Pov Saint
— As cenas de beijo me assustam, P'. Porque eu... eu... Eu nunca beijei ninguém antes.
Essa frase assolou minha mente. Além de eu me sentir responsável por ele como pessoa, agora eu também seria o primeiro beijo dele? Não que isso me preocupasse diretamente, afinal nós estaríamos atuando, mas até que ponto isso deve estar sendo remoído em sua cabeça?
— Então... É isso que esteve te incomodando desde ontem?
— Tecnicamente dizendo, sim, P'. Eu não consegui nem dormir. Aliás, eu não fui capaz de pensar em algo para te responder. Não é que não quisesse falar com você, eu queria e muito. Mas eu estava envergonhado. Eu não tenho absolutamente nenhuma experiência, como eu posso fazer isso dar certo?
— Nong, preste atenção no que eu vou te dizer. Eu imagino o quanto isso pode ser difícil para você, mas...
— Perth, como você está? Eu vim para te buscar, mas o diretor me disse que você não estava mais lá e que talvez não estivesse bem... — Uma mulher não muito alta, de longos pretos entrou de surpresa no banheiro. Por Buda, nós nunca conseguíamos falar sobre isso, eu estava começando a me irritar.
— Eu estou bem, mãe. — Ele acabou de falar em mãe? Eu levantei de imediato, tirando a toalha que repousava em seu rosto abruptamente.
— Você não trouxe seus remédios, não é mesmo? Eu já te disse, você precisa carregá-los em sua mochila. Tome. — Ela pegou alguns comprimidos e um xarope em sua bolsa, que eu fiz questão de olhar quais eram, entregou para ele e olhou para mim. O olhar dela era muito semelhante com o dele quando queria algo. Olhando assim, o menino realmente era parecido com ela. Mas... o que ela queria? — Você pode me dizer onde eu consigo pegar água?
— Oh, claro... Eu pego. — Fui para o refeitório interno e peguei uma garrafa para ele. Quando eu voltei, ouvi que ele estava sendo repreendido pela mãe.
— Você sabe o quanto é perigoso para você sem os remédios, não? Seu sistema respiratório é mais fraco, tu estás ciente disso. Precisa tomar cuidado. Eles têm de serem tomados todos os dias.
— Desculpe, sim, mãe? — Pela voz que ele fez, eu já podia imaginar o seu rosto sorridente, levemente inclinado para o lado dela com um olhar tão mélico que era capaz de desarmar um exército inteiro. Não me contive e entrei. Eu realmente queria ver isso.
— Oh, aqui está a água. — Eu entreguei para ela. Quando me virei para olhá-lo, o garoto estava exatamente como eu tinha imaginado. — Pegue, tome seus remédios. A partir de agora, eu quero que você preste mais atenção nisso. Se eu souber que você saiu sem eles novamente, eu não responderei por mim. Vamos, vou te levar para casa.
Bom, pelo que pude entender, ele não precisaria mais de mim. A mãe dele foi muito simpática comigo e tomou o tempo necessário para me agradecer. Eu não precisava ser agraciado, eu faria aquilo de qualquer forma, eu queria fazer. Embora eu não desejasse conhecê-la dessa maneira, pelo pouco que conversei com ela, pude observar de onde ele herdara sua personalidade carismática.
Eu fui pra casa sozinho, pensando nas coisas que eu queria ter falado depois do que ele me confessou. Eu me sentia na obrigação de explicar tantas coisas para o garoto, mas nada parecia estar conspirando ao nosso favor. Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos e a culpa era desse menino. Bom, não era totalmente dele, mas ele fazia grande parte disso.
Os dias foram passando e as oportunidades de conversarmos sobre isso jamais haviam voltado. Parecia que sempre que eu tentava retornar ao assunto, ou o menino fugia ou éramos atrapalhados por alguém. Eu poderia dizer que até mesmo meu cachorro já havia sido responsável por essa evasão de diálogo.
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It's Probably Love
FanficVocê nunca sabe quando sua vida estará prestes a mudar, ou quanto alguém se tornará a mudança em sua vida. Dois homens com personalidades completamente distintas se encontram em uma situação que pode mudar todo o seu futuro, sendo obrigados a trabal...