"Não Ouse Parar"

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Pov Perth

Quando coloquei minhas mãos nas costas do P', ele simplesmente não fez nada além de um som que soou como resmungo. Pois bem, ele podia resmungar o quanto quisesse. Não estou disposto a retroceder. Eu já vinha pensando naquela caixa há um tempo. Ela estava lá mas... e se eu quisesse usá-la? Enfim, sozinho eu não faria.

Confesso que esse contato direto com ele estava fazendo meu corpo todo formigar. Para não mentir, eu posso dizer que desconhecia essa sensação. Mas ela vem acompanhada de uma fervura estranha. Pensar nessa maldita caixinha não estava ajudando.

Apesar disso, estava confortável aqui. Não pretendia me mexer. Mas não era o que P'Saint pensava, pelo visto. Ele virou abruptamente, não me dando tempo nem mesmo de tirar minha mão. Eu realmente não me movimentei, como o plano inicial, mas foi apenas porque não pude fazê-lo. E nem queria, com seu rosto tão próximo ao meu como agora. Eu apenas sabia que estava.

Ele segurou um dos meus braços enquanto o outro estava imobilizado embaixo do seu corpo. Eu podia sentir sua respiração pelo ar quente que batia diretamente em meu nariz. Pelo cheiro que eu estava sentindo, com certeza ele estava respirando pela boca. A imaginação de seus lábios entreabertos em minha frente estava sendo demais para mim.

— Eu ainda estou me sentindo culpado. Por ter sido descuidado e trazido aquilo. — Oh, não sinta, P'. Sua culpa deveria ser sentida por causar minhas imaginações agora.

— Está tudo bem. Eu... não é nada. Apenas estou bem. — Era mentira.

— Escute. — Seu hálito, incrivelmente fresco e quente ao mesmo tempo, insistia em bater no meu rosto. — Deixe pra lá. Droga.

Ele estava repetindo essa palavra diversas vezes nas últimas horas. Eu estava me sentindo como uma bola de pingue-pongue. Quanto mais achava ter chegado onde queria, mais eu era devolvido ao ponto inicial.

— Tudo bem. Boa noite, P'. — Não dei-lhe tempo de responder. Eu me afastei levemente, e me virei para o lado oposto. A intenção era me afastar dos meus próprios pensamentos.

Ele não falou mais nada e nem se movimentou. Eu demorei muito tempo para dormir, mas quando consegui, foi um completo apagão. Ao acordar, obviamente estava sozinho, mas eu já esperava por isso. Peguei meu celular e tinha uma mensagem do P' dizendo que tinha ido tomar café. Isso também não me surpreendeu. Com certeza ele estava com fome... como sempre.

Nós acabamos passando a manhã inteira ensaiando a canção. Eu tinha que cantar e gostava disso, mas não é algo que domino. Talvez, se pudesse tocar, seria mais fácil. Mas isso não seria possível e eu sabia. Por isso, o P' ficou realmente me ajudando enquanto eu ensaiava. Era estranho, mas me agradava ter a companhia dele.

Durante as gravações da tarde, ele acabou ficando a maior parte do tempo na praia conosco. O P' estava dando opinião para P'New o tempo todo. E o pior, o diretor ouvia a maioria delas. Nós tivemos que regravar inúmeras cenas por causa disso. Até mesmo P'Yatch já havia reclamado com eles. Claro que eu não falaria nada, que se resolvessem sozinhos.

Quando finalmente terminamos as gravações da tarde, tivemos apenas o tempo de comermos algo antes da próxima etapa. Nessa noite, só precisávamos gravar a parte da música que não conseguimos ontem. Eu havia ensaiado com o P'Saint, mas tenho certeza que P'New faria mil mudanças antes de finalmente nos deixar ir.

Obviamente, eu não estava errado. Foram várias tomadas, trocas de câmera, posição e outros. E para piorar, não havia como colocar trilhos na areia. Por isso, qualquer tremida que algum cameraman desse, era motivo mais que suficiente para o diretor nos fazer parar e iniciar tudo de novo. Nós passamos por isso muitas e muitas vezes até finalmente estar bom para P'New.

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