Capítulo 10 Jk

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Os poucos raios solares chegam-me à face assim que abro os olhos.
O barulho dos pássaros e a certa monotonia do começo da manhã pegaria-me de imediato se não fosse os lábios entreabertos ressonando baixinho ao meu lado, Taehyung se mantém sereno, enquanto que de forma atrapalhada tento me levantar sem lhe acordar.
Namjoon aparece logo à porta, os olhos pequenos vagam pelo quarto até que o mesmo me entregue um comprimido no qual não lembro-me de fazer parte do coquetel.

— Tratamento novo, esses são para saber se os comprimidos serão bons para você, se tudo correr bem continuará tomando-os depois da cirurgia.

Encaro o remédio por um tempo, e logo meus olhos voltam-se a Taehyung, agora acho que tentar melhorar valerá a pena, mesmo que no final não tenhamos resultados positivos.
Depois de finalmente tomar, Nam estende-me a mão, mostrando-me as chaves do carro de meu pai; entendo o'que meu enfermeiro quer dizer com isso, hoje é o dia destinado apenas a nós, no qual devo ir em algum lugar divertido para tentar esvair a mente, acho que Namjoon ainda não notou que tenho pleno conhecimento que eles fazem isso sempre que começo um novo tratamento, e que de nada adianta tal ato de bondade pois acabei me acostumando, todavia não sou louco de mencionar tal coisa a eles afinal.

Saber que Taehyung terá que ficar em casa me deixa frustrado, pois queria que o mesmo pudesse me acompanhar, todavia sei que não posso pedir tal permissão ao meu pai, já que é o dia que temos para sermos família, para passarmos juntos, creio que para guardar lembranças boas.
Suspiro com tal pensamento, tratando de tentar melhorar minha expressão à medida que Nam abre a porta de forma cuidadosa.

Está tudo em ordem, as flores hoje parecem mais bonitas e coloridas, vistas da janela, meus pés traçam o caminho tão bem conhecido de descer as escadarias cumprimentando alguns empregados pelo caminho, chegando até a sala principal.
Admiro as prateleiras altas postas com garrafas de bebidas na qual nunca pude consumir, penso que se o tratamento der certo, poderei me extasiar finalmente nem que seja apenas para experimentar.

Debruço-me então sobre o batente da janela, olhando Jogin a mexer no carro, enquanto admiro também o vento batendo nas árvores.
À medida que espero meu pai aparecer, Yoongi toma a frente para fazer-me companhia, suas mãos passeiam por meus fios de cabelo.

— Porque parece tão melancólico? _Ele pergunta docemente retirando do bolso do avental um pequeno caderno que todos os empregados usam para se comunicarem comigo.

—Há vários motivos, mas acho que dessa vez é porque infelizmente não nasci normal na medida, sabe…—

Ele me analisa por minutos, como se minhas palavras o deixassem tristes de alguma forma, suas mãos deslizam para meu rosto, mantendo-o fixado ao seu próprio.

— Kookie, não diga uma coisa dessa, sabe muito bem que normalidade é relativa de cada um, então não deveria se sentir insuficiente, já conversamos sobre isso antes.

—Começarei um tratamento novo, esse tem chances de dar certo, entretanto pela primeira vez sinto que caso não der vou estar devendo algo que não poderei cumprir.—

— Quando se trata da sua saúde, Jeon, você não deve nada a ninguém a não ser a si próprio. _Ele me responde negando com a cabeça.

—M-me pro...promete uma co-coisa? _ Lhe peço, forçando-me para conseguir falar de forma natural. —Ca-caso eu vier a mo-mo-morrer, cuide do Tae.

Yoongi parece prestes a dar-me uma bronca enorme, mas consigo me livrar de tal ato quando papai aparece nas escadas, carregando consigo uma mochila, assim como um boné preto.
Encaro o jardineiro esperando sua resposta, e seus olhos cintilam de forma diferente antes do concordar de cabeça ser me entregue, sinto-me mais leve com isso.

— Vamos ir homenzinho?

Meu pai pergunta, e minha mãe logo aparece também, deixando-me surpreso, o vestido azul florido a faz parecer tão bonita e vivida que sinto meu coração quente.
Ela desce, de forma mais lenta, sorrindo para mim, e se aproximando do meu corpo pedindo para eu me curvar para beijar-me a testa.

— Irei com vocês hoje, tudo bem. _É um sussurro em meus ouvidos.

— S-sim…

Digo por fim, abraçando-a forte, porém ainda mantendo os olhos no andar acima.
Sei que deixei alguém importante dormindo em minha cama, e isso me faz sentir ansiedade na volta, pois quero voltar, quero estar nos braços de Taehyung no final do dia.

— Sei o que passa na sua cabeça. 

Minha mãe comenta quando dou-lhe o braço. Namjoon abre a porta para passarmos, e papai coloca o boné em sua cabeça, de modo a protegê-lo do sol, o enfermeiro sorri envergonhado de modo adorável.

— O-oque se pa-passa? _Pergunto a minha mãe quando ela finalmente abre a porta do carro, ajudando-me a entrar e estendendo a mão para que eu também possa ajudá-la.

— Você não quer abandonar seu Perseu.

Arregalou os olhos com suas palavras, então ela também sabe sobre Andrômeda? 
Quando vovô ainda era vivo, o mesmo comentava que eu não deveria me sentir triste, pois era mais bonito que as filhas de Nereide, ele também comentava isso com vovó, nunca entendi tais palavras até que resolvi pesquisar, descobrindo assim que tratava-se de um conto grego e que Andrômeda era considerada uma princesa filha de Cefeu, rei da Etiópia e também de Cassiopéia, o mesmo seguisse com ela se apaixonando por Perseu, filho de Zeus, quando a mesma morreu, ela foi colocada por Atena entre as constelações perto do hemisfério norte, perto de Perseu seu marido e Cassiopéia sua mãe. Por isso seu nome foi dado à maior galáxia próxima da Via Láctea.

— Co-co-como?...

— Meu pai gostava da história de Andrômeda, assim como ele contou a você também contava para mim, e dá para ver em seus olhos de via láctea meu amor, que você gosta de Taehyung.

—A-acha que posso ser An-an...Andro-andromeda dele? 

— Talvez ele se considere sendo a sua, pequeno.

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