Capítulo 15

107 15 62
                                    

Sinto-me feliz, e talvez essa venha a ser a primeira vez em anos que me sinto assim, ouvir Taehyung dizer me me ama ascendeu algo em meu interior que pensei nunca existir.
E agora, acho que posso dizer que conheço do sentimento mútuo.
Mesmo feliz, um resquício de medo insiste em permanecer ativo.
Sei das minhas condições, entendo até que ponto posso continuar envolvendo os outros nos meus problemas, era melhor ficar na dúvida na verdade.
Papai costuma dizer que quando se ama alguém, você simplesmente não machuca essa pessoa, entretanto, acho que ando fazendo isso com frequência, na verdade sempre fiz mesmo que inconscientemente. 

Minha família acredita fielmente que vou melhorar do dia para noite, mesmo que eu os diga que não é assim que funciona e que estou preparado para morrer.
Talvez fui hipócrita ao dizer para Taehyung que também gosto dele?

Andrômeda...

Lembro-me de vovô, dizendo que todos os sentimentos são confusos quando se está doente, e que o amor é o remédio que lhe faz permanecer querendo viver.
Taehyung tem um futuro maravilhoso a ser percorrido .
Seus olhos castanhos ainda não admiram as belezas do mundo que sempre sonhei em contemplar, suas mãos não chegaram a se afundar em sentimentos angustiantes e seu sorriso não chegou a brilhar ao saber que tudo seria uma fase.
Taehyung pode fazer isso, pois ele é inteiramente diferente de mim, ele é perfeito, mesmo que o significado da palavra perfeito seja algo irrelevante a muita gente.
Mais  sobre a perfeição de Taehyung: não há sequer uma falha quando sua voz percorre o ambiente independente de qual seja, não encontro medo em seus passos e não vejo-o sentir pavor de abrir os olhos para o amanhecer.
Mas no momento em que se declarou, notei o peso saindo de seus ombros, o olhar mais intenso e os lábios bonitos ressecados, e ao abrir minha boca para respondê-lo, também presenciei em si, o medo.

Me ajeito na bateria, concentrado nos pratos já tanto tempo esquecidos, encarando minhas mãos e sorrindo comigo mesmo, pois, há alguns segundos atrás consegui inspiração. 
Levanto-me com as pernas doloridas, sento na cama e encaro o meu próprio quarto.
Pensar que é possível não voltar para tal cômodo em algum momento da minha vida me reconforta e assusta na mesma intensidade. 

As pessoas costumavam me perguntar quando ainda criança, o'que eu sonhava em ser, não sabia oque responder naquela época, e continuo sem saber hoje também.
Enquanto lá minha preocupação era em conseguir fazer barcos de papel flutuarem na água, hoje, tento fazer minha própria vida continuar seguindo o fluxo da maré constante.
Medo sempre foi algo que mantive em escanteio, pois é difícil ter uma recaída ao saber que todos ao seu lado também podem tê-lá, sempre me busquei querendo entregar uma esperança em prol da minha condição.
Não sei ao certo se vou morrer, pois é impossível desvendar o futuro, mas agora, acho que tenho um motivo a mais para querer estar vivo.
Descobri um novo sentimento também te mata aos poucos de toda a forma.

— Kookie? 

Ouço a voz rouca passando atrás da porta, levanto-me da cama, consigo sentir minhas bochechas arderem pelo sorriso que mantive desde a declaração.
Toco a maçaneta e logo ao puxá-la encontro o rosto de Taehyung, os olhos castanhos brilhantes.

— Achei que estivesse dormindo. 

Suas palavras saem baixas e suaves, o puxo pelo braço até que seu corpo esteja dentro do quarto.
Sei que ele veio também pelas obrigações, querendo ou não Taehyung também foi destinado a cuidar da minha pessoa.
Ando até o banheiro, ele me segue calado, estando os braços para que ele me ajude a tirar a blusa e assim ele faz.
Aproximando-se com sutileza do meu corpo, Taehyung segura a lateral da minha camiseta, a puxando com cuidado, até que a peça leve não esteja mais me cobrindo. 
Seus olhos me analisam, seus dedos quentes tocam de leve meu ombro,  descendo até minha clavícula, sua mão esquerda percorre a linha da minha coluna, enquanto meus lábios permanecem entre abertos, sentindo e me permitindo conhecer os novos sentimentos que ele me proporciona.
O arrepiar, a euforia, o êxtase que é o contato de sua pele na minha.

— Você é perfeito. 

O sussurro é deixado no meu ouvido, e por agora, acredito em suas palavras.

— Sou pe-pe-perfeito pois so...sou seu.

Menciono arrancando um sorriso bonito de seus lábios, então aproximo-me, juntando minha boca na sua, sentindo a maciez e a incrível sensação de leveza.
Subo as mãos pelos fios lisos de seus cabelos, e afundo meus dedos na nuca, sentindo suas mãos me puxarem mais para perto.
Quebramos o ósculo para um abraço apertado, e finalmente eu poder me banhar.

— O-obrigado.

Digo do mais interno fundo do meu peito, e assim que as palavras saem de meus lábios os olhos de Taehyung enchem de lágrimas, que escorrem de seu rosto, o sorriso por outro lado continua emoldurado sua face, acaricio sua pele com meu polegar.

■■■■■■

Êxtase Onde histórias criam vida. Descubra agora