vocês me entendem? —  Era a autora, acompanhante fiel das gravações, auxiliando o diretor, quem falava conosco.

—  Entendo. —  Eu concordei e N’Perth assentiu.

—  Apesar de que não irá ser explícito na série, ele já se masturbou algumas vezes pensando no corpo do “amigo”. —  Eu ri quando vi o Nong corando com a observação da Khun Mame. O quê havia passado na cabeça dele? — Então, ele sabe o que sente. Ou melhor, ele reconhece o que sente. Vocês conseguem me entender? É um desejo reprimido. Com 18 anos, ele nunca conheceu o amor, mas também nunca conheceu sensações carnais. E é isso que vocês precisam passar. O desejo com o descobrimento de novas sensações. É algo fofo e desnorteado, mas contém ambição também.

—  Certo. —  Meu Nong não estava muito falante hoje.

—  Será a primeira cena na qual vocês irão se beijar. Preciso que seja uma novidade para ambos. —  P'New falou. Eu e o menino nos entreolhamos. Não era a primeira vez. Mas se fosse, talvez não estivéssemos tão nervosos. Eu não sei o que a mente de N’Perth guardava, mas sei que a minha estava confusa. —  Agora, entrem no carro e façam isso acontecer conforme o que ensaiamos antes.

É verdade, tínhamos ensaiado muito, apesar de que o diretor não havia deixado que nos beijássemos para ‘manter o suspense’. Quando entramos no carro, eu puxei o cinto, pois o momento exigia isso para meu personagem. Mas eu estava realmente nervoso e, sem olhar, não consegui encaixá-lo.