Capítulo 02

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— Não deveria estar saindo de casa?

Jimin me questiona enquanto ajeita suas coisas na mochila de trabalho.
Ja está de uniforme, e os cabelos são escondidos por um boné amarelo claro.

Acordei mais tarde, além de que a procura pelos documentos deixou-me ainda mais ansioso, então estar atrasado apenas acabou acontecendo.
Ele sabe sobre o e-mail, comentei contigo quando nos esbarramos na cozinha mais cedo, e claramente  também notou meu nervosismo, então, mesmo que tivesse suas próprias coisas para resolver, me deixou um chá de artemisia no balcão.

Agora busco na gaveta onde guardamos as contas, encontrando finalmente os documentos que restavam para a entrevista.
Sei que não serei o único procurando pela vaga, e mesmo tendo a indicação de Wendy me sinto preocupado.
Primeiro por ser muito jovem, segundo por analisar as fotos disponíveis na Internet sobre a família Jeon.

Junyan o pai, tem três filhos, um deles sendo um garoto de aproximadamente nove anos, certamente que as fotos podem estar desatualizadas, mas é mais fácil ir na cabeça que caso eles me aceitam na vaga, terei que cuidar de uma criança.
Não acho que será tão difícil já que no último estágio, antes das confusões da minha vida que aconteceram, cuidei de um garotinho que tinha problemas cardíacos, a família era mais humilde, e mesmo que o pequeno não tenha resistido, éramos apegados demais.

Por mais que eu esteja preparado para lidar novamente com outro "paciente" 
assim, ainda acredito que será desafiador.

— Achei minhas coisas agora._ Coloco tudo no envelope e vou o analisando. — Agora preciso apenas pegar o ônibus, acha que devo ir com outra camiseta?

—Ônibus?_ A questão vem preocupada e dois minutos de silêncio são o suficiente para que eu esteja incrédulo.

— Não tem hoje? 

— Estão de greve, Tae.

 Ele responde devagar, os olhos vão até o relógio de pulso.
Minhas mãos vão até meus cabelos desorganizados.
Estou lascado! 

Contava que o ônibus pudesse me levar até a residência dos Jeon, e agora tem dessas?!
Cruzo os braços andando em círculos, me sinto nervoso novamente.
Park então vai até a janela, parece buscar alguma coisa, até que sua mão se estende em um acenar descoordenado demais.

— Wendy vai levar você até lá._ Ele diz quando pega a chave da moto, me puxando pelo braço. — Anda rápido!

— Não ouvi-la dizer que pode me levar.

— Porém, também não ouviu ela dizer que não pode...

Ele pisca um dos olhos, arrumo melhor a camiseta social.
Não demora até estarmos de frente ao carro vermelho da garota, seus olhos cor de café me fitam e um sorriso pequeno ressurge.
Jimin passa algumas horas explicando minha incapacidade de lembrar que os ônibus não estão circulando.
Enquanto isso, presto atenção nas bochechas coradas da garota prestando atenção nele.
Wendy se mudou para nossa rua a poucos dias, ela faz aula de artes, e gosta de tocar piano nas sextas feiras.
Costumo ir a varanda para ouvi-la, e do quarto de Jimin conseguimos ver sua silhueta sentada próxima a um jarro de flores grandes.
Ela é bonita e educada, e nossa aproximação decorreu-se em uma segunda-feira, onde ela apareceu de pantufas rosas e pijama de bolinhas amarelas na portaria do prédio, com uma sacola de lixo, tentando identificar onde era sua lixeira pois os óculos, ela havia esquecido dentro do quarto.
Espero que não estejamos atrasando ela também, com esse negócio de pedir carona.
Contudo, seu concordar sutil aparece e um "Entre, Tae" é dito sobre a voz apavorada de Jimin que me empurra para o banco confortável, fechando a porta em seguida.

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