Capítulo 18

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A ansiedade me abraça com força, me sinto estranho pois não sou chamado, já contei todos os livros enfileirados na estante desse quarto.
Suspiro baixo, passando as mãos pelos cabelos, até Namjoon finalmente me gritar do banheiro.
Entro com rapidez e a cena que encontro de alguma forma me causa uma enorme vontade de chorar.
Jungkook está sentado na cadeira de rodas, os pés calçados com suas meias habituais, os olhos concentrados no soro que pinga lentamente por seu pulso, os cabelos molhados… ele não me parece o menininho astuto de respostas rápidas que estou acostumado, aproximo-me, e seu sorriso cansado me é dado, as mãos pedem minha aproximação na qual não demoro a obedecer.
Suas jabuticabas lindas me encontram, e sua cabeça pende ao lado ao talvez notar um certo medo em meu olhar, ele volta os lumes ao enfermeiro e faz alguns movimentos com as mãos; língua de sinais.

— Ele está perguntando porque você parece triste.

Suspiro, sei que sou horrível em esconder meus sentimentos, mas não queria contar a ele o motivo da minha insegurança, na verdade, não era ao menos para existir tal motivo, meu garoto irá se recuperar… mas, porque parece que esse processo apenas o está o desgastando tanto? 
Nego a resposta e Namjoon sinaliza algo fazendo Jeon concordar com a cabeça.
Então o enfermeiro me puxa pelo braço, seu aperto é forte, ele praticamente me arremessa até a cama, e seus olhos se concentram em meu rosto.

— Se explique, porque não estou entendendo nada.

— Ele vai ficar realmente bem?

A pergunta faz Namjoon relaxar a expressão, suas mãos passam pelo cabelo escuro e seu sorriso aparece de canto, ele se agacha a minha frente, levando a destra até a minha em um movimento que faz-me lembrar Wheein.

— Você não deveria estar triste Taehyung, ele vai melhorar sim, mesmo que ainda tendo algumas crises o problema será reduzido, e Jungkook escolheu isso simplesmente porque quer melhorar. _ A voz abaixa um tom. — Jungkook escolheu fazer o tratamento porque agora vê propósitos para permanecer vivo, e isso tudo é porque você e ele estão se envolvendo.

Não o respondo, estou surpreso demais, na verdade, é uma salada de sentimentos dentro do meu peito que me faz travar enquanto o moreno apenas me encara novamente.

— Não fique triste e nem pense em ter pensamentos negativos, não pegue a bomba totalmente para você.

É quase impossível não fazer tal coisa.
Minha ansiedade anda me maltratando com todos os comentários passados sobre a visão que Jeon tem em respeito a morte, talvez me chegue a ser incômodo a aceitação das pessoas ao redor dele… sei que é algo, digamos, indiscutível, pois cada um tem um modo diferente de pensar, agir ou sentir as coisas.
Mas mesmo assim.
Ajustá-lo para essa festa não demora tanto, e sua vontade de continuar a se comunicar com o caderninho não é invalidada, Namjoon até me diz que assim pode ser melhor.

Não consigo definir uma palavra para o'que estou sentindo agora… mas há um gosto estranho sobre minha língua.
Acho que nunca cheguei a conversar contigo sobre amizades, sobre seus sonhos para um futuro próximo, sobre a banda de música que gosta de ouvir ou o questionei ao menos bobamente sobre o signo que tem… Talvez, eu não o conheça de verdade, como deveria, como seria caso estivéssemos em outro cenário.
Preciso dar um jeito nisso já que quero lhe fazer meu.

— Tae está tudo pronto, pode subir e ver como Kookie está?

Senhora Jeon pede, suas roupas são claras, os cabelos presos em um coque alto, ela analisa a mesa posta a frente, parece animada mesmo que no fundo eu veja um resquício de medo sobre os olhos castanhos.
Obedeço sua ordem.

Subo as escadas, meu caminhar segue em passos lentos pelo corredor até tocar a porta de Jungkook.
Ele está analisando a própria imagem no espelho de corpo todo, os cabelos penteados para trás, a blusa de mangas compridas azul escura e a calça preta, lindo como sempre foi.
Agora, o olhando, consigo ver quase algo semelhante ao Senhor Jeon, um homem que facilmente assumiria os negócios da família, diferente da versão que estou acostumado 
do pequeno e adorável Jeon que conheço, não consigo dizer o quão maravilhoso ele é, o corpo forte decorrente das atividades físicas, o porte elegante e a postura perfeita.
Ele é incrivelmente excitante, bonito, vivido…

As jabuticabas me encaram, refletindo minha cara de idiota apaixonado e totalmente atordoado, o sorriso aparece e aos poucos desfaleço, mesmo com esse corpo e porte de homem, os olhos brilhantes e seu sorriso de dentes branquinhos e proeminentes ainda são doces e gentis e sempre serão.
Ele indica o caderno, insinuando que posso comentar algo, e não tardo em elogiá-lo.

— Você é a coisa mais linda que já vi!

As bochechas se tornam rubras e sua letra curvilínea aparece no papel.

_Tem se olhado no espelho?_

Sorriu ainda mais idiota com o comentário e me aproximo de si, não tardando em juntar nossos lábios, Jeon mesmo que surpreso retribuí calmo, segurando meus ombros em ansiedade, agarro-lhe a cintura marcada tentando não ser tão evasivo e nem amarrotar sua roupa de festa, más o suspiro baixo que me solta ao pé do ouvido faz-me estremecer e deseja-lo ainda mais. Aprofundo nosso beijo, pressionando meu corpo ao seu, e suas mãos sobem até meu rosto, o mantendo no lugar, deixando claro que deseja continuar assim como desejo que ele continue.
Afasto-me brevemente ao escutar o pequeno despertador de cabeceira ressoando, encaro seu rosto avermelhado, os olhos semi abertos assim como os lábios.

— Eu amo você.

Digo como um segredo que permanecia guardado por tempos, os mirantes se mostram surpresos, mas eles dão lugar a uma expressão de felicidade. Jeon não podendo responder verbalmente me abraça apertado, passando a ponta do nariz por minha bochecha. Sei que ele também sente o mesmo.

— Vamos descer, você tem uma festa para estar presente.

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