"Eu Não Quero Que Você Me Solte"

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Pov Saint

Já fazia algumas semanas desde que N’Perth havia saído da sua casa. Após sua mudança para o prédio da sua agência, nós não tivemos muito tempo para conversarmos além dos sets. Certamente, por quase um mês, P'New havia o liberado de nossos compromissos nos finais de semana, até que o menino estivesse corretamente instalado.

Por estar dividindo o espaço com N’Mark, ele relatou estar tendo inúmeros problemas de organização e divisão entre os dois, o que estava lhe dando muita dor de cabeça e tirando muito tempo, principalmente porque ele não ficava muito em seu quarto  durante a semana. Claro que, diariamente, um de nós fazia questão de enviar uma mensagem ou realizar uma ligação. Isso era bom. Eu sabia que ele precisava de tempo para se adaptar a sua nova casa e não queria quebrar o seu ciclo diário.

Na grande maioria dos momentos, ele andava me parecendo estressado. Por isso, eu realmente preferia apenas estar ao seu lado para ajudá-lo. Não penso em muitas formas de fazer isso, além da que ele mais gosta, que é ganhando carinho. Embora não seja algo com o qual eu esteja muito habituado, parece ter ajudado. Ele estava realmente carente. Imagino que a distância de sua mãe, que sempre o tratou como um ‘pequeno príncipe’, esteja fazendo com que ele aja dessa forma.

Ele estava um tanto “grudento”. Creio que essa mudança repentina possa ter o afetado. Eu estava e queria permanecer ao seu lado sempre que podia. Mas depois da gravação da cena no hotel, eu havia pensado muito nele e em meus sentimentos. Isso acabava fazendo com que eu me afastasse automaticamente, mesmo sem perceber. Apesar de esperar por seus toques, cada um deles eletrizaram até mesmo os meus cabelos. Pode parecer um pouco dramático, mas eu tenho certeza que os senti arrepiar.

Embora tenhamos gravado inúmeras pequenas tomadas durante esses dias que não pudemos estar juntos por muito tempo, nenhuma se comparava com a de agora . A tão esperada cena da primeira vez, que já havia sido iniciada durante os primeiros dias da semana, estava prestes a ser encerrada. Essa sexta-feira não poderia ser mais movimentada. Obviamente, eu já tinha passado alguns constrangimentos, como precisar dizer que “eu” havia limpado para receber a Ae.

Foram inúmeras chamadas até que essa parte desse certo. Em algumas, eu ou o Nong ríamos. Em outras, o diretor insistia que eu estava vermelho demais e que não serviria para encaixar na cena daquela forma.

—  Entendo que o Ae precise descascar o camarão, mas você não tem que parecer com um da cabeça aos pés. Você está chateado, N’Pete. Não com vergonha. Pelo menos não ainda.

Foi a fala que ele usou, no mínimo umas 15 vezes, para me provocar. O que me fazia ficar ainda mais envergonhado. Essa forma de expressão não era comum nem para Pete, quem dirá para mim. Era óbvio que eu me sentiria encabulado com isso. Mas, depois de muitas tentativas, nós conseguimos, finalmente, terminá-la.

Hoje, quem estava nervoso era o Nong. Desde o meio da tarde, ele estava sentado próximo à poltrona no canto do quarto, como se estivesse preocupado. Mas, o pior de tudo é que ele estava no chão, abraçado em suas pernas, ao invés de sentar-se no sofá ao seu lado. Isso o fazia parecer ainda mais desolado. Poderia até mesmo ser engraçado. O diretor também já havia notado.

—  N’Saint, você sabe o que está acontecendo com N’Perth? Ele está tão quieto hoje.

—  Não faço ideia. Ele nem falou comigo também.

—  Desde que ele chegou, tem estado distraído e solitário. Nem mesmo N’Mark o tirou de seu mundinho. Você pode tentar descobrir o que aconteceu?

—  Eu? Como?

—  Falta algum tempo até que possamos iniciar a gravação dessa cena. Ainda temos que esperar o anoitecer. Faça com que ele saia um pouco dali. Apenas para tentar animá-lo. Vai ser difícil conseguirmos gravar algo com ele nessas condições. —  Eu assenti e fui direto na direção do garoto. De certa forma, essa ideia de nós falarmos me acalmava também.

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