Capítulo 13

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Encaro-me no espelho.
Meus olhos estão fundos, meu cabelo meio oleoso, e sinto-me cansado, todavia acho que é porque não consegui dormir direito esses dias.
Jimin aconselhou-me a descansar mais, tomar um banho e fazer um skincare para melhorar minha aparência drástica, mas não sei se tenho capacidade suficiente para fazer tal coisa, estou com preguiça, mesmo ele estando correto.

Andei pensando ultimamente, qual foi a última vez que conversei com algum amigo além de Jimin ou até mesmo visitei Taeyeon? Não me lembro mesmo.
Será que estou colocando muita pressão no trabalho, no fato de estar na casa de Jeon?
Na verdade essa é a única coisa que venho pensando desde a última visita a Jungkook no hospital, quero que eles me permitam vê-lo novamente, poder cuidar de si em suas próprias condições.
Respiro fundo, começando a tirar a roupa, a blusa preta do Nirvana que ganhei de presente, lentamente a deixada na pia, analiso meu próprio tronco, estou emagrecendo… tenho um pouco de medo de começar a ficar muito ansioso a ponto de ter crises, e verdadeiramente, sinto que não falta muito para tal coisa chegar a ocorrer de fato.
Ligo o chuveiro, mas antes escuto Jimin me perguntando se está tudo bem, não respondo de imediato, o que faz o loiro entrar no recinto e me encarar.
Ele me analisa por alguns segundos, olhos julgadores, porém doces.

— Você não está bem…

Ele acaba dizendo, se aproximando e sentando-se no vaso, com os cabelos já molhados, apenas os mantenho afastados dos olhos para poder lhe encarar melhor.

— Não é inconveniente você entrar aqui justamente quando estou pelado?

Pergunto querendo que ele simplesmente se levante e vá embora! Mas ao contrário disso ele cruza os braços, negando com a cabeça, dou uma leve risada por imaginar suas palavras seguintes.

— Não há nada aí que eu já não tenha visto antes.

— Parece que estou emagrecendo?

— É isso que está te incomodando?

— Sim, além de que comecei a me sentir insuficiente em relação a nossa amizade, tipo, sei que não te dou mais atenção, sei que você anda saindo com Luhan, e que andei focado demais em Jeon, mas acho que você tem razão ao dizer que preciso olhar meus próprios problemas também.

— Taehyung, você não é insuficiente. Você está passando por um momento difícil, notar que tem outras obrigações acabam te trazendo outro foco; você trabalha, isso acabou consumindo grande parte dos seus pensamentos, gostar do garoto também, mas você só precisa descansar, se você se sente estranho de alguma forma então procure fazer pequenas coisas para melhorar, estou aqui para te ajudar.

— Obrigado._O abraço mesmo que pelado e molhado, porém ele parece não ligar para isso. — Não sei o que faria sem você.

— Iria surtar certamente.

(...)

Concentro-me no elevador, apertando o terceiro andar e entrando em seguida.
Como Jimin mencionou, preciso dar um tempo.
Então acho justo visitar alguém que gosto, uma amiga que não vejo há alguns anos.
O elevador finalmente para e caminho pelos arredores à procura do quarto 037, bato duas vezes a porta de madeira pintada em um rosa claro, para logo a garota de cabelos presos em coque me atender, os óculos redondos na face e o avental sujo de tinta me faz sorrir, continua tão bonita quanto me lembro, os olhos me percorrem desacreditados, sua palma gélida chega a minha bochecha, e logo o sorriso aparece acompanhado de seu abraço apertado.

— Não acredito nisso! Você nunca me visita.

Ela comenta ainda mantendo-me próximo, as mãos sobem aos meus fios, os acariciando para rapidamente me puxar para dentro de sua casa.

— É você, que só vai no meu barraco uma vez no ano.

— Somos iguais então garoto. _Wheein coça os olhos admiravelmente. — Tem sorvete na geladeira se quiser.

Nego, sentando-me no sofá e não demoro a ser acompanhado.
O violão anil que ela mantém desde que nos conhecemos ainda está aqui, posto ao lado direito da cristaleira, vejo também as fotografias que tiramos juntos, e sorriu com saudade dos momentos que passamos.
Ela sempre foi uma boa amiga, sincera nas palavras com o coração bondoso, ela me ajudou nas minhas primeiras crises antes mesmo de sequer saber que eram crises por ansiedade, e fui padrinho de seu casamento.

— Onde está Taemin?_ Pergunto olhando os arredores enquanto ela apenas procura algo na televisão.

— Acabou de sair, teve que resolver um desentendido com uma aluna de dança, mas ele não vai demorar. _Ela comenta acomodando-se ao meu lado. — Jimin chegou a comentar comigo seu envolvimento com um menino que tem disartria.

— Jimin comentou? _ Pergunto surpreso.

— Isso mesmo, acho interessante você estar lidando com isso, ajudando o rapaz da mesma forma que ele pode te ajudar também, é uma atitude bonita.

— Desculpe. _Peço de cabeça baixa. — Não quero te forçar a voltar no assunto da morte da sua mãe, mas não achei mais ninguém para me orientar; Jeon o rapaz que olho vê a morte de uma forma bem vinda, e isso me assusta, não apenas por ele ser jovem mais porque o amo, e a ideia de perdê-lo me dá aperto no coração, me deixa aflito, sem rumo.

— A morte é uma coisa relativa, há pessoas que lidam de maneira diferente com ela, todavia todos sabemos que não temos como fugir quando ela aparece. Todos temos medo da morte, mesmo que no fundo no nosso inconsciente, isso nos faz criaturas pensantes, pois podemos questionar milhares de hipóteses, de formas, de maneiras que ela vai acontecer. Jeon falar que não a teme faz com que ele tenha uma cabeça avançada, talvez ele verdadeiramente não tenha medo de morrer Taehyung, mas ele pode ter medo de deixar vocês.

— Quero que ele veja que há motivos bons para se ficar vivo.

— Mesmo ele vendo, não haverá como você mudar a cabeça dele, se Jeon viveu durante a vida toda honesto consigo mesmo e com o fato da morte chegar, ele continuará assim.
Não sabemos o peso que cada dor tem para cada pessoa, não sabemos de nada.

— Oque devo fazer então? _Pergunto a si, apoiando minha cabeça sobre seu colo.

— Mostrar a ele que o ama de verdade, deixar que ele veja o'que você tem de bom da vida para oferecê-lo e só assim, se ele tiver uma escolha sobre as coisas, deixar com que ele escolha sozinho, isso não significa que vai perdê-lo Tae, e quando se trata da vida de alguém não podemos resolver ela.

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